Jornal Folha Regional

Homem que perdeu os três filhos para o câncer morre no Dia dos Pais

Morreu no último domingo (13), Dia dos Pais, o homem que perdeu os três filhos por causa do câncer. Régis Feitosa Mota foi diagnosticado três vezes com a doença, entre 2016 e 2023, no entanto a família ainda não informou a causa oficial da morte. A família residia no Ceará.

Portador da rara síndrome hereditária Li-Fraumeni (LFS), Régis tinha três filhos que morreram em decorrência de câncer em um intervalo de quatro anos. A síndrome aumenta as chances em 90% do portador desenvolver câncer até os 70 anos de idade.

Em 2018, a filha caçula, Beatriz, 10, foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda, passou por um transplante, mas a doença retornou meses depois. Pedro, 22, morreu em 2020 devido a um tumor no cérebro. A última perda do empresário foi Anna Carolina, 25, que morreu em 2022.

Régis havia publicado, nas redes sociais, um vídeo no qual relatava a realização de exames e a espera por um transplante de medula óssea, que foi adiado devido a falta dos testes que realizou.

“Nosso guerreiro foi ao encontro dos filhos exatamente no dia dos pais. Que Deus o tenha, meu irmão! Te amamos muito!”, escreveu Rogério Feitosa Mota, irmão do corretor de imóveis, em uma rede social.

Pastor leva jovem para motel com bebê no colo, prometendo ‘cura espiritual’ em MG

Pastor leva jovem para motel com bebê no colo, prometendo ‘cura espiritual’ em MG – Foto: reprodução

O pastor de 45 anos preso após levar mulher de 23 a motel mentiu para a vítima afirmando que ia curá-la de suposto câncer usando óleo e sabonete. O homem disse que uma oração “revelou” que a vítima estava com câncer e que ele poderia fazer uma “cura espiritual”.

Segundo a polícia, o pastor levou a membra de congregação ao motel no bairro Santa Rita nessa segunda-feira (10) em Governador Valadares prometendo cura e foi preso. A mulher conseguiu fugir.

O líder religioso segundo a polícia disse que dentro do quarto explicou a jovem como seria o procedimento: passaria um óleo ungido na cabeça dela, depois ela tomaria um banho com um sabonete consagrado.

Antes de começar “a cura espiritual” o pastor contou que resolveu tomar um banho para se limpar e que ao sair do banheiro, não encontrou a jovem mais no quarto.

Ainda segundo a PM, a jovem que estava com um bebê ficou assustada e aproveitou o momento em que o pastor entrou no banheiro para fugir do motel. A mulher pediu ao marido para buscá-la, em seguida o casal procurou a polícia e contou a situação.

Trocou monte por motel

O pastor contou que marcou com a jovem para subir um monte para iniciar o procedimento, mas como a vítima estava com um bebê, ele achou melhor ir para um local mais fresco, para o conforto da criança seguindo para o motel. O líder religioso afirmou para a polícia que achou que o local era um hotel comum.

De acordo com a Polícia Militar, a vítima disse que o homem marcou o procedimento e a buscou no Vila Bretas e os dois foram em direção ao bairro Santa Rita, mas a jovem afirmou que não sabia o destino. Ainda contou que os dois entraram com o carro no local desconhecido onde o pastor estacionou e eles foram para um quarto, momento que ela percebeu que se tratava de um motel.

Pastor e vítima se conheceram em uma rede social

Durante depoimento o pastor contou que há aproximadamente 30 dias a jovem o procurou em uma rede social pedindo cesta básica, já que ele tem costume de fazer doações e depois do primeiro contato, a vítima passou a frequentar a igreja onde ele é pastor.

Mas a mulher explicou para a polícia que é membra da igreja há pouco tempo e lá conheceu o pastor da congregação. Em um dia de oração, o homem disse que teve uma visão que a vítima estava com um câncer e que ele poderia curá-la.

Prisão por violação sexual mediante fraude

Segundo a PM, depois dos esclarecimentos, o pastor foi autuado e encaminhado para a delegacia. Em seguida ele foi levado para o presídio de Governador Valadares.

Pacientes com câncer que perderam cordas vocais voltam a falar com ajuda de ‘laringe eletrônica’ em MG

Pacientes recebem laringe eletrônica no Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), em BH. — Foto: Janaína de Oliveira/ACS da Fhemig

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer de cabeça e pescoço podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica.

O equipamento foi entregue, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde (Sus) de Minas Gerais, a oito pacientes do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), em Belo Horizonte, na última terça-feira (11).

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda da laringe eletrônica.  — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig
Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda da laringe eletrônica. — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig

A laringectomia total é o procedimento cirúrgico adotado nos estágios avançados da doença e consiste na extração da laringe e das pregas vocais, o que faz com que a pessoa perca a capacidade de falar.

A recuperação da linguagem, então, só é possível por meio da laringe eletrônica. O aparelho portátil, com baterias recarregáveis, emite ondas sonoras contínuas ao encostar no pescoço e, a partir do movimento dos músculos, reproduz a voz eletronicamente.

“A laringe eletrônica permite a comunicação desses pacientes. O retorno da voz, ainda que seja eletrônica, é uma reintegração social, reintegração de vida mesmo. Cada aparelho custa cerca de R$ 2,2 mil. É um investimento relativamente pequeno aos olhos do Sus”, afirma Cláudia Fernanda Andrade, diretora assistencial do Complexo Hospitalar de Especialidades da Fhemig.

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica.  — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig
Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica. — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig

O HAC é da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e referência em oncologia. No primeiro semestre de 2023, foram feitos mais de mil atendimentos oncológicos, sendo 250 de câncer de laringe.

Prevenção

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que a cada ano são registrados cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Somente para este ano estão previstos quase oito mil novos casos de câncer de laringe no país.

O tabaco e o álcool estão entre as principais causas da doença. Quem fuma aumenta em dez vezes as chances de desenvolver a enfermidade e, quando também há ingestão de bebidas alcoólicas, a possibilidade de incidência sobe 43 vezes.

Pai recebe terceiro diagnóstico de câncer, após perder 3 filhos para a doença

Régis Feitosa Mota, 53 anos, foi diagnosticado com câncer perdeu os três filhos para a doença em um intervalo de apenas quatro anos. Sem acreditar que era uma coincidência, o economista foi atrás de respostas e descobriu que os diagnósticos estavam associados a uma síndrome rara hereditária pouco conhecida no Brasil. 

Régis é portador de uma síndrome rara hereditária chamada Li-Fraumeni (LFS). A doença é causada por uma mutação genética que aumenta a probabilidade em até 90% nas chances dos portadores desenvolverem câncer até os 70 anos.

O economista que faz tratamento com para leucemia linfóide crônica e para um linfoma não Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático. Recentemente, compartilhou em suas redes sociais que recebeu um novo diagnóstico para a doença: um mieloma múltiplo.

“Descobrimos aí mais uma doença. Já tratamos leucemia, linfoma, não Hodgkin, que estão estabilizados, mas a gente vem tratando, não estão curados. Dessa vez descobrimos um mieloma múltiplo, que atinge inclusive os ossos”, disse Régis Feitosa em um vídeo publicado na rede social.

Perda dos filhos

O drama familiar começou em 2009, quando a filha mais velha, Ana Carolina, foi diagnosticada leucemia linfoide aguda, o câncer mais comum na infância, que tem início na medula óssea. Em 2021, Ana descobriu um tumor no cérebro e morreu em novembro de 2022. 

Antes, o filho do economista, Pedro, apresentou cinco episódios de câncer e morreu em 2020 com um tumor no cérebro.

Já em 2017, a filha caçula, Beatriz, à época com 10 anos, foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda e morreu um ano depois.

Fumantes de cigarro eletrônico podem ter câncer mais cedo, aponta estudo

O uso de cigarros eletrônicos aumenta o risco de câncer e, além disso, o diagnóstico da doença ocorre quase 20 anos antes do que nos fumantes convencionais. Isso é o que sugere um estudo retrospectivo conduzido por universidades americanas a partir de informações de 154.856 pacientes coletadas entre 2015 e 2018.

A pesquisa inédita, publicada no periódico World Journal of Oncology, cruzou dados sobre o histórico de câncer e de consumo do vape (nome em inglês utilizado para o dispositivo). Com o cigarro eletrônico, o diagnóstico de câncer aconteceu em média aos 45 anos, contra 63 nos fumantes tradicionais.

Os adeptos do novo modelo também apresentaram tumores diferentes dos que costumam ser associados ao tabaco: os mais comuns foram câncer cervical, leucemia, câncer de pele e de tireoide.

Por serem relativamente novos, os dados sobre o impacto na saúde do cigarro eletrônico a longo prazo ainda são limitados. “Mas já se sabe que não são inofensivos e que também podem causar doenças como asma e enfisema pulmonar, assim como o cigarro convencional”, diz a pneumologista Luiza Helena Degani Costa, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Além disso, o uso do dispositivo pode gerar lesões agudas no pulmão e também está associado a alterações nos vasos sanguíneos, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. “Há tempos já sabemos que existem substâncias cancerígenas no vapor dos cigarros eletrônicos, substâncias que são inaladas pelo usuário. Embora esse estudo americano tenha uma série de limitações metodológicas, existe, portanto, um racional biológico para os resultados encontrados. Estamos só começando a conhecer a história natural da doença”.

Risco de retrocesso

Os cigarros eletrônicos foram anunciados como uma alternativa segura e ganharam popularidade, especialmente entre os mais jovens. Segundo os autores, este é o primeiro grande estudo populacional a apontar uma possível associação entre uso dos eletrônicos e câncer em humanos.

Nas últimas décadas, a comprovação de que o cigarro comum causa vários tipos de câncer levou a bem-sucedidas campanhas de conscientização e quedas nas taxas de tabagismo no mundo. No Brasil, medidas como educação da população, proibição do consumo e taxação reduziram drasticamente o número de fumantes nos últimos 30 anos — hoje apenas 11% dos homens e 7% das mulheres fumam.

“O consumo do vape vem aumentando e, sem conscientização, podemos colocar anos de combate ao tabagismo em risco”, alerta a especialista.

Homem perde os três filhos para o câncer por causa de síndrome hereditária

'Os meus filhos diziam que eu fui tão vítima quanto eles', diz Régis Mota.  — Foto: Arquivo pessoal via BBC

Em 2009, o economista Régis Feitosa Mota ficou abalado ao descobrir que a filha mais velha dele, Anna Carolina, na época com 12 anos, estava com leucemia linfoide aguda, o tipo de câncer mais comum entre as crianças.

Foram quase três anos até a jovem encerrar o tratamento com radioterapia e quimioterapia contra a doença. “Depois disso, ela ficou muito bem”, diz Régis, de 52 anos, à BBC News Brasil.

Mas ali era apenas o começo de uma história que marcaria para sempre aquela família de Fortaleza (CE). Em pouco mais de uma década, foram 11 diagnósticos de câncer entre Régis e os três filhos.

No último dia 19, Anna Carolina morreu em decorrência de um tumor no cérebro. Foi o terceiro filho que Régis perdeu em razão do câncer. “Em quatro anos e meio, perdi todos os meus filhos”, lamenta.

Ele perdeu a filha caçula, Beatriz, em 2018, em virtude de uma leucemia linfoide aguda. Dois anos depois, outro filho dele, Pedro, morreu em decorrência de um câncer no cérebro — anteriormente, ele já havia tratado outros tumores.

Enquanto chorava pelas mortes dos filhos, Régis ainda teve que lidar com os próprios tratamentos de saúde. Desde 2016, ele trata uma leucemia linfoide crônica. Já em 2021, ele descobriu um linfoma não Hodgkin, câncer que surge no sistema linfático (rede de pequenos vasos e gânglios que é parte dos sistemas imunológico e circulatório).

Em 2016, o economista foi diagnosticado com leucemia linfoide crônica, e em 2021, com um linfoma não Hodgkin.  — Foto: Arquivo pessoal via BBC

Os casos na família do economista foram relacionados a um problema que ele descobriu em 2016: uma síndrome hereditária chamada Li-Fraumeni (LFS), causada por uma mutação genética que aumenta significativamente o risco de câncer (saiba mais abaixo).

‘Os casos não poderiam ser coincidência’

Anna Carolina, Beatriz e Pedro durante a infância.  — Foto: Arquivo Pessoal via BBC

Antes do primeiro diagnóstico de câncer em 2009, Régis afirma que ele e os três filhos eram saudáveis e a família não tinha histórico de problemas de saúde.

Depois que Anna Carolina encerrou o tratamento contra a leucemia, passaram-se alguns anos até que o câncer voltasse a preocupar.

“O segundo diagnóstico (na família) foi em 2016, quando descobri uma leucemia linfoide crônica, após apresentar sintomas como febre, inchaço no pescoço e fraqueza”, detalha o economista.

A equipe médica informou a Régis que a doença dele costumava ter uma evolução lenta e ele poderia conviver com ela por anos. Ainda em 2016, ele começou o tratamento com quimioterapia oral.

'Em quatro anos e meio, perdi todos os meus filhos', diz Régis, lamentado a perda de Anna Carolina, Beatriz e Pedro.  — Foto: Arquivo pessoal via BBC

Também em 2016, o filho dele, Pedro, então com 17 anos, foi diagnosticado com osteossarcoma, câncer que se desenvolve no osso, na região da perna esquerda.

Os diagnósticos dele e do filho, além daquele que Anna Carolina recebera anos atrás, chamaram a atenção do economista. “Nesse momento, a gente passou a acreditar que esses três casos não poderiam ser coincidência. Nesse período decidimos que seria melhor investigar”, diz Régis.

Ele e os três filhos — Anna Carolina e Pedro eram filhos do primeiro casamento e Beatriz, do segundo — passaram por exames genéticos em São Paulo.

“Os resultados mostraram que eu tinha uma alteração genética que, lamentavelmente, passou também para os meus filhos, e que potencializa o surgimento de câncer”, conta o pai.

Segundo o economista, nenhum outro parente próximo dele ou as mães de seus filhos têm essa síndrome. “Não sabemos a origem dessa minha alteração genética, até porque meus pais não têm. O meu pai atualmente tem 85 anos e a minha mãe tem 78. São saudáveis”, explica Régis.

Para entender a alteração ao qual o economista se refere, primeiro é preciso compreender o gene TP53. A partir dele é produzida a proteína p53, que impede o crescimento de tumores. Essa proteína executa diversas funções no ciclo celular e tenta impedir a proliferação das células que têm erros — que dão origem aos tumores.

Mas para aqueles que carregam essa mutação nesse gene, há uma produção inadequada ou uma falta de produção da p53.

“Com isso, o risco para o desenvolvimento do câncer é muito maior. O risco (entre quem possui essa alteração) vai chegar a quase 20% até os 10 anos de idade e, no adulto ao longo da vida, vai chegar a quase 90%”, explica a médica geneticista Maria Isabel Achatz, que pesquisa o tema há mais de duas décadas e já publicou estudos sobre ele em revistas científicas internacionais como Frontiers in Oncology e Lancet Regional Health Americas.

Essa alteração no gene TP53 é chamada de síndrome de Li-Fraumeni, ou LFSOs estudos apontam que ela tem 50% de chance de ser passada de pai ou mãe para filho.

Segundo a especialista, o risco entre essas pessoas é aumentado para quase todos os tipos de câncer — alguns dos mais frequentes para os portadores da síndrome são os sarcomas e o câncer de mama.

Um portador dessa mutação genética pode ter somente um tumor, diversos tumores independentes ou mesmo nunca desenvolver a doença. Mas, em geral, é comum que tenham um histórico de diversos familiares que morreram de câncer.

Os casos no Brasil

Achatz e outros especialistas têm acompanhado de perto quadros de Li-Fraumeni no Brasil, já que as regiões Sul e Sudeste têm revelado uma presença maior da alteração genética do que outras partes do país e do mundo. Existe uma “variante brasileira” da síndrome, caracterizada por um tipo de mutação específica no gene TP53, a R337H.

Como mostrou a BBC News Brasil em 2018, uma hipótese de Achatz é que parte desses casos da alteração genética no Brasil tenha sido transmitida por um tropeiro no século 18.

Pedro, Anna Carolina e Régis; depois da perda da caçula, economista e seus filhos mais velhos continuaram lutando contra o câncer.  — Foto: Arquivo pessoal via BBC

Estudos já estimaram que a incidência de pessoas carregando uma alteração no gene em todo o mundo varia entre 1 a cada 5 mil pessoas a 1 a cada 20 mil. No Sul e Sudeste brasileiro, a frequência da mutação R337H é muito maior, estimada em 1 a cada 300 pessoas.

Por outro lado, pessoas com a mutação R337H têm um risco um pouco menor de desenvolver câncer ao longo da vida, de 50 a 60%, segundo um estudo publicado em agosto por Achatz e colegas. Enquanto pacientes com o tipo clássico da Li-Fraumeni têm 50% de chance de desenvolver câncer até os 30 anos, naqueles com a variante R337H, o risco é menor, de 15 a 20%.

“A gente tem todos os indícios de que essa seja uma síndrome mais moderada do que a síndrome mundial. Por que a gente tem tanta gente no Brasil (com a síndrome)? Porque ela mata menos aqui”, explica Achatz, doutora em oncologia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da unidade de oncogenética do Hospital Sírio-Libanês.

A médica alerta que, uma vez descoberto que uma pessoa tem a síndrome, outros familiares devem busca uma consulta médica para investigar se também têm a condição — o que é feito, entre outros procedimentos, através de exames e do sequenciamento (análise) do gene TP53.

Apesar da síndrome não poder ser curada, o diagnóstico permite que a saúde do paciente seja acompanhada mais de perto e traz oportunidades para que possíveis tumores sejam detectados mais precocemente. Achatz explica que o tratamento para câncer em pessoas que têm a síndrome não muda na comparação com aquelas que não têm Li-Fraumeni.

Anna Carolina, Pedro, Régis e Beatriz em hospital; família teve ao todo 11 diagnósticos de câncer.  — Foto: Arquivo pessoal via BBC

“Também é possível buscar orientação sobre como investigar a possível síndrome por meio da Rede Nacional de Câncer Hereditário (REBRACH) ou na Associação da Síndrome de Li-Fraumeni (cujo site tem uma versão em português)”, diz a médica.

No caso de Régis, os exames apontaram que ele, assim como os filhos, têm a síndrome clássica, que não é a mais comum no país e é considerada mais severa que a variante encontrada no Brasil.

As mortes dos três filhos em menos de cinco anos

Após a descoberta da síndrome, Régis e os três filhos passaram a fazer acompanhamento médico constante. Em 2017, o economista comemorava a sua recuperação e o bom resultado do tratamento de Pedro quando a filha caçula foi diagnosticada com leucemia, a mesma que Anna havia tido no passado.

Bia, como a garota era chamada, tinha 9 anos quando começou o tratamento contra a doença em São Paulo. Ela passou por um transplante de medula, no qual a mãe dela, Camila Barbosa, foi a doadora.

Em 2018, exames feitos meses após a garota encerrar o primeiro tratamento apontaram que a doença havia voltado.

“A gente achava que ela iria superar e ficar curada, como a irmã ficou quando mais nova. Mas a doença voltou muito rápido, ela não tinha mais força para outro transplante naquele momento e morreu em junho de 2018”, conta Régis.

Além da perda da caçula, o economista também acompanhava a luta do filho contra o câncer. Ao longo dos últimos anos de vida, após o primeiro tratamento, Pedro teve metástase (quando a doença se espalha para outras partes do corpo) no pulmão, na coluna torácica e na coluna lombar.

“Foram vários anos de quimioterapia. Ele foi considerado curado nessas quatro vezes. Entre um tratamento e outro, tinha uma vida normal, porque todos eram bem-sucedidos”, diz Régis. “Ele, assim como as irmãs, sempre foi muito positivo e tinha expectativas de que se curaria”, conta.

Pedro sonhava em se formar em engenharia elétrica. Ele chegou a cursar cerca de dois meses, mas logo parou em razão do tratamento de saúde.

Em 2019, Pedro descobriu um câncer no cérebro, “Dessa vez, infelizmente, ele não conseguiu se recuperar”, conta o pai. O jovem morreu em novembro de 2020, aos 22 anos.

“Ele era um rapaz com uma alma bastante evoluída. Todos eles eram muito evoluídos, totalmente tranquilos e gostavam de viver de forma alegre. Não havia tristeza ou trauma por conta do tratamento”, diz Régis.

A última perda do economista ocorreu há menos de duas semanas, quando Anna Carolina morreu após um duro tratamento contra um câncer no cérebro. A doença foi descoberta no ano passado, em um dos períodos mais felizes da vida dela: a conclusão do curso de Medicina.

“Ela queria ser médica desde criança, por causa do tempo em que ficou no hospital tratando a leucemia e também por causa do padrasto (já falecido), que também era médico”, comenta Régis.

Segundo ele, a filha não teve nenhum outro diagnóstico entre 2012 e 2021 — intervalo entre o fim do tratamento contra a leucemia e o diagnóstico no cérebro.

“Foi bastante dramático quando ela descobriu o câncer no cérebro, porque ela estava formada, cheia de sonhos e expectativas”, diz o pai.

“Ela estava noiva, queria se casar em 2022 e se especializar em dermatologia”, detalha Régis.

Ele conta que a filha acreditava na cura da doença, mas passou a aceitar que não tinha mais jeito quando a situação agravou.

“A partir daí, ela passou a dizer que já tinha cumprido a sua missão, ela passou a encarar assim, dizia que tinha se realizado como pessoa e que conquistou o seu objetivo de ser médica”, conta.

‘Nunca me culparam’

Para Régis, as perdas dos filhos podem ser definidas como situações traumáticas e dolorosas.

“É a inversão da ordem natural da vida.”

O economista afirma que nunca se sentiu culpado por ter a síndrome ou por ter passado para os filhos. “Os meus filhos diziam que eu fui tão vítima quanto eles”, diz.

Após enfrentar os diversos problemas de saúde na família, ele diz que mudou completamente a forma como enxerga a vida. “Hoje a minha visão é de que a gente tem que viver intensamente, com a máxima alegria. O meu filho dizia uma frase muito coerente: ninguém consegue medir a dor do outro. Não acredito que exista problema maior ou menor, o fato é que a gente não consegue medir a dor do outro.”

Régis segue em tratamento contra a leucemia crônica e contra o linfoma não Hodgkin. “Esses tratamentos não têm prazo para terminar. Por enquanto não estou curado, só estabilizado por causa dos medicamentos diários e monitoramento mensal com exames.”

O economista conta que usou todo o dinheiro que havia guardado ao longo da vida nos tratamentos de saúde dos filhos em São Paulo e que agora precisa do apoio financeiro dos pais. Régis diz que um de seus objetivos para o futuro é começar a dar palestras para contar sobre a sua história e também falar sobre superação.

Há alguns anos, ele compartilha a sua vida nas redes sociais. No Instagram, atualmente ele acumula mais de 185 mil seguidores em seu perfil (@regisfeitosamota).

“Comecei usando as redes como forma de me comunicar com os amigos e familiares, para que acompanhassem a gente, mas isso acabou crescendo muito. Hoje recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que foram impactadas positivamente pela nossa história”, diz.

Ele também quer que a sua história possa dar mais visibilidade à síndrome Li-Fraumeni, para que outras pessoas conheçam mais sobre o tema e até façam acompanhamento necessário, caso tenham o mesmo problema ou desconfiem que possam ter.

Sobre o futuro, Régis diz que o seu objetivo principal é viver um dia de cada vez.

“Como a minha filha dizia, quero buscar a alegria em cada dia e tentar olhar para a vida de forma que eu veja luz e felicidade.”

“O meu filho Pedro dizia que a felicidade é apenas questão de ponto de vista”, acrescenta.

Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, morre de câncer aos 52 anos

Morreu na tarde desta quarta-feira (08) Dudu Braga, filho do Rei Roberto Carlos. O produtor musical, de 52 anos, faleceu vítima de um câncer de peritônio. A informação foi confirmada pelo jornalista Fefito no programa “Mulheres”, da TV Gazeta, e por Boninho, diretor da Globo e amigo pessoal de Dudu.

“Dudu você foi um guerreiro, lutou contra essa doença bravamente até o final. Vai deixar saudades. Fica um paz. Meus sentimentos a família e meu querido amigo Roberto Carlos”, disse Boninho em seu perfil no Instagram.

Ele lutava desde setembro do ano passado contra um câncer no peritônio (membrana que envolve a parede abdominal). Esse é o terceiro diagnóstico da doença de Dudu, que venceu duas batalhas contra o câncer de pâncreas em 2019.

Na época do diagnóstico, Dudu Braga mostrou muito otimismo: “Estou bem, ou melhor, estou indo. Continuo fazendo as sessões de quimioterapia, só que mudamos o tratamento para um outro quimioterápico. O tumor está estável, não houve uma regressão nem uma progressão. Os médicos decidiram trocar o medicamento”, declarou ele na ocasião.

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