Jornal Folha Regional

Mulher responsável por empresa de café é presa por crime contra consumidor

Uma mulher, que gerencia uma empresa de café em Uberaba (MG), foi presa em flagrante sob suspeita de crime contra o consumidor. Ela foi levada para a penitenciária local. 

Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a mulher, inicialmente foi autuada na tarde da última quinta-feira (11), por misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes para vender ou expor como puro por alto custo; crime previsto no Artigo 7, inciso III, da Lei 8.137/90.

Isso porque, anteriormente, fiscais da Vigilância Sanitária Municipal realizaram interdição cautelar e apreenderam 16 toneladas de café da empresa, após análise e notificação de equipe da Fundação Ezequiel Dias (Funed). O produto foi descartado.

“Foram constatadas condições sanitárias insatisfatórias; misturas de impurezas, como cascas e paus, para dar volume ao produto final; alvará sanitário vencido e ausência de seleção de fornecedores”, declarou nota da Vigilância Sanitária de Uberaba.

Segundo nota da Prefeitura de Uberaba, um relatório técnico está sendo elaborado pela Vigilância Sanitária Municipal com todas as infrações, e a empresa só poderá retomar as atividades após licenciamento de órgão fiscalizador.

Valor Bruto da Produção Agropecuária mineira deve alcançar recorde de R$ 131,1 bilhões em 2023

Imagem: Blog Aegro

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) mineira deve alcançar R$ 131,1 bilhões em 2023. A projeção aponta para o crescimento de 0,2% em relação ao ano anterior e foi calculada a partir do acumulado nos meses de janeiro a março. O indicador é uma estimativa da geração de renda no meio rural, realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).

Lavouras

As lavouras deverão representar 67,4% do faturamento do setor agropecuário mineiro e alcançar R$ 88,4 bilhões neste ano, com alta de 1,3%. O resultado positivo é puxado pelo crescimento do café (5,4%), da cana-de-açúcar (1,1%), da banana (17,9%), do feijão (24,7%), do tomate (4,8%), da laranja (17,3%), da mandioca (36,9%), do amendoim (44,5%), da uva (8,3%) e do arroz (3,7%). Juntos, esses produtos respondem por 61% do total das lavouras em Minas.

Café

Principal produto do segmento agrícola mineiro, o café tem o VBP estimado em R$ 30,5 bilhões, com crescimento de mais de 5% em relação ao ano anterior. Na avaliação do superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Feliciano Nogueira, um dos fatores para o bom resultado é a projeção de crescimento da safra 2023. “A previsão é de que esta safra mineira de café alcance 27,5 milhões de sacas, cerca de 7,9% superior à última”, afirma.

Já a estimativa do VBP para a cana-de-açúcar é de R$ 12,3 bilhões, 1,1% superior à safra anterior. Segundo o IBGE, neste ano, a produção deverá crescer 2,9%, chegando ao volume aproximado de 75 milhões de toneladas.

Grãos

Em segundo lugar no segmento das lavouras, a soja deve alcançar VBP de R$ 20,8 bilhões, registrando queda de 5,5% em relação ao ano anterior. “Já foi colhida cerca de 74% da soja brasileira e a maior oferta de grãos no mercado pressiona os preços”, explica Feliciano.

Segundo o indicador Cepea/Esalq, em março, o preço médio da saca foi de R$ 162,12, 18,8% inferior ao mesmo período de 2022 e 6,07% menor do que no mês de fevereiro de 2023. Os demais produtos com estimativa de queda são milho (6,3%), batata-inglesa (4,1%), algodão (6,2%) e trigo (16,5%).

Pecuária

O VBP do segmento pecuário deve alcançar R$ 42,7 bilhões, com queda de 1,9%. Destaque entre os produtos do segmento, o leite vai registrar R$ 17 bilhões, com crescimento de 1,4% em relação ao ano passado. Esse desempenho positivo se deve à elevação dos preços, em decorrência da menor captação e oferta de leite para o mercado.

O faturamento da carne bovina está estimado em R$ 13,1 bilhões neste ano, registrando retração de 8%, motivada pela baixa dos preços. No acumulado de janeiro a março, o valor médio ficou em R$ 285,52 a arroba, apresentando queda de 16,3% em relação ao mesmo período de 2022.

Com a retomada das exportações de carne bovina para a China, os preços apresentaram melhoras na segunda quinzena de março de 2023, mas, na média acumulada do mês, ainda há desvalorização se comparados a fevereiro deste ano.

A carne suína tem previsão de acréscimo de 7,2%, alcançando uma receita de R$ 3,9 bilhões. A exportação segue favorável em relação ao volume e preço. No período de janeiro a março, foram comercializadas 4,1 mil toneladas de carne suína no exterior, com alta de 5,3% em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior. Já em relação ao valor, o aumento foi de 11,6%, registrando US$ 8,6 milhões nos três primeiros meses de 2023. 

MG cria agenda estratégica para desenvolvimento da cadeia produtiva do café

Nesta sexta-feira (14), Dia Mundial do Café,  Minas Gerais só tem a comemorar: segue com o título de maior produtor do país e a cafeicultura é símbolo da agricultura do estado. 

A área de cafezais em Minas Gerais é de 1.334.482 hectares, segundo levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG). 

Só em 2022, os cafeicultores mineiros colheram cerca de 21,6 milhões de sacas, respondendo por metade da safra nacional e 70% do café arábica produzido no Brasil. 

A produção mineira apresenta boa diversidade de sabores e aromas, devido a variações de clima, de solos, de altitude e dos sistemas de produção e de beneficiamento. Uma bebida diferenciada, que tem conquistado clientes nos mais exigentes mercados mundiais.

Diante da importância da atividade para Minas, o Governo do Estado tem trabalhado em várias ações de apoio aos cafeicultores e para a valorização do grão mineiro. 

Além de prestar assistência técnica para agricultores de todo o estado como ação estratégica e fundamental para o desenvolvimento da cadeia produtiva, a Emater-MG promove ações como o Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, o Circuito Mineiro de Cafeicultura e o programa Certifica Minas Café.

O Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais é a maior competição de qualidade de café do país. 

Criado há 19 anos, é promovido pela Emater–MG, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IF Sul de Minas) e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepe). 

“Em 2022, 1.422 amostras de café concorreram e foram submetidas a análises físicas e sensoriais, além de avaliação socioambiental na etapa final. A cada ano, temos verificado uma melhoria nos cafés finalistas, o que é comprovado por experts da área e renomados chefs de cozinha”, lembra o coordenador estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Bernardino Cangussú.

Como o objetivo da premiação é incentivar a melhoria da qualidade dos cafés produzidos no estado, a Emater-MG também busca dar retorno a todos os participantes do concurso. Após as análises das amostras concorrentes, os produtores recebem laudo que identifica em quais pontos o processo produtivo precisa ser aprimorado para melhorar a qualidade do café. 

“Acreditamos que todos os cafeicultores deveriam investir na melhoria da qualidade da bebida. É uma forma de agregar valor ao produto e melhorar a rentabilidade da atividade. Os produtores que acompanhamos e caminharam nesse sentido, hoje, têm uma vida mais confortável”, assegura Bernardino.

Ainda segundo ele, mostra dessa valorização dos cafés especiais (gourmets) é que, em 2022, os vencedores do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais comercializaram lotes com valorização de preços.

Exemplo vem de compra realizada por rede de supermercados, que adquiriu 80 sacas de cafés classificados em primeiro e segundo lugares por R$352,5 mil. O primeiro lugar teve o lote vendido a R$ 7 mil a saca, um valor 600% superior à cotação de mercado.

Outra iniciativa para agregar valor à produção mineira é o Programa Certifica Minas Café, que a Emater–MG participa em conjunto com a Seapa, IMA e Epamig. A empresa orienta os produtores na adequação das propriedades às boas práticas agrícolas em todas as fases da produção, atendendo normas reconhecidas internacionalmente. 

Ao final do processo, a propriedade passa por uma auditoria para o recebimento da certificação. “Atualmente, o Certifica Minas Café é o maior programa nacional de certificação de propriedades cafeeiras. Até o final de 2022, foram certificadas cerca de 700 propriedades e existem outros processos em andamento”, diz o coordenador da Emater.

Também o Circuito Mineiro de Cafeicultura faz parte do grupo de estratégias para o desenvolvimento da cadeia produtiva. 

Em 2022, foram realizadas etapas em 20 municípios do estado, que mobilizaram público superior a 7 mil participantes. 

Temas como produção de café, sustentabilidade socioeconômica e ambiental, gestão, mercados, cooperativismo, agregação de valor e novas tecnologias foram debatidos.

Além dos 20 municípios que sediaram os eventos, participantes de outras cidades e regiões estiveram presentes com caravanas mobilizadas pelos escritórios da Emater-MG e parceiros. 

“A relevância da cafeicultura em Minas não é apenas econômica. A atividade tem importante papel social, sendo fonte de emprego e renda para milhares de agricultores familiares e trabalhadores rurais. Esses eventos são importantes, pois ajudam o produtor a se manter atualizado e competitivo, num mercado que sempre apresenta grandes desafios como questões climáticas e econômicas”, explica Bernardino.

Além desses grandes projetos, a Emater–MG colocou a cafeicultura da agenda estratégica de atividades, assumindo o compromisso de promover a atividade com sustentabilidade. 

Em 2022, foram atendidos 49.260 cafeicultores, além de 162 organizações ligadas ao setor. 

“O cafeicultor tem sempre desafios como os climáticos, por exemplo. Nos últimos dois anos, tivemos geada, chuva de granizo e secas. Atualmente, os preços do café estão bons, mas os custos de produção subiram muito. O trabalho de assistência técnica ajuda o cafeicultor a enfrentar melhor essas dificuldades”, argumenta Bernardino.

Vereador de MG é preso suspeito de negociar mais de uma tonelada de café furtado

Quatro homens foram presos na tarde da última quarta-feira (4) suspeitos de negociarem sacas de café furtadas de fazendas em Serra do Salitre (MG). A Polícia Militar confirmou que uma das pessoas detidas é o vereador Marconi Vieira Alcântara (PSDB), eleito em 2021.

Segundo a PM, mais de uma tonelada de café foi recuperada na ação. As sacas foram furtadas de duas fazendas em ocorrências nos meses de setembro e dezembro de 2022.

Ainda segundo a corporação, Marconi Vieira Alcântara é conhecido no meio policial e tem passagens por crimes de furto, falsidade ideológica e receptação. O g1 entrou em contato com o advogado do vereador e aguarda retorno.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou à reportagem que Marconi Vieira deu entrada nesta quinta (5) na Penitenciária de Patrocínio.

Disse ainda que ele teve uma única passagem pelo sistema prisional, de 5 a 6/3/2021, quando foi liberado por alvará de soltura concedido pela Justiça.

A reportagem também procurou a Câmara Municipal de Serra do Salitre para solicitar um posicionamento sobre o caso e espera resposta.

Carga de café foi encontrada em caminhonete

Na quarta, durante uma operação na zona rural, os policiais receberam uma denúncia anônima de que o vereador e outros suspeitos estavam vendo café furtado em uma marcenaria no Bairro Flores.

Os militares foram até o local e encontraram o café em um caminhonete. Abordados, o vereador e os outros três homens apresentaram versões diferentes sobre a origem do produto e foram detidos.

Os militares também procuraram as vítimas, que confirmaram que as sacas foram furtadas da propriedades delas. O café foi devolvido para os produtores.

São Sebastião do Paraíso recebe Feira Tecnológica do Café até o próximo sábado

São Sebastião do Paraíso (MG) recebe até o próximo sábado (12) a FETEC, Feira Tecnológica do Café da Região de São Sebastião do Paraíso. A feira de negócios é promovida pela Associação Comercial e Industrial da cidade em parceria com a prefeitura.

O objetivo da feira é de promover um ambiente de negócios favorável aos cafeicultores que estão atualmente na fase de trato cultural de suas lavouras. No local os produtores terão contato com produtos, tecnologias e informações sobre novidades, formas corretas de aplicação de fertilizantes e defensivos, além de novas técnicas de manejo.

A FETEC é uma oportunidade de toda a cadeia do café apresentar seus produtos e serviços aos participantes do 4º Concurso Paraíso dos Café Finos. O evento contará com a presença dos cafeicultores classificados para o concurso, produtores da região atendidos pelo programa ATeG (Programa de Atenção Técnica e Gerencial) e demais cursos promovidos pelo SENAR Minas, associados, produtores interessados, associações rurais e público em geral.

Durante os três dias de feira serão proferidas palestras com objetivo de atrair os produtores e demais interessados com conhecimento e boas práticas para a melhoria dos processos produtivos, comerciais e industriais do setor, além de shows culturais.

No local haverá espaço para expositores que apresentação seus serviços, produtos e equipamentos voltados para a cafeicultura. Toda estrutura necessária para a realização da feira será montada, de forma que a cada passo o visitante possa encontrar novidades, informação técnica, além de novidades do setor cafeeiro.

Confira a programação:

DIA 10/11 – quinta-feira

  • 9h30: Abertura Oficial;
  • Tarde: Provas da semifinal do 4º Concurso Municipal de Cafés Especiais;
  • 14h: Palestra: “Cultivares de Café – Foco na Qualidade”. Palestrante: Dr. Cesar Elias Botelho, pesquisador da EPAMIG SUL;
  • 16h: Palestra: “Processamento do Café na Pós-colheita – Cafés Especiais”. Palestrante: Dr. Denis Henrique Silva Nadaleti, pesquisador da EPAMIG SUL;
  • 18h30: Anúncio dos 20 semifinalistas do 4º Concurso Municipal de Cafés Especiais e Show Orquestra de Violeiros de Cássia.

DIA 11/11 – sexta-feira

  • 9h30: Abertura do evento;
  • 10h: Palestra: Senar Minas (Tema livre)
  • Tarde: Provas da final do 4º Concurso Municipal de Cafés Especiais;
  • 14h: Palestra: ATeG – Estratégia para uma cafeicultura lucrativa. Palestrante Lucas Paulino Silva dos Santos – Engenheiro Agrônomo – Técnico de campo do ATeG Café + Forte.
  • 16h: Palestra: “Café não é só café – Certificações, Agregação de Valor, Associações de Produtores”. Palestrante Sérgio Brás Regina – Coordenador Técnico Estadual da Emater-MG;
  • 18h30: Premiação dos Ganhadores do 4º Concurso Municipal de Cafés Especiais e Show com o grupo Paraíso em Seresta.

DIA 12/11 – sábado

  • 9h30: Abertura do evento
  • 12h: Encerramento

Via: G1.

Mulheres conquistam espaço na cafeicultura com o ‘café feminino’

Não é incomum ver mulheres nas lavouras de café, mais especificamente, trabalhando na colheita. Mas, de alguns anos para cá, elas têm conquistado espaço e voz nesse ambiente considerado masculino, assumindo o protagonismo da produção e dos negócios, desde o plantio até a venda do produto. Foi justamente pensando em conquistar igualdade de gênero e para valorizar o trabalho da mulher na produção de café, que surgiu o Café Feminino de Poço Fundo, resultado do trabalho do grupo Mulheres Organizadas Buscando Igualdade (MOBI) e da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam).

Quando o MOBI surgiu, ainda como um grupo dentro da própria cooperativa, a ideia era reunir e organizar mulheres para conquistas políticas, sociais e de igualdade de gênero, não necessariamente para produzir café. Ali, juntas, as mulheres perceberam que o café as unia, fortalecia e dava mais visibilidade ao trabalho da mulher no campo.

“Quando uma de nossas colaboradoras nos contou que nos EUA havia uma compradora que só comprava cafés produzidos por mulheres, nós pensamos que podíamos fazer isso, que tínhamos condições e acabamos enviando um container com o nosso café para lá. Aí, o presidente [da cooperativa] na época sugeriu para produzirmos um café feminino daqui, torrado e moído e a gente foi fortalecendo essa ideia. Só que no começo ele era uma linha do Café Familiar da Terra, ele fazia parte da linha, não era uma marca própria,” contou Rosângela de Souza Paiva, vice-coordenadora do Grupo MOBI e produtora de café em Poço Fundo.

Oficialmente, o café feminino foi lançado em 2013 durante a Semana Internacional do Café. A princípio, como Rosângela disse, era o Café Familiar da Terra – Orgânico Feminino. Pouco tempo depois, com o sucesso do produto, foi lançada a marca própria, um trabalho em conjunto liderado pelas mulheres do MOBI, que buscavam reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na produção de cafés.

Atualmente, são cerca de 60 mulheres produtoras de café, orgânico e também sustentável, mas ainda há várias propriedades em processo de certificação. As lavouras que produzem o café feminino não se restringem somente a Poço Fundo, mas também estão em outros municípios, como Andradas, Campestre, Campos Gerais, Caratinga, Machado, Poços de Caldas, Pouso Alegre e Silvianópolis.

Mulheres que apoiam mulheres

Para Rosângela, o café feminino é uma forma de fazer com que as mulheres também sejam protagonistas no ramo da cafeicultura. Apoio, incentivo, cursos de capacitação, troca experiências e até mesmo autoestima elevada são outros benefícios que a marca proporciona a quem faz parte dela.

“A gente costuma dizer que o café feminino é mais do que um café, ele é um projeto, ele é sonho, ele é autoestima, a mulher tem um grupo que apoia, que traz igualdade, desenvolvimento. É mais do que um grupo de apoio, é uma forma de eu ver na outra o que eu já passei, sentir o que a outra já sentiu, porque eu também já tive dificuldade. É entender o outro e se colocar no lugar do outro,” disse.

Dentro do que o MOBI construiu, Rosângela comenta que o café feminino trabalha pela inclusão e não pela exclusão.

“Na nossa metodologia, temos a pontuação, a avaliação. A lavoura é visitada e se a pontuação for baixa, ela é orientada no que pode melhorar. A gente não vai excluir. Por exemplo, se a mulher tem criança pequena e não pode participar da reunião, a gente apoia, pensa em meios para que ela possa participar, é uma fase da vida dela. Eu tenho três filhos, conheço a realidade da agricultora,” declarou.

Selo de Certificação

O café feminino é do tipo especial, orgânico e sustentável, com notas de chocolate, nozes e avelã e pontuação média de 80 a 84 pontos. Para receber o selo do café feminino existe uma certificação. Através de uma metodologia desenvolvida em parceria com o IF Sul de Minas, são promovidos dias de campo para que agricultores e técnicos avaliem a lavoura e pontuem de acordo com critérios preestabelecidos, como envolvimento da mulher no processo de produção, atuação administrativa e operacional e participação na cooperativa. A certificação participativa do café feminino é uma forma de promover a troca de experiências, o protagonismo e a visibilidade do trabalho da mulher no campo.

“Com essa conversa você entende se aquela mulher é operacional ou se ela é está na administração, se ela é parte do processo. Ela precisa ser parte do processo o tempo todo para ser café feminino. Se ela for, nós vamos registrar e se ela não for, nós vamos abraçá-la, conduzi-la e fazer tudo para que ela venha a ser,” destacou Rosângela.

Desde que foi lançado oficialmente, o café feminino tem conquistado cada vez mais o mercado nacional e internacional. Em 2014, foi o café servido na Copa do Mundo e em 2016, esteve também nas Olimpíadas realizadas no Rio de Janeiro. Além disso, em 2020 bateu o recorde exportando cerca de 100 mil sacas de café cru.

Mulheres na cafeicultura

Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e apresentada na Expocafé 2021, aponta que mais de 40 mil estabelecimentos agrícolas com produção de café são dirigidos por mulheres no Brasil, o que equivale a 13,2% do total de 304.500 existentes. Os números da pesquisa foram extraídos do Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já com relação à área dos estabelecimentos, a pesquisa aponta que as mulheres são responsáveis por 815 mil hectares, ou 9,1% do total. No Sudeste, são 594 mil hectares sob o comando de mulheres, sendo 65,7% localizados em Minas Gerais. Ainda de acordo com os dados apurados, as mulheres têm menos acesso a tecnologias de produção, mas nas propriedades dirigidas por mulheres existe maior equidade de gênero.

“É um espaço que já foi muito mais masculino, mas continua com os homens sendo maioria, nós mulheres precisamos tomar parte desse espaço, porque a gente tem muito para contribuir com a nossa sensibilidade, nossa força, o nosso cuidado para com o café. Se mais de 50% da nossa população é de mulheres, se nós temos mais de 50% da mão de obra rural composta por mulheres, entendemos que esse espaço de equidade é justo. Sempre falo com muito carinho e respeito, a gente não está aqui para medir forças com os homens, a gente está aqui para somar. Então, é muito prazeroso e gratificante ter esse espaço de caminhada junto,” finalizou Rosângela.

Safra de café será 38% menor em Minas neste ano devido a secas e geadas

A safra de café deve ter uma queda de 38,1% neste ano em Minas, principal Estado produtor do grão do Brasil, em relação ao ano passado. Entre os motivos estão as secas e as geadas. A conclusão é do levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado na última terça-feira (21).

Segundo o estudo, a redução em Minas representará a produção de 21,4 milhões de sacas. “Além dos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades e as geadas, que ocorreram em junho e julho”, informou a Conab, em nota.

Conforme a companhia, a bienalidade é uma das características da cultura de café e significa que em um ano a produção é maior, com maior número de frutos, o que exige da planta mais nutrientes. Em decorrência disso, no ano seguinte ela recompõe as estruturas vegetais e reservas, reduzindo a produção.

No país, a produção também deverá apresentar queda, com safra de cerca de 46,9 milhões de sacas de café beneficiado, o que representa uma diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020. Além disso, a área em produção na atualidade é estimada em 1,8 milhão de hectares, número 4,4% menor que a safra anterior.

Reflexos da geada: pó de café tem alta de 11,72%

Quase um mês após a grande geada que atingiu o Sul de Minas, os reflexos continuam aparecendo. Agora é no preço do café em pó. Segundo o Departamento de Pesquisa do Grupo Unis, em agosto, o café em pó teve alta de 11,72% em relação a julho em Varginha.

O café foi um dos produtos fortemente afetados pelas geadas, resultando em elevação das cotações e atingindo os preços médios dos seus derivados como o café em pó.

“Esse aumento foi bastante influenciado pelo fato do que o café já vinha com preços bem elevados este ano e agora a safra estava atrasada. Porém, com a chegada da geada, isso acabou atrapalhando ainda mais, houve perdas consideráveis, uma diminuição forte da oferta, que a gente já está notando nos seus derivados”, explicou o economista Pedro Portugal.

Segundo ele, mais aumentos podem chegar já que a safra do ano que vem já pode ter sido prejudicada.

“Mais aumentos podem chegar no seguinte sentido: a safra 2020/2021, que é esta que está sendo colhida agora, teve esse impacto, mas a preocupação maior dos especialistas está relacionada com a questão da safra 2021/2022, então com esse aumento que aconteceu agora e com a provável quebra da safra 2021/2022, os aumentos podem continuar”, disse o economista.

Segundo relatório da Emater-MG, a estimativa é que a geada afetou aproximadamente 156,3 mil hectares de café, o que corresponde a 17,2% da área ocupada com cafeicultura na região abrangida pelo levantamento.

Semana de baixas: Café finaliza sexta-feira com quedas acima de 400 pontos em Nova York

O mercado futuro do café arábica finalizou o pregão desta sexta-feira (18) com quedas acima dos 400 pontos na Bolsa de Nova York (ICE Future US). A semana foi marcada por quedas expressivas para o café e as valorizações chegaram a registrar baixas acima de mil pontos no início da semana.

“As previsões de chuvas benéficas nas áreas cafeeiras do Brasil geraram uma longa liquidação massiva de futuros de café pelos fundos esta semana”, destacou a análise do Barchart. Segundo a análise, a Somar Meteorologia está prevendo chuvas para o dia 21 de Setembro no sul de Minas Gerais. 

Dezembro/20 teve queda de 450 pontos, valendo 113,50 cents/lbp, maio/21 registrou baixa de 435 pontos, valendo 115,30 cents/lbp, maio/21 também teve baixa de 435 pontos, valendo 116,70 cents/lbp e julho/21 encerrou valendo 118,05 cents/lbp, também com desvalorização de 435 pontos.  

Segundo dados do Procafé, todo o estado de Minas Gerais e a Alta Mogiana/MG passam pelo período de estiagem mais severo dos últimos anos e após uma grande produção em 2020, a água é fundamental para uma boa recuperação da planta e para minimizar os impactos para a safra do que ano, que naturalmente tende a ser de ciclo baixo. 

Em Londres, o café tipo conilon também finalizou a semana com desvalorização. Novembro/20 teve queda de US$ 31 por tonelada, valendo US$ 1356, janeiro/21 teve queda de US$ 29 por tonelada, negociado por US$ 1372, março/21 teve baixa de US$ 27 por tonelada, negociado por US$ 1386 e maio/21 também registrou desvalorização de US$ 27 por tonelada, valendo US$ 1400.

Parelelo às condições do tempo no Brasil, a desvalorização do real ante ao dólar foi mais um suporte de baixa para os preços em Nova York. “As perdas no café aceleraram na tarde de sexta-feira, quando o real brasileiro caiu -2,05%, em relação ao dólar. Um real fraco incentiva as vendas de exportação pelos produtores de café do Brasil”, destacou o Barchart. 

No mercado físico, as cotações acompanharam o desempenho internacional e também recuaram, o que afastou os vendedores do mercado, conforme analisou o Conselho Nacional do Café (CNC) em sua análise semanal. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 554,16/saca e R$ 385,22/saca, registrando perdas de 6,5% e 3,4%, respectivamente.

O tipo 6 bebida dura bica corrida teve queda de 1,80% em Guaxupé/MG, estabelecendo os preços por R$ 547,00. Poços de Caldas/MG registrou baixa de 1,85%, negociado por R$ 530,00, Varginha/MG teve queda de 1,82%, valendo R$ 540,00, Varginha/MG teve baixa de 1,75%, negociado por R$ 560,00. Franca/SP teve desvalorização de 3,64%, estabelecendo os preços por R$ 530,00. Patrocínio/MG manteve a estabilidade por R$ 545,00 e Campos Gerais/MG também não registrou variações, mantendo o valor de R$ 553,00.

O tipo cereja descascado teve queda de 1,67% em Guaxupé/MG, estabelecendo os preços por R$ 590,00. Poços de Caldas/MG teve valorização de 1,75%, negociado por R$ 580,00. Patrocínio/MG manteve a estabilidade por R$ 595,00 e Campos Gerais/MG manteve o valor de R$ 613,00.

Fonte: Notícias Agrícolas

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