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Anvisa sobre a vacinação no Brasil em pronunciamento neste domingo

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O início (ou não) da vacinação contra o coronavírus no Brasil tem um capítulo decisivo neste domingo (17), quando a Anvisa realiza uma reunião extraordinária para decidir se autoriza duas vacinas com pedido de uso emergencial: a CoronaVac, da Sinovac e do Instituto Butantan, e a da Oxford-AstraZeneca, produzida pela Fiocruz.


Se a autorização da Agência de Vigilância Sanitária for concedida, as vacinas podem, em teoria, começar a ser aplicadas no Brasil assim que a decisão for informada oficialmente aos laboratórios.


Transmitida ao vivo pelos canais oficiais do governo, a reunião é conduzida por cinco membros da diretoria colegiada da Anvisa — todos indicados pelo presidente Jair Bolsonaro, que já declarou mais de uma vez que não pretende tomar a vacina.


Antônio Barra Torres foi confirmado como diretor-presidente da Anvisa em dezembro e é contra-almirante da Marinha. Na forças armadas, dirigiu o Centro de Perícias Médicas e o Centro Médico Assistencial. Amigo pessoal do presidente, o militar é formado em medicina e foi diagnosticado com coronavírus semanas depois de aparecer sem máscara entre manifestantes ao lado de Bolsonaro.

Cristiane Rose Jourdan Gomes é endocrinologista, trabalhou como gestora de planos de saúde da Amil por 13 anos e dirigiu o Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, entre agosto de 2019 e agosto de 2020. Já defendeu publicamente a hidroxicloroquina, medicamento cujo uso no tratamento do coronavírus não é recomendado por autoridades internacionais como a Organização Mundial da Saúde.


Alex Machado Campos é formado em direito e construiu sua carreira em cargos técnicos na Câmara dos Deputados. O principal posto antes da nomeação por Jair Bolsonaro à diretoria da Anvisa foi o de chefe de gabinete do ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta. Foi indicado ao cargo pelo centrão – grupo informal de parlamentares que costuma buscar proximidade com o governo em troca de cargos e outras benesses.


Romison Rodrigues Mota é graduado em Ciências Econômicas e especialista em Vigilância Sanitária. Ingressou na Anvisa por concurso público em 2005, onde foi Gerente de Orçamento e Finanças por cinco anos. Tornou-se Gerente Geral de Gestão Administrativa e Financeira em 2015 e foi nomeado, no ano passado, Diretor Substituto da entidade.


Meiruze Sousa Freitas é formada em Farmácia e entrou na Anvisa por concurso público em 2007, como especialista em Regulação e Vigilância Sanitária na Gerência-Geral de Medicamentos. Passou por diversos cargos, atuando como adjunta de diretor, gerente geral de Toxicologia e gerente da área de medicamentos, até ser confirmada como diretora em novembro de 2020.


O governo federal não estabeleceu uma data oficial para o início da vacinação no Brasil, mas o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tem dito que a previsão é começar a imunização na quarta-feira (20), simultaneamente em todo o país – um projeto colocado em dúvida por especialistas em imunização.

Em São Paulo, o governador João Doria havia planejado iniciar a vacinação no Estado em 25 de janeiro, mas afirmou que poderia antecipar a campanha de imunização a depender do aval da Anvisa.


A decisão é transmitida em cadeia nacional por canais oficiais do governo em um momento de alta nas infecções e mortes por covid-19 no Brasil e de caos no sistema de saúde em cidades como Manaus.

Como funciona a reunião?


A decisão sobre a liberação emergencial ou não das vacinas acontecerá por maioria simples. Assim, 3 votos serão suficientes para bloquear ou permitir os imunizantes.


A diretora Meiruze Freitas é a relatora dos dois pedidos de uso emergencial e abrirá a reunião, seguida por apresentações de análises técnicas das vacinas.

Segundo a Anvisa, as apresentações serão feitas pela área de medicamentos, que avalia os estudos clínicos e de eficácia e segurança; pela área de certificação de Boas Práticas de Fabricação, que verifica se os locais de fabricação da vacina têm condições adequadas; e pela área de monitoramento de eventos adversos, que monitora e investiga depois da vacinação se as pessoas tiveram alguma reação à vacina.


Freitas será a primeira a ler seu voto, seguida pelos outros quatro diretores.


Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, é o responsável por anunciar o resultado final.
A decisão da Diretoria Colegiada da Anvisa se refere às vacinas para as quais houve pedido formal de uso emergencial: a CoronaVac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a Oxford-AstraZeneca, cujo pedido foi feito pela Fiocruz.


Neste sábado, a Anvisa recusou um pedido de uso emergencial da vacina russa Sputnik V, produzida pelo laboratório União Química. Segundo a agência, “O pedido foi restituído à empresa por não atender os critérios mínimos, especialmente pela falta de autorização para a condução dos ensaios clínicos fase 3, a condução em andamento no país e questões relativas às boas práticas de fabricação”.


A Anvisa destaca que, por enquanto, o que está em avaliação é o uso emergencial de vacinas ainda consideradas experimentais – portanto, os imunizantes, ao serem aprovados, ainda seriam usados em “caráter temporário, até que a vacina receba o registro definitivo no país”.


Uma tentativa de trazer 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca fabricadas na Índia fracassou na sexta-feira. Com um avião fretado pronto para trazer o imunizante, o governo brasileiro esbarrou em uma negativa do governo indiano e agora aguarda uma definição sobre a compra.

O governo federal diz contar com 6 milhões de doses da CoronaVac, a serem entregues pelo Instituto Butantan. Na sexta, o governo federal cobrou a “entrega imediata” das doses.
No total, o Butantan diz já dispor de 10,8 milhões de doses da CoronaVac em solo brasileiro. “No final de março, a carga total de imunizantes disponibilizados pelo instituto é estimada em 46 milhões de doses”, diz o órgão.

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