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Turismólogo fala sobre acontecimento nos Canyons no Lago de Furnas

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Após o acidente que vitimou 10 pessoas no último sábado (8), nos Cânyons do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), diversos internautas e veículos de comunicação têm publicado fatos não verídicos do ocorrido, expondo as vítimas e aqueles que dependem do turismo local para sobreviver.

O turismólogo Wesley Anastácio de Uberlândia (MG), postou uma nota esclarecendo alguns fatos do acidente. 

Confira abaixo:

Desde o dia do acidente existem muitas postagens, desinformação, buscadores de likes e exposição sem necessidade das vítimas desse acidente.

Uma postagem minha de dois anos atrás voltou a circular nas redes sociais logo após o acidente e aí apareceram milhares de “especialistas” como sempre acontece no Brasil quando rola algum tipo de tragédia. Sem estudos, sem pesquisa, sem conhecer a fundo a situação.

Pessoal, a percepção de quem está olhando aqui é uma. De quem tá lá é outra. 

1° ponto: as embarcações estavam lá porque foram autorizadas pela Marinha. 

2° ponto: a hora do desprendimento da rocha não é o mesmo momento da cabeça d’água que as pessoas têm postado.

3° ponto: a visão de quem está debaixo do paredão não é a mesma de quem está de longe. De perto você não consegue perceber a movimentação da rocha e muito menos as pedras caindo. 

4° ponto: ali dentro o barulho da cachoeira e do vento é muito forte. Você está dentro de um Canyon, não dá para ouvir ninguém gritando, assobiando. Principalmente porque todas as embarcações botam som para os turistas. 

5° ponto: a foto da rocha com uma rachadura enorme que tem sido divulgada não é a mesma que se desprendeu, são pontos diferentes! Pontos diferentes!!!

6° ponto: a Defesa Civil emitiu um alerta sobre os grandes volumes de chuva. Mas nunca deu uma advertência ou observação de qualquer movimentação de Rocha na região de Capitólio.

7° ponto: nunca na história do Mar de Minas (Lago de Furnas), houve qualquer tipo de situação parecida. Nunca houve nenhum tipo de estudo sobre essa situação. Não há e nunca houve investimentos em pesquisas sobre essas fraturas. A Geologia sempre foi deixada de lado no Brasil.

8° ponto: Nenhum ser humano em Sã consciência, quer ficar debaixo de uma rocha de várias toneladas sabendo que ela pode desmoronar!

Não é legal julgarem sem saber de fato o que aconteceu, isso é falta de respeito com aquelas pessoas. Nós todos estamos assustados com o que aconteceu, mas não estando lá! Frequentamos ali há mais de 11 anos, desde quando não existia turismo na região. Desde quando a gente nadava pelado lá nos canyons sem nenhum barco!

Nunca imaginamos que uma rocha daquela proporção pudesse se desprender. Os pilotos são vítimas, como todas as outras pessoas que estavam lá. Se estava tendo passeios é porque houve autorização do órgão competente e nesse caso a Marinha autorizou. 

Infelizmente foi uma tragédia e vários fatores contribuíram para a pedra se desprender. O tempo, a infiltração de água nas fraturas, o uso de forma irregular da parte superior, o movimento do lago. Mas não é possível afirmar nada! Até porque não somos especialistas! 

Do início ao fim do canion, as rochas dos paredões são todas fraturadas, da mesma forma na cascatinha, no vale dos tucanos, nos canyons do xingó lá no nordeste.

Nesse momento onde existem muitas informações chegando é importante a gente ter respeito e muito cuidado como julgamos e como reproduzimos as coisas, principalmente de quem não estava lá presente.

No post que fiz em 2019 não tem nenhuma observação minha sobre deslocamento ou desprendimento de rocha, até porque não sou geólogo! Sou turismólogo com bastante orgulho. Essa publicação de 2019 teve grande repercussão na época e muita coisa mudou pra melhor na região. Como a formalização dos profissionais de turismo, com a criação do posto avançado da Marinha em S. J. Da Barra, com o fortalecimento das associações do trade turístico, com a criação de programas ambientais, regularização das embarcações e cuidados com meio ambiente, com a organização das embarcações dentro dos canyons. 

Antigamente centenas de pessoas nadavam lá dentro. Se fosse naquela época o número de óbitos seria muito, muito maior. Enfim…deixem de julgar e culpar. Deixem isso pra perícia técnica. E respeitem todos aqueles envolvidos nesse triste acidente. Infelizmente no Brasil muitas vezes só depois de acidentes como esse acontecerem, pra que as autoridades se organizem. É importante que tenhamos mais seriedade em tudo que fazemos na vida, seja no hospital, na escola, no turismo, na sua casa. E tomarmos muito cuidado com qualquer tipo de julgamento que fazemos com aquilo que desconhecemos. Perdoem meu português!

Aqui deixo o meu lamento a todas as famílias e vítimas desse acidente.

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2 respostas para “Turismólogo fala sobre acontecimento nos Canyons no Lago de Furnas”

  1. Sábias palavras, meu respeito ao seu texto, primeiro que leio e tem coerência, verdades e respeito as vitimas! As pessoas destilam na internet tantas inverdades e julgamentos desnecessários! Já estive no local várias vezes, é um lugar lindo, um paraiso mesmo!! Infelizmente foi uma fatalidade da natureza, sem precedentes, uma tragédia! Meus sentimentos a todas as familias e amigos das vítimas! Muito triste 😔

  2. Compartilho do mesmo pensamento,eu e minha família tínhamos.um rancho aí nas margens da represa,frequentamos por muitos anos está área,o barulho das cachoeiras é muito intenso juntamente com som das lanchas e músicas,realmente é impossível de se ouvir qualquer fala até mesmo dos q estão próximos.
    O lugar é maravilhoso e vejo o q aconteceu como uma fatalidade,nunca imaginamos uma Rocha deste tamanho se soltando.
    Deixo aqui meus sinceros sentimentos a todas as famílias enlutadas e muita força pra vcs q vivem deste trabalho maravilhoso q fazem.
    Léa.

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