Jornal Folha Regional

Piumhi tem o primeiro queijo minas artesanal orgânico certificado no estado

Compartilhe:
Piumhi tem o primeiro queijo minas artesanal orgânico certificado no estado - Foto: divulgação/Nereu Jr.
Piumhi tem o primeiro queijo minas artesanal orgânico certificado no estado – Foto: divulgação/Nereu Jr.

Piumhi tem o primeiro queijo minas artesanal orgânico certificado no estado. O alimento é produzido pela queijaria Faz o Bem Orgânicos, localizada à beira do ribeirão Araras, na zona rural do município, e leva o selo Orgânico Brasil, tornando-se também o primeiro queijo canastra orgânico.

Segundo Vinícius Soares, proprietário da queijaria, a certificação para o queijo orgânico é burocrática e segue diversos parâmetros definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Não podemos nos autodeterminar produtores de orgânico. No Ministério da Agricultura tem uma portaria que descreve tudo o que pode e o que não pode ser utilizado. Para a qualificação, uma certificadora acompanha todo o processo e valida junto do ministério”, diz.

De acordo com o produtor, o que define o queijo que ele produz como orgânico é a ausência do uso de produtos químicos externos durante todo o processo de produção do alimento, desde a fertilização do capim consumido pela vaca até a capina da vegetação.

“Por exemplo, para o milho que plantamos foi utilizado o próprio esterco da vaca como adubo. Não podemos utilizar fertilizante químico. A capina é feita do modo antigo, com o cultivador passando. Não usamos veneno, como é feito no método convencional”, explica Soares.

“Não plantamos transgênicos. Inclusive, o milho que plantamos é crioulo. A nossa pastagem é integrada com agrofloresta, justamente para ter uma variedade maior de alimentos que compensem o fato de não podermos utilizar o farelo de soja que, hoje, é 100% transgênico”, completa.

Seguindo esses procedimentos, o produtor garante que não há risco de o consumidor ingerir algum resquício de antibiótico ou fertilizante, ou algo que possa contaminar o alimento.

Além disso, Soares explica que o método de produção de queijo artesanal orgânico é essencial para a diferenciação do sabor do produto em relação aos outros queijos minas artesanais.

“Um produtor que joga ureia na pastagem, como fertilizante, mata metade das bactérias que tem ali. E isso interfere no resultado do queijo que será produzido, já que as bactérias têm papel fundamental no processo”, afirma.

“A gente trabalha com as vacas com fitoterapia, homeopatia e mais vacinas do que o convencional. É um trabalho que não é fácil, principalmente por conta da parte burocrática, por isso não há muitos produtores de queijo orgânico artesanal”, completa.

Segundo Soares, a certificação da produção foi feita pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), no início de 2023.

Queijos variam de 150 gramas a 8 quilos

Os queijos produzidos por Vinícius Soares são zero lactose naturalmente, ou seja, sem a adição de enzimas que realizam a quebra do açúcar presente no leite. “Por ser feito com leite cru e fermento natural, no processo de maturação é degradado naturalmente a lactose. No industrial, é adicionado lactase para degradar. O nosso é natural”, afirma.

De acordo com o produtor, o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), campus Piumhi, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), realizou uma pesquisa com os queijos da Faz o Bem Orgânicos e foi descoberto que são necessários 10 dias de maturação para que eles se tornem zero lactose.

1º Lugar

Em novembro deste ano, a Faz o Bem venceu o 1º Concurso Regional de Queijo Casca Florida, promovido pela Emater, em São Roque de Minas. “Ficamos em primeiro lugar no meio de mestres nossos, como o queijo do Evair, do Serjão, do Pingo de Amor, da Lucilia. O nível do concurso foi realmente muito alto”, diz Vinícius.

O 2° lugar ficou com a produtora Maria Lucilha de Faria, da fazenda Pingo de Amor, de São Roque de Minas, e em 3° lugar Larissa, da Barão da Canastra, também de Piumhi. Todos associados da SerTãoBras.

A competição ocorreu cerca de cinco meses após o Governo de Minas regulamentar a identidade e qualidade para produção do queijo minas artesanal de casca florida natural. A medida foi anunciada pelo vice-governador, Mateus Simões, durante a abertura da sexta edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas Gerais, no Expominas, em Belo Horizonte.

Em setembro de 2022, a queijaria de Vinícius conquistou dois prêmios no Mundial do Queijo do Brasil, em São Paulo: medalha de prata, com queijo maturado de 30 dias, e de bronze, com queijo de 60 dias de cura.

Produção

O produtor relata que são produzidos cerca de 200 litros de leite e cerca de 20 queijos por dia. O tamanho dos queijos varia entre 8 quilos, que necessita de 90 litros de leite para produzir, e 150 gramas, que utiliza apenas um litro.

O menor, de 150 gramas, é o queijo Tardezinha, que leva esse nome por ser feito com o leite da tarde. Segundo Soares, o leite tirado das vacas no fim da tarde tem maior quantidade de sólidos (proteínas e gorduras), o que resulta em um queijo mais cremoso.

Via: Clic Folha

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.