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Cidade que ‘encolheu’ quase 20% no Sul de Minas atribui perda de moradores à mecanização do café

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Cidade que ‘encolheu’ quase 20% no Sul de Minas atribui perda de moradores à mecanização do café – Foto: reprodução

Cabo Verde (MG) foi a cidade que teve a maior queda no número de habitantes no Sul de Minas. Segundo levantamento do Censo do IBGE, nos últimos 12 anos a cidade perdeu 2.413 moradores. Uma das causas apontadas pela prefeitura para essa queda é a mecanização da cafeicultura.

A redução chegou a 17,46%. A cidade foi a que mais encolheu na região desde o último censo, tanto em números percentuais quanto em números absolutos.

O principal reflexo dessa redução, segundo a prefeitura, será no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Segundo o prefeito, a cidade pode deixar de receber até R$ 300 mil por mês com os repasses do FPM.

“Nós vamos ter essa queda da arrecadação e nós vamos ter que aprender ao longo dos próximos anos, administrar o município de acordo com aquilo que vai receber. Teve um trabalho fundamental da Confederação Nacional dos Municípios, onde já está aprovado, organizado, vai ser diluído ao longo dos próximos 10 anos esse desconto, então todo ano nós vamos ter que, o índice multiplicador que o TCU vai publicar, nós vamos ver ano a ano o que é que vai cair, mas se você hoje, nós iríamos perder em torno de R$ 300 mil por mês de arrecadação”, disse o prefeito de Cabo Verde, Cláudio Antônio Palma (MDB).

Uma das explicações para essa queda está nas lavouras de café. Até 10 anos atrás, Cabo Verde recebia até 8 mil apanhadores de café e muitos desses trabalhadores ficavam no município. Agora, com a mecanização nas plantações, a realidade é outra.

Também influencia a saída de jovens, que buscam melhores oportunidades em outras regiões, seja para estudar ou trabalhar.

“Quando a colheita era feita manualmente, a gente importava muita mão de obra de outras regiões do país, Norte de Minas, Paraná, até da Bahia, Maranhão, Alagoas e aí com a mecanização acabou não vindo e esse pessoal que vinha, muitos ficavam e hoje quase não vem e quem vem sempre retornam para a sua cidade de origem”

“Eu falo que a cidade nossa está envelhecendo, sem aposentar, porque a juventude está saindo da zona rural, indo para os grandes centros, à procura de educação, de estudar e acaba não retornando para o nosso município”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabo Verde, Reginaldo Roberto da Silva.

Cidade que ‘encolheu’ quase 20% no Sul de Minas atribui perda de moradores à mecanização do café – Foto: reprodução

Um exemplo é a Jéssica Cruz, que morava com os pais na zona rural de Cabo Verde. Em 2010, ela se mudou para Poços de Caldas para cursar fisioterapia. Desde então, não se mudou mais para a cidade natal.

“Aqui eu encontrei meu espaço de trabalho, de moradia, hoje eu tenho laços de amizade, a cidade é super acolhedora e durante o fim de semana a gente vai a Cabo Verde, a minha família, pais, marido, está tudo ali”, disse a fisioterapeuta.

Hoje ela tem uma clínica de estética em Poços de Caldas. E quem trabalha com ela é a Letícia, que também é de Cabo Verde.

“Meu esposo já trabalhava aqui, já tinha um serviço fixo, aí vim pra cá, comecei a estudar, serviço aqui também, consegui com mais facilidade na área que eu estudei”, disse a esteticista Letícia Viana.

Para tentar mudar esse cenário e quem sabe atrair mais moradores, o prefeito de Cabo Verde diz que vai investir na qualificação dos jovens.

“No ano passado nós promovemos aqui quase 60 cursos profissionalizantes, fizemos uma oficina da prefeitura para ensinar as pessoas, cursos, nós pagamos aluguel para as empresas se instalarem aqui, então tem uma série de benefícios que a gente está fazendo, procurando alternativas para que a gente possa diversificar um pouco e não faltar emprego, evitar esse êxodo”, completou o prefeito.

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