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Artista mineiro valoriza a cultura negra em pinturas de graffiti: ‘Mostro como o povo preto é bonito’

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Pintura em tele de Jardel Carvalho durante um festival de música em Divinópolis — Foto: Anna Lúcia Silva

É por meio do graffiti que o artista mineiro Jardel Carvalho quer não só valorizar espaços públicos, muitas vezes esquecidos, como também dar voz à cultura negra, celebrada na última segunda-feira (20).

Jardel – ou simplesmente Jah, seu nome artístico – afirma que o graffiti tem o poder único de chamar a atenção das pessoas onde elas mais convivem: nas ruas.

Por isso, ele usa a arte para transformar muros abandonados e cinzas em obras vibrantes que destacam a riqueza da expressão do povo negro.

“Eu aproveito essa oportunidade de levar cores para a vida das pessoas e mostrar como o povo preto é bonito, como suas expressões são marcantes”, disse.

Engenheiro em uma multinacional, Jardel começou a pintar em setembro de 2019, quando foi convidado a participar de um workshop ministrado por Edmun, um renomado graffiteiro especializado em arte tridimensional.

O encontro foi um divisor de águas e abriu portas para o engenheiro explorar o talento e a paixão pela arte de rua.

“Sempre gostei de arte, sempre desenhei, mas o graffiti para mim era algo distante. Eu via os trabalhos de outros artistas nas ruas e ficava me perguntando: ‘Como será que eles fazem tantos detalhes usando uma lata de spray?'”, compartilhou.

Obra feita em um muro em Nova Serrana — Foto: Jah/Divulgação
Obra feita em um muro em Nova Serrana — Foto: Jah/Divulgação

Foi a partir desse ponto que ele começou a treinar letras, personagens e, depois, a pintar pessoas.

“Assim que comecei a pintar pessoas logo me identifiquei com pinturas do povo preto. Gosto do contraste da luz na pele negra. As expressões e olhares transmitem informações ricas e histórias profundas, que de certa forma são nossas histórias também”.

A vontade de aprender, somada à dedicação constante em aperfeiçoar o que já sabia sobre desenhos, resultou em um trabalho com tanta qualidade que ela já tem obras espalhadas em toda a região Centro-Oeste de Minas e também fora do estado.

Para ele, a arte com o graffiti, além de uma válvula de escape, é um momento sagrado de conexão com os ancestrais e, sobretudo, com a rua.

“O graffiti é minha forma de me conectar com meu povo. Tento espalhar minha arte por onde passo, tornando os ambientes mais coloridos, mais atrativos. A arte alivia as arestas sociais e oxigena a cultura”.

Obras marcantes

Obra em Carmo do Cajuru simboliza igualdade entre os povos — Foto: Jah/Divulgação
Obra em Carmo do Cajuru simboliza igualdade entre os povos — Foto: Jah/Divulgação

Em sua cidade natal, Itaúna, Jardel é responsável por inúmeros murais que enchem de cor e vida os espaços urbanos.

O artista também marcou registro em diversos lugares nos anos de caminhada como artista: pintou um garoto negro tocando uma pick-up em Nova Serrana, deu vida ao Parque da Ilha em Divinópolis, pintou muros em Carmo do Cajuru, Lagoa da Prata e várias outras cidades da região.

Além destes trabalhos, retratou um jovem negro no muro de uma escola em Belo Horizonte, deixou sua arte em Camburi das Pedras (RJ) e em Pipa (RN).

Pintura em tela de uma personalidade de Divinópolis — Foto: Jah/Divulgação
Pintura em tela de uma personalidade de Divinópolis — Foto: Jah/Divulgação
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