
Faltando alguns dias para o carnaval, um dado específico sobre fatalidades em Minas Gerais acende um alerta para o período festivo. Em 2025, até 10 de fevereiro, foram registradas 41 mortes por afogamento no estado (sendo 30 em janeiro e 11 em fevereiro). Até o momento, quase 10% dos óbitos foram de crianças (de até 11 anos de idade) e 92,6% das vítimas eram do sexo masculino (de 41 pessoas, 38 são homens). De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), tenente Henrique Barcelos, os índices vêm sendo monitorados e a corporação já se prepara para atender ocorrências dessa natureza durante a folia.
O período carnavalesco, conforme Barcelos, exige atenção por movimentar grandes públicos em todo o estado: “Principalmente nas cidades do interior, onde o pessoal costuma buscar sítios, lagos e cachoeiras para o lazer”, menciona. No mês de janeiro, porém, os fatores observados foram outros. Quando comparamos janeiro de 2024 com o mesmo mês de 2025, houve um crescimento de quase 36% no número de fatalidades por afogamentos (de 21 para 30). “Até o meio de janeiro, identificamos que o aumento estava relacionado ao período chuvoso, com pessoas morrendo ao enfrentar as águas. Outro fator são as altas temperaturas, que incentivam a procura de locais para lazer aquático, onde costumam acontecer acidentes”, explica o tenente.
Onde ocorrem mais casos
O Triângulo Mineiro é a região mais afetada, segundo o bombeiro, concentrando 33% das mortes por afogamento em 2025. Apenas neste último fim de semana, dois jovens faleceram na mesorregional de Minas: um deles em uma represa na cidade de Perdizes (em 8/2), e outro em uma cachoeira em Frutal (em 9/2). Além deles, uma jovem de 16 anos faleceu em uma cachoeira em Serranópolis de Minas, no Norte do estado, também no dia 8, e um homem de 19 anos morreu dia 9, no Rio Pará, em Conceição do Pará, na Região Centro-Oeste do estado.
Durante o Carnaval de 2023, o estado registrou 10 vítimas de afogamento, sendo sete em lagos, lagoas ou represas e três em rios, riachos ou córregos. Todas as vítimas do sexo masculino. O tenente analisa que muito disso evidencia a tendência dos homens de assumir riscos maiores. Entre os adultos, comportamentos como o consumo de bebida alcoólica, saltos de locais elevados e brincadeiras perigosas, como as de prender a respiração, são fatores frequentes que levam aos acidentes, segundo o porta-voz do CBMMG.
Já as crianças representam 9,7% das mortes em 2025. “O principal erro, especialmente em relação ao público infantil, é a falta de supervisão. Crianças não têm a mesma percepção de risco que um adulto”, alerta o tenente, que relembrou, com pesar, um episódio do último sábado (8/2), quando dois meninos gêmeos, de um ano e quatro meses, foram encontrados boiando na piscina da casa em que viviam em Ubá (MG), na Zona da Mata.
“Até o meio de janeiro, identificamos que o aumento estava relacionado ao período chuvoso, com pessoas morrendo ao enfrentar as águas. Outro fator são as altas temperaturas, que incentivam a procura de locais para lazer aquático, onde costumam acontecer acidentes”, disse o Tenente Henrique Barcelos – Porta-voz do CBMMG.
Cuidados e recomendações
Barcelos explica que os resgates de ocorrência por afogamento são especialmente delicados devido à necessidade do bombeiro de se submeter à mesma situação arriscada da vítima: “As operações de busca e recuperação são feitas com mergulhadores e barcos, que buscam varrer as áreas onde existem pontos de enrosco, galhadas ou correnteza em círculo em que o corpo submerso pode estar preso.” Mas, com as chuvas, de acordo com Henrique Barcelos, o fluxo das águas fica mais intenso e pode movimentar os corpos a locais muito distantes: “Já encontramos vítimas a 4 km do local da tragédia”, destaca.
O porta-voz da corporação pede que a população, ao presenciar um afogamento, ligue imediatamente para o 193, permaneça atento à vítima e evite se submeter ao mesmo risco para realizar um salvamento: “Ajudar alguém afogando exige energia e preparo. Infelizmente, [com descuido] pode acabar resultando em duas mortes. O ideal é procurar um objeto e arremessar para que a pessoa boie ou seja puxada para fora da água.” Porém, segundo ele, o melhor a se fazer é cuidar da prevenção: “sempre buscar locais sinalizados e com a presença de guarda-vidas para lazer. A autoproteção é essencial”, lembra o militar.