
Em um momento em que o Congresso Nacional debate as regras para a importação de produtos ao Brasil, o Sebrae Minas lança um foco no caminho contrário: a exportação de produtos brasileiros. Hoje, as pequenas empresas são responsáveis por 40% das exportações totais do país, mas respondem por somente 0,8% do valor exportado, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Com o lançamento do programa Sebrae Exporta, nesta segunda-feira (03/06), a ideia é ampliar o número, começando por Minas Gerais.
O projeto mapeará polos e associações de empresas em diferentes graus de maturidade para exportar e, depois disso, convidará importadores de outros países para negociar diretamente com os empreendedores mineiros. O piloto é desenvolvido há oito meses em Nova Serrana, um dos maiores polos da indústria de calçados brasileiros, no Centro-Oeste de Minas. Composto em maioria por pequenos negócios, hoje o polo exporta cerca de 5% de sua produção, com vendas externas que correspondem a cerca de US$ 40 milhões por ano, segundo o Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova).
“Nossa meta é dobrar esse número em cinco anos. É um mercado que se mostra muito aberto para nós, principalmente a América do Sul e a América Latina. Praticamente 80% do que exportamos vai para a Argentina, hoje, e o objetivo é diversificar isso”, explica o presidente da entidade, Ronaldo Andrade Lacerda. Desde o segundo semestre de 2023, com a indefinição dos rumos do país vizinho devido às eleições presidenciais que deram a vitória a Javier Milei, as vendas despencaram, movimento que pode ser revertido no segundo semestre deste ano, espera o sindicato.
Entre segunda e quarta-feira (05/06), Nova Serrana recebe uma delegação de 12 importadores de cinco países — Chile, Colômbia, Espanha, Peru e Panamá. Eles serão apresentados a produtos de 45 empresas mineiras selecionadas pelo Sebrae, que, juntas, esperam movimentar R$ 4 milhões com as negociações.
Do ponto de vista dos importadores, as negociações com Minas também são interessantes, assegura o responsável pelo setor de calçados da empresa do Panamá Mays Zona Livre, que viajou ao Brasil para conhecer Nova Serrana. “Definitivamente, estamos buscando alternativas de produtos e calçados de alta qualidade para oferecer o melhor serviço para os mercados da América do Sul. No Panamá, especialmente, nós importamos produtos da China com a ideia de ‘reexportar’ para a América Latina. Mas vimos, há muito tempo, o nível dos produtos brasileiros melhorando e melhorando. Minas Gerais oferece uma das melhores opções de produção”.
Além do setor de calçados, o Sebrae Exporta buscará outros setores nos próximos passos do projeto, lista o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza Silva. “Temos um mercado do queijo, com grandes empresas, a cachaça, já trabalhamos o mercado de frutas no Jaíba, consolidado na exportação. Também estamos bastante demandados na apicultura. Em serviços, temos tecnologias e expectativa de fazer um trabalho da área de saúde de Minas para o Brasil e para o mundo”, conclui.