Jornal Folha Regional

ALMG aprova aumento de repasse do ICMS à educação em 1º turno

Compartilhe:
ALMG aprova aumento de repasse do ICMS à educação em 1º turno – Foto:  Gladyston Rodrigues

Em sessão na manhã desta quarta-feira (23), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou em 1º turno o Projeto de Lei (PL) 3.902/22 por 45 votos a zero. A proposta altera as regras de distribuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a educação no estado. A principal mudança prevista na medida é o aumento do percentual do tributo destinado ao sistema educacional que passa de 2% para 10% do montante repassado aos municípios.

O PL foi aprovado na forma do substitutivo nº 3, que apresenta alterações no texto original. A proposta agora passa novamente pelas comissões de Constituição e Justiça; Educação Ciência e Tecnologia; e Fiscalização Financeira e Orçamentária antes de retornar, de forma definitiva, para o plenário em segundo turno. Neste trâmite, o texto pode sofrer novas alterações.

O ICMS é um imposto estadual, mas 25% do valor arrecadado devem ser destinados aos municípios. Atualmente, do montante endereçado às prefeituras, 2% são destinados à educação. O PL aumenta esse percentual para 10% e é uma medida para adequar o repasse em Minas ao determinado pelas regras do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais (Fundeb).

Em 2020, a Emenda à Constituição 108 estabeleceu novas regras para o repasse do Fundeb aos estados. Foi estabelecido um prazo de dois anos para a adequação à legislação, mas Minas Gerais não o fez dentro de período determinado e deixou de receber valores relativos à complementação VAAR (Valor Aluno Ano por Resultados) do fundo educacional. No ano passado, a ausência do recurso significou uma perda bilionária aos cofres mineiros.

Novos parâmetros

O substitutivo enviado a plenário após aprovação na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) reuniu pontos propostos na Comissão de Educação para determinar os parâmetros de distribuição dos recursos. Além do aumento do percentual destinado à educação, a forma como eles serão repartidos levará em consideração fatores socioeconômicos para equilibrar os investimentos entre os municípios mineiros.

Seguindo os critérios determinados no texto, de acordo com o relator João Magalhães (MDB), 540 cidades mineiras terão aumento de receita e outros 313 terão uma diminuição. Considerando as regiões do estado onde deve haver maior aumento de arrecadação, nos vales do Jequitinhonha e Mucuri o valor de ICMS per capita deve saltar de R$ 29,90 para 31,07. No Norte de Minas, a variação deve ser de R$ 33,80 para 34,47.

Os critérios para a distribuição do ICMS da educação entre os municípios incluem indicadores socioeconômicos que abordam as desigualdades raciais e entre estudantes da zona rural e urbana. Serão avaliadas também as métricas de desigualdade de acesso e permanência na educação básica entre negros e não negros. A adoção dos parâmetros foi proposta na Comissão de Educação pela deputada Macaé Evaristo (PT) e incluída no substitutivo ao texto original, de autoria de Zé Vítor (PP).

“O substitutivo 3 aprovado hoje em 1º turno incorpora aspectos bem importantes, uma preocupação com a redução das desigualdades considerando crianças estudantes do campo e da área urbana, a redução da desigualdade entre negros e não negros, das desigualdades considerando também a renda familiar. Se a gente vai ter mais investimentos para a educação é muito importante que ele sirva para estimular e valorizar o esforço dos municípios que têm trabalhado para a melhoria da qualidade e redução das desigualdades”, disse Macaé à reportagem.

Atraso

Já fora do prazo determinado, o estado agora corre contra o tempo para aprovar o projeto antes do fim de setembro e ter acesso aos recursos do Fundeb para as cidades em 2024, que pode chegar a R$ 1,4 bilhão. Seria o segundo ano consecutivo sem ter acesso à complementação do fundo.

A demora na aprovação de um projeto desta natureza foi criticada por parlamentares. Ao encaminhar o voto favorável ao PL, a deputada Beatriz Cerqueira afirmou que, em outros estados, coube ao Executivo se adequar às novas regras do Fundeb e, em Minas, o Legislativo agiu diante do que considerou uma omissão do governador Romeu Zema (Novo).

“O governo Zema tem que pagar pela sua omissão e irresponsabilidade de não ter feito a regulamentação no tempo de dois anos. Dois anos e não teve tempo de construir nada. Coube esse protagonismo à Assembleia Legislativa. E quero que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) faça a verificação das responsabilidades. O governo Zema deve aos municípios por eles não terem recebido a complementação por omissão do governo”, afirmou.

Em julho, alegando omissão legislativa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação direta de inconstitucionalidade. O procurador Augusto Aras pediu que fosse determinado um prazo para que o Legislativo votasse uma decisão que adeque o estado à legislação federal e não provoque ônus ao sistema educacional mineiro. A corte ainda não se manifestou sobre o requerimento.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.