Jornal Folha Regional

Casos suspeitos da variante delta em MG aumentam 900% em 1 semana

A variante Delta da COVID-19 já se faz presente em Minas com 12 casos confirmados. No entanto, o informe divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta segunda-feira (23/8) indicou que 79 diagnósticos estão sendo analisados e tratados, até o momento, como prováveis. Um aumento de 887% em relação aos oito casos investigados na semana passada.

Em reunião do Comitê Extraordinário COVID-19, do governo de Minas, que aprovou a progressão da macrorregião Triângulo do Sul para a fase amarela, o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, destacou que, apesar de o estado ter apenas três casos de transmissão comunitária da Delta, a tendência era de aumento. Naquela quinta-feira (19/8), Minas investigava oito casos suspeitos.

Ao todo, 91 casos foram notificados à SES-MG, sendo que a média de idade dos infectados é de 48 anos, com variação entre 8 e 93 anos. A maioria deles é de pessoas do sexo feminino (51 casos). Dois evoluíram para óbito, sendo um de Rio Novo e outro de Uberaba.

“A SES-MG segue conduzindo a investigação dos casos, junto aos municípios, para avaliação da história clínica e epidemiológica dos pacientes e seus contatos. Diante das investigações realizadas, número de confirmações e distribuição dos casos pelo território, pode-se afirmar que existe transmissão comunitária da variante Delta no estado”, destacou a pasta.

Até o momento, as cidades que registraram casos confirmados da variante Delta em Minas foram: Itajubá (1), Juiz de Fora (1), Belo Horizonte (3), Virginópolis (1), Itabirito (1), Carangola (1), Divino (2), Montes Claros (1) e Unaí (2). Apenas dois casos de BH e um de Juiz de Fora foram importados, sendo o restante via transmissão comunitária.

Variante Delta do coronavírus tem sintomas de gripe; saiba o que observar

Alta de casos no Brasil faz médicos aumentarem a testagem de pacientes com coriza, ardência na garganta e dor de cabeça.

O nariz escorre, a cabeça dói, a garganta arranha: será que é Covid, resfriado, gripe, alergia ou sinusite? A dúvida logo preocupa quem identifica em si ou em uma pessoa próxima esses sintomas. E não é para menos, alertam médicos. O coronavírus, principalmente no começo da infecção, facilmente se confunde com esses problemas já bem conhecidos pela população e, com a chegada da variante Delta ao Brasil, a indefinição tende a ser ainda maior.

A cepa, identificada inicialmente na Índia e hoje espalhada por todos os continentes, mudou o perfil dos sintomas de parte dos pacientes, como relatam profissionais do Reino Unido e dos Estados Unidos, entre outros locais. Às observações deles se somam as de médicos do Brasil, onde a proporção de casos provocados pela Delta tem crescido nos levantamentos. Se, em junho, ela estava em 2,3% dos casos no país, em julho, já havia passado para 21,5%, segundo dados da Rede Genômica Fiocruz.

O avanço dessa linhagem do vírus, que demonstra ser mais transmissível, é notado especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em ambos os estados, a maior parte das amostras sequenciadas geneticamente ainda é da variante Gama (também chamada de P1 ou “de Manaus”), mas a fatia da Delta está aumentando nas últimas semanas.

Na cidade do Rio, no estudo mais recente, revelado no dia 3 de agosto pela Secretaria de estado da Saúde, 45% das amostras já são da Delta. No território fluminense como um todo, a cepa indiana responde por 26%. Na Grande São Paulo, de acordo com dados do Instituto Adolfo Lutz divulgados no começo do mês, a Delta aparece em 23% dos casos da região.

Coriza (nariz escorrendo, na linguagem popular), dor de cabeça e ardência na garganta têm aparecido com maior frequência entre os pacientes que testam positivo, observam médicos ouvidos pela reportagem no Rio de Janeiro e em São Paulo. Perda de olfato, perda de paladar, tosse e falta de ar, por outro lado, não são mais tão relatadas nos atendimentos das últimas semanas, observam esses profissionais.

— Essa variante parece bastante com sintomas gripais simples, então a gente tem que testar sempre o paciente. A partir do terceiro dia de sintomas, a gente já recomenda que faça o teste RT-PCR, para confirmar ou descartar essa possibilidade — conta Antonino Eduardo Neto, gerente médico do hospital Badim, no Rio de Janeiro. — Já está claro que alguns pacientes, para os quais você não pensaria com muita força em Covid no ano passado, tem que pensar agora — completa.

A mudança no perfil dos sintomas do início da doença segue o que foi observado antes na linha de frente de países em que a Delta gerou uma explosão de casos. Por isso, ela tem sido interpretada aqui como um efeito prático da entrada da variante no Brasil, ainda que não haja estudos abrangentes classificando esses sintomas e que não seja possível avaliar com que cepa cada paciente está. No país, a identificação só ocorre por amostragem, para acompanhamento da vigilância sanitária.

No Rio, a situação também é percebida no Hospital São Lucas Copacabana, conta o pneumologista Alexandre Pinto Cardoso.

— Os sintomas rinossinusais parecem mais frequentes e mais intensos do que antes — diz. — Mas quando evolui para sintomas mais graves, a forma é absolutamente a mesma — destaca.

Dificuldade para respirar, queda na saturação de oxigênio e quadros de trombose, entre outros problemas graves, continuam sendo vistos nas pessoas com maior comprometimento.

Na prática, ter sintomas mais parecidos com os de gripe ou resfriado no começo da doença não impõe um desafio ao tratamento da Covid, que continua o mesmo, afirmam os médicos, mas reforça a necessidade de certos protocolos. No Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, por exemplo, as equipes da recepção já receberam orientação para ficarem atentas aos sintomas da Delta desde a chegada do paciente à porta, evitando, na triagem, que ele se misture com outros que não apresentam esses sintomas, conta o otorrinolaringologista Arnaldo Tamiso.

E, fora do ambiente hospitalar, controlar a transmissão vira um problema maior ainda. Diante de desconfortos que não acendem um alerta tão forte, por serem considerados banais, a tendência é que as pessoas circulem mais enquanto estão contaminadas e, assim, espalhem o vírus. Por isso, a testagem deveria ser reforçada neste momento.

— Por estarmos diante de uma variante bastante contagiosa, quanto mais rápida essa identificação, melhor é o bloqueio e a redução da disseminação — alerta Isabella Albuquerque, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio, onde as queixas dos pacientes também têm mudado no começo dos quadros.

Nas últimas semanas, de meados de julho para cá, tem sido comum ainda que os pacientes até se surpreendam com o pedido para fazer teste de Covid e, na sequência, mais ainda, quando se deparam com um resultado positivo, nota o otorrinolaringologista Antonio Celso Ávila da Costa, sócio das clínicas Spot, na capital paulista.

— Eles chegam ao consultório dizendo ‘Estou só com uma sinusite ou com um resfriado, é aquilo de sempre’. Alguns querem até repetir o teste porque não acreditam [no resultado] — conta. — Ficou na percepção de muita gente que, para estar com Covid, tem que perder o olfato, o paladar, ter tosse e falta de ar — avalia.

Mudar esses conceitos é um novo desafio, assim como também reforçar a necessidade de afastamento diante de sintomas brandos.

— A gente tem que ser mais liberal para afastar as pessoas do trabalho e das atividades — conclui João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Prefeitura de Passos analisa contaminados em busca da variante delta

A Prefeitura de Passos está fazendo análises em famílias que tiveram membros contaminados pelo novo coronavírus para tentar detectar a presença da variante delta no município. O trabalho está sendo realizado pela equipe de Vigilância Genômica da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o diretor de Saúde Coletiva, Thiago Salum, está sendo feita uma preparação conjunta para detectar a entrada da variante na região e para que providências sejam tomadas o quanto antes, já que a capacidade de transmissão da delta é maior.

Salum relata que algumas famílias que tiveram membros contaminados com o coronavírus estão sendo selecionadas para que façam análise de identificação do vírus para verificar se há ou não a presença da variante delta no município. Segundo ele, também faz parte do estudo as observações epidemiológicas diárias de notificações, casos positivos, situação nas unidades de atenção primária e a movimentação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“Vamos fazer os estudos e, conforme formos encontrando grupos de pessoas contaminadas com a covid-19 nas mesmas casas e famílias, vamos fazer o levantamento. Por isso, ainda não temos a quantidade de pessoas que serão estudadas, nem mínimo ou máximo, já que temos que ter esse grupo. Independente da quantidade de pessoas necessárias e que for preciso, vamos analisar para fazer a detecção desta variante até que seja possível afirmar se ela está presente ou não em Passos”, declarou Salum.

De acordo com o diretor de Saúde Coletiva, estão sendo analisados dados das unidades de atenção primária, da UPA e da Santa Casa de Passos para a seleção dos grupos. A secretária de Saúde de Passos, Priscila Soares Corrêa Faria, afirma que estão sendo programadas capacitações das equipe de saúde para discutir o tratamento e condutas adotadas em relação à nova variante.

“A agilidade na vacinação em Passos é nosso maior objetivo com o maior número de profissionais envolvidos. Além disso, a contratação de 24 novos trabalhadores da Brigada de Enfrentamento à Covid-19 está em processo de execução pelo processo seletivo, através do edital, para auxiliar o município”, comentou Priscila.

Via Clic Folha.

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