
As armas comercializadas ilegalmente em um esquema investigado pela Polícia Federal de Minas Gerais eram repassadas a criminosos ligados ao tráfico de drogas. A informação foi repassada na manhã desta quinta-feira (26), em coletiva de imprensa. Conforme a Polícia Federal, algumas armas envolvidas nas transações são de uso restrito das forças de segurança.
As investigações já constataram a circulação de armas como pistolas calibre 9mm, pistolas .40 e fuzis calibre 5.56. Segundo o delegado Geraldo Magela, da Polícia Federal de Montes Claros — onde a operação foi desencadeada — os fuzis são armas utilizadas por instituições como o Exército e a própria Polícia Federal.
“O fuzil é uma arma de alta energia, de alto poder de transfixação (perfuração). Pode furar superfícies rígidas, pode perpassar mais de um objetivo. São armas de uso restrito”, explica o delegado, que conta também qual destinação tinham as armas adquiridas pelo grupo.
“As armas eram destinadas a pessoas que as compravam de forma ilícita, clandestina, para usar de forma sorrateira no crime relacionado a tráfico de drogas e outros que giram em torno dessa modalidade delitiva”, detalha.
As investigações apontam também que, como pagamento pelas armas, o grupo recebia dinheiro em espécie e drogas. Nas diligências realizadas nesta quinta-feira (26), inclusive, foram feitos dois termos circunstanciados de ocorrência por porte de drogas para consumo próprio.
Conforme o delegado, o grupo agia desde 2020. Os valores movimentados com o esquema ainda estão sendo apurados pelos investigadores. Na primeira fase da operação Spawnning, em setembro de 2022, 29 armas já haviam sido apreendidas. Na segunda fase, deflagrada nesta quinta-feira (26), foram apreendidas mais quatro armas, além de mais de R$ 25 mil em espécie.
Uso de laranjas e superfaturamento
O grupo utilizava “laranjas” para adquirir as armas. Segundo a Polícia Federal, essas pessoas, de forma consciente, cediam os dados para a compra legal das armas e recebiam quantias de dinheiro em troca. Nenhum ‘laranja’ foi preso, mas as investigações sobre eles continuam.
Uma vez compradas, as armas tinham numeração raspada e eram revendidas com preço acima do valor de mercado. “Eram vendidas por duas ou três vezes o valor pelo qual seriam adquiridas no mercado regular”, relata o delegado Geraldo Magela.
Nesta quinta-feira (26), foram cumpridos efetivamente seis mandados de prisão. Um ainda está em diligências. As investigações continuam para verificar outros envolvidos no esquema e, também, outros possíveis desvios de armas.
Líder condenado
Conforme a Polícia Federal, o despachante de armas que seria o líder da organização já foi condenado por crimes apurados na primeira fase da operação. Em setembro deste ano, conforme a Polícia Federal, ele foi sentenciado a mais de 12 anos de prisão.