O jovem de 26 anos, que estava internado na Santa Casa de Passos (MG), após o acidente no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), recebeu alta na manhã desta quarta-feira (12). Dos 27 feridos, ele é o último a deixar o hospital.
Segundo a Santa Casa, o marinheiro passou por um procedimento cirúrgico na face na última terça-feira (11). Os familiares estiveram em Passos para acompanhar a saída do jovem. Eles moram em Pimenta (MG).
A Polícia Civil de Minas Gerais vai analisar o possível vínculo entre uma obra para a construção de um mirante com o desabamento de parte de um cânion no lago de Furnas. O incidente no sábado (8) provocou a morte de dez pessoas.
A hipótese é levantada por pilotos de lancha da região e descrita em áudio de um suposto engenheiro ambiental que viralizou pela cidade. Na gravação, o homem afirma como a intervenção pode ter afetado a estabilidade das rochas na região. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com ele.
O delegado Marcos Pimenta, da Delegacia Regional em Passos, responsável pela apuração do caso, afirma, no entanto, considerar prematuro vincular a obra ao acidente. Contudo, diz que um geólogo contratado para apoiar a investigação analisará o caso.
“Já estamos em contato com um geólogo que vai nos auxiliar nas respostas que estão questionadas pela imprensa. Em especial sobre a rocha, se uma obra no parque pode ter causado essa influência. Acredito que é prematuro, neste momento, outorgar a alguém essa responsabilidade”, diz Pimenta.
Obras de mirante podem ter contribuído para fenda no cânion
O mirante foi inaugurado há dois anos na rocha envolvida no acidente. Ele fica próximo, mas não exatamente em cima do local em que houve o desabamento.
Já o ex-coordenador de Meio Ambiente do município, Gleison Oliveira, afirmou que era contrário à construção em razão do impacto no local. “Sempre fui contrário a essa obra porque ela traria muito prejuízo ambiental. Não vou ser leviano em dizer que sabia que isso ia acontecer. Longe disso. Mas seria prejudicial à vegetação”, disse ele, que esteve no cargo entre 2013 e 2016.
“Mas, pelo mínimo entendimento geológico que tenho, as obras que aconteceram no local e o maquinário usado podem ter causado algum efeito. A retirada da mata ciliar e o carreamento dessa água por veios não naturais pode ter ajudado a deslocar essa fenda.”
IMPLOSÕES PARA ESTACIONAMENTO
Durante o programa Mais Você, da TV Globo, nesta segunda-feira (10), Jesus Sebastião, conhecido como Zuza e dono da lancha que afundou no sábado (8), falou sobre o acidente que matou dez pessoas.
“Venho desabafar aqui. Pedir meu sentimento a toda família e sobre também sobre as causas desse acidente. Que provavelmente tudo se indica a uma construção em cima do mirante dos cânions, que, há um ano atrás, vem trabalhando várias máquinas pesadas, vários bate-estacas trabalhando, fazendo perfurações em cima dos cânions”, disse.
Zuza considera que as obras contribuíram para o desabamento de parte do cânion. “Isso tudo leva a se desgrudar aquela rocha com o tempo. Trabalharam várias máquinas, mexeram no ambiente natural lá em cima.”
Outro barqueiro que trabalha na região há mais de sete anos e pediu para não ser identificado concorda com Zuza.
Segundo ele, foram feitas diversas implosões no local para a construção de uma área de estacionamento e, na sua visão, isso pode ter danificado a rocha. Ainda segundo ele, no período em que atua na região, nunca presenciou a queda de pedras nos cânions.
PROJETO GRANDIOSO
O mirante é parte de um projeto grandioso que prevê a construção, até 2026, de três parques de lazer, sendo um de contemplação, um de aventura e um aquático, além de resort e restaurante. O anúncio de investimentos foi de R$ 135 milhões para a região.
Em setembro de 2021, o secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, esteve na inauguração de uma tirolesa instalada no Parque Mirante dos Canyons.
No dia seguinte, durante a reunião sobre a abertura do processo de tombamento dos lagos de Furnas e Peixoto, Oliveira disse que visitou a área.
“Nós inauguramos a tirolesa e teremos um resort muito vigoroso, um parque com uma paisagem. Esse ato, juntamente com o comércio que já existe em Capitólio, juntamente com a rede hoteleira, vai fazer com que nós coloquemos Capitólio na prateleira internacional”, disse o secretário na ocasião.
Procurado, o Parque Mirante dos Canyons não respondeu até a conclusão da reportagem.
Após o acidente que vitimou 10 pessoas no último sábado (8), nos Cânyons do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), diversos internautas e veículos de comunicação têm publicado fatos não verídicos do ocorrido, expondo as vítimas e aqueles que dependem do turismo local para sobreviver.
O turismólogo Wesley Anastácio de Uberlândia (MG), postou uma nota esclarecendo alguns fatos do acidente.
Confira abaixo:
Desde o dia do acidente existem muitas postagens, desinformação, buscadores de likes e exposição sem necessidade das vítimas desse acidente.
Uma postagem minha de dois anos atrás voltou a circular nas redes sociais logo após o acidente e aí apareceram milhares de “especialistas” como sempre acontece no Brasil quando rola algum tipo de tragédia. Sem estudos, sem pesquisa, sem conhecer a fundo a situação.
Pessoal, a percepção de quem está olhando aqui é uma. De quem tá lá é outra.
1° ponto: as embarcações estavam lá porque foram autorizadas pela Marinha.
2° ponto: a hora do desprendimento da rocha não é o mesmo momento da cabeça d’água que as pessoas têm postado.
3° ponto: a visão de quem está debaixo do paredão não é a mesma de quem está de longe. De perto você não consegue perceber a movimentação da rocha e muito menos as pedras caindo.
4° ponto: ali dentro o barulho da cachoeira e do vento é muito forte. Você está dentro de um Canyon, não dá para ouvir ninguém gritando, assobiando. Principalmente porque todas as embarcações botam som para os turistas.
5° ponto: a foto da rocha com uma rachadura enorme que tem sido divulgada não é a mesma que se desprendeu, são pontos diferentes! Pontos diferentes!!!
6° ponto: a Defesa Civil emitiu um alerta sobre os grandes volumes de chuva. Mas nunca deu uma advertência ou observação de qualquer movimentação de Rocha na região de Capitólio.
7° ponto: nunca na história do Mar de Minas (Lago de Furnas), houve qualquer tipo de situação parecida. Nunca houve nenhum tipo de estudo sobre essa situação. Não há e nunca houve investimentos em pesquisas sobre essas fraturas. A Geologia sempre foi deixada de lado no Brasil.
8° ponto: Nenhum ser humano em Sã consciência, quer ficar debaixo de uma rocha de várias toneladas sabendo que ela pode desmoronar!
Não é legal julgarem sem saber de fato o que aconteceu, isso é falta de respeito com aquelas pessoas. Nós todos estamos assustados com o que aconteceu, mas não estando lá! Frequentamos ali há mais de 11 anos, desde quando não existia turismo na região. Desde quando a gente nadava pelado lá nos canyons sem nenhum barco!
Nunca imaginamos que uma rocha daquela proporção pudesse se desprender. Os pilotos são vítimas, como todas as outras pessoas que estavam lá. Se estava tendo passeios é porque houve autorização do órgão competente e nesse caso a Marinha autorizou.
Infelizmente foi uma tragédia e vários fatores contribuíram para a pedra se desprender. O tempo, a infiltração de água nas fraturas, o uso de forma irregular da parte superior, o movimento do lago. Mas não é possível afirmar nada! Até porque não somos especialistas!
Do início ao fim do canion, as rochas dos paredões são todas fraturadas, da mesma forma na cascatinha, no vale dos tucanos, nos canyons do xingó lá no nordeste.
Nesse momento onde existem muitas informações chegando é importante a gente ter respeito e muito cuidado como julgamos e como reproduzimos as coisas, principalmente de quem não estava lá presente.
No post que fiz em 2019 não tem nenhuma observação minha sobre deslocamento ou desprendimento de rocha, até porque não sou geólogo! Sou turismólogo com bastante orgulho. Essa publicação de 2019 teve grande repercussão na época e muita coisa mudou pra melhor na região. Como a formalização dos profissionais de turismo, com a criação do posto avançado da Marinha em S. J. Da Barra, com o fortalecimento das associações do trade turístico, com a criação de programas ambientais, regularização das embarcações e cuidados com meio ambiente, com a organização das embarcações dentro dos canyons.
Antigamente centenas de pessoas nadavam lá dentro. Se fosse naquela época o número de óbitos seria muito, muito maior. Enfim…deixem de julgar e culpar. Deixem isso pra perícia técnica. E respeitem todos aqueles envolvidos nesse triste acidente. Infelizmente no Brasil muitas vezes só depois de acidentes como esse acontecerem, pra que as autoridades se organizem. É importante que tenhamos mais seriedade em tudo que fazemos na vida, seja no hospital, na escola, no turismo, na sua casa. E tomarmos muito cuidado com qualquer tipo de julgamento que fazemos com aquilo que desconhecemos. Perdoem meu português!
Aqui deixo o meu lamento a todas as famílias e vítimas desse acidente.
Por volta de 12h30, do último sábado, 8, um paredão de rochas se soltou nos canyons do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), e atingiu quatro embarcações com dezenas de turistas, vitimando fatalmente 10 pessoas.
Turistas aproveitavam o dia em passeios de lancha no Lago, quando perceberam a rachadura em um dos paredões. Nas imagens registradas no momento do ocorrido, dá para ouvir quando as pessoas comentam:
‘’Isso é normal pai?’’, “Aquele bloco está saindo lá”, “Aquele pedação ali vem caindo”, “Aquele pedaço vai cair”, “Gente, saí daí”, “Tá caindo muita pedra”, “Esse trem vai cair”, “Corre, vamos embora”.
Foram diversas observações até que o paredão veio abaixo enquanto testemunhas filmavam tudo. Em questão de segundos, uma rocha gigantesca despencou e atingiu pelo menos quatro lanchas que estavam mais próximas ao local, duas ficaram destruídas e afundaram.
Na hora do acidente, pelo menos 50 pessoas estavam nas lanchas, entre elas crianças.
Representantes dos Bombeiros, Defesa Civil e policias militares e civis que participaram da operação investigam o que teria provocado o acidente.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, que conhece bem a região, falou sobre o desabamento.
“Ela já apresentava algumas situações, uma perda dessa coesão. A gente já começa a ver esses primeiros blocos de terra se desprendendo, o que mostra realmente que aquela falha estava aumentando. A gente tem um movimento de aumento desse afastamento dessa falha pré-existente, até que chega um momento que a gente tem um colapso daquele estrutura, o deslocamento repentino de toda aquela massa de água, decorrente daquela colisão com a rocha, ele provoca uma onda que lança algumas pessoas à altura de três, quatro metros, e são lançadas na água. É basicamente como se fosse um atropelamento por uma locomotiva ou por um trem”, explica.
Após o desabamento, equipes da Delegacia da Marinha de Furnas (DelFurnas) se deslocaram para o local e informaram, por meio de nota, que um inquérito será instaurado para apurar as causas do acidente.
Nas redes sociais, o governador de Minas, Romeu Zema, se solidarizou com as famílias das vítimas. Zema também decretou luto de três dias em todo o Estado de Minas Gerais em respeito às mortes causadas pelo acidente, e pelas pessoas que estão sofrendo com as chuvas intensas.
“O governador Romeu Zema assinou decreto de luto oficial de três dias em todo o Estado de Minas Gerais, em sinal de pesar às vítimas da tragédia em Capitólio e em respeito aos mineiros afetados pelas fortes chuvas dos últimos dias”, disse o governo de MG em nota.
Vítimas identificadas
As dez vítimas do acidente de Capitólio já foram identificadas pela Polícia Civil. Os últimos quatro corpos foram identificados nesta segunda-feira (10). São eles: Geovany Teixeira da Silva, de 37 anos; Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14 anos; Thiago Teixeira da Silva Nascimento, 35 anos; Rodrigo Alves dos Anjos, 40 anos e Carmem Pinheiro da Silva, de 43 anos.
A 9ª vítima a ser identificada foi o piloto da lancha, Rodrigo. Geovany Teixeira e Geovany Gabriel eram pai e filho. Thiago era primo de Geovany Teixeira. Todas as vítimas do acidente estavam na mesma lancha que tinha o nome de “Jesus”.
A 10° vítima identificada foi Carmem Pinheiro da Silva, de 43 anos, natural de Cajamar. Ela acompanhava o namorado Geovany Teixeira da Silva, 37 anos, na embarcação e estavam com ela também a filha Camila da Silva Machado, 18 anos, e o namorado da garota. Todos morreram no acidente.
De acordo com informações da Polícia Civil, eles estavam hospedados em um rancho em São José da Barra (MG). O proprietário da imóvel era dono da lancha e também parente das vítimas. O piloto era funcionário dele.
A primeira vítima foi identificada na manhã do último domingo (9). Outras quatro vítimas foram identificadas no mesmo dia durante a noite e outras na madrugada desta segunda-feira (10).
Veja quem são as vítimas
Júlio Borges Antunes, 68 anos, natural de Alpinópolis (MG). Foi enterrado em São José da Barra.
Maycon Douglas de Osti, 24 anos, nascido em Campinas. Será enterrado em Sumaré.
Camila da Silva Machado, 18 anos, nascida em Paulínia. Será enterrada em Sumaré.
Sebastião Teixeira da Silva, 64 anos, natural de Anhumas. Será enterrado em Serrania.
Marlene Augusta Teixeira da Silva, 57 anos, natural de Itaú de Minas. Será enterrada em Serrania.
Geovany Teixeira da Silva, 37 anos, natural de Itaú de Minas. Será enterrado em Serrania.
Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14 anos, natural de Alfenas. Será enterrado em Serrania.
Thiago Teixeira da Silva Nascimento, 35 anos, nascido em Passos. Foi enterrado em São José da Barra.
Rodrigo Alves dos Anjos, 40 anos, nascido em Betim (MG). Ele era o piloto da lancha.
Carmem Pinheiro da Silva, de 43 anos, natural de Cajamar.
Marlene e Sebastião eram casados e pais de Geovany Teixeira, que era pai de Geovany Gabriel. Eles também eram tios da vítima Thiago. Mykon era namorado de Camila e Júlio era amigo da família.
Segundo a Polícia Civil, as dez vítimas foram identificadas por meio da datiloscopia (sistema de identificação humana, por meio das impressões digitais). “A equipe da PCMG atuou na identificação de sete vítimas e contou com o apoio da Polícia Federal na identificação de outras três vítimas”, informou a Polícia Civil.
Feridos
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que 32 pessoas foram atendidas por decorrência do acidente, das quais 27 foram atendidas e liberadas, 23 delas da Santa Casa de Capitólio e outras 4 do Hospital Municipal de São José da Barra.
Um jovem, de 26 anos, residente de Pimenta (MG), está internado na Santa Casa de Passos e deve ser operado nesta segunda-feira (10). Outra pessoa que também estava internada em Passos foi levada para um hospital particular e está estável.
2 pessoas, atingidas pelas pedras e que estão com fraturas expostas foram encaminhadas para a Santa Casa de Piumhi.
O que diz o prefeito de Capitólio
O prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva (PP), afirmou em entrevista coletiva no último domingo que nunca havia ocorrido acidente deste nível, por isso, não há um estudo ou análise geológica sobre os paredões.
“Meu pai vive aqui há 76 anos e nunca viu um desligamento de rocha desses. Acredito que, daqui para a frente, a gente precisa fazer uma análise [geológica]. Aquelas falésias estão ali há milhares de anos. Essa formação rochosa de quartzito tem essas fendas e fissuras. Já foram feitos vários estudos geológicos. Se tinha algum risco, tinha de ser emitido por um órgão superior”, explicou.
No domingo, o prefeito determinou o fechamento das entradas dos cânions e também da Cascatinha.
“A Marinha tem as suas legislações que regulamentam o ordenamento costeiro. Então, todos esses pontos já estão sendo trabalhados pela Marinha em relação ao ordenamento”, acrescentou, em seguida.
Segundo o prefeito, uma lei municipal de 2019 disciplina o turismo nos canyons, proibindo banhos na área de circulação das lanchas e limitando a 40 o número de embarcações, as quais podem permanecer por até 30 minutos na área. Além disso, normas da Marinha estabelecem o ordenamento da orla do lago.
Cristiano também comentou sobre a responsabilidade do acidente: “O ordenamento marítimo está a cargo da Marinha. Temos a Marinha na nossa região desde 2019, e o ordenamento está por conta deles.” O prefeito disse que “querer apontar um culpado agora é injustiça”.
“Dentro dos cânions temos leis que proíbem que as pessoas nadem e a ancoragem de lanchas”, completou. O prefeito informou que a fiscalização é realizada através de um fiscal utilizando jet ski.
“O caminho é buscar pessoas técnicas, e trabalhar para que tenha prevenção. O caminho é buscar pessoas especializadas, sentar com os órgãos competentes para traçar um plano buscando a segurança dos trabalhadores, da população e principalmente dos turistas”, concluiu.
Também neste domingo, Furnas Centrais Elétricas divulgou uma nota sobre o acidente. A concessionária lamentou as mortes e disse se solidarizar com as famílias. Furnas esclareceu ainda que “utiliza a água do lago para a geração de energia elétrica e que a fiscalização dos demais usos, incluindo o turismo, competem à Marinha e aos poderes públicos locais”.
Família do piloto
Milenna Rodrigues Alves dos Anjos, filha de Rodrigo, piloto vítima do acidente, lamentou a morte do pai e disse que ele ‘não iria nessa lancha inicialmente. Pediu para trocar porque queria ir com Jesus’ (nome da embarcação envolvida no acidente).
Pai de Milenna, avô de Maria Alice e marido de Marileide, Rodrigo era um amante da navegação. Ele pilotava a lancha ocupada pelas 10 pessoas que morreram na tragédia.
“Meu pai era uma pessoa única. Ele amava isso aqui. Suas maiores paixões eram as embarcações e a família, principalmente a neta”, disse a filha.
Rodrigo vivia em Capitólio com a esposa, Marileide Fátima Rodrigues, de 37 anos. Os dois estavam casados há quase 25 anos e vieram para o “Mar de Minas” com intuito de seguir o sonho do piloto.
Vítima de Sumaré faria 25 anos no domingo
Uma das vítimas faria 25 anos no último domingo. Maycon Douglas, que estava com a namorada, Camila, além de outras pessoas da família dela. O casal, que morava em Sumaré (SP), morreu na hora com a queda do paredão.
O casal foi enterrado na manhã desta segunda-feira (10), na cidade onde residiam.
Como é a formação rochosa da região?
A região de Capitólio é basicamente formada por rochas sedimentares que possuem uma resistência menor.
“A entrada de água nessas áreas podem fazer a rocha perder a coesão, que é a resistência interna. E pode haver uma ruptura como essa”, explicou o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
Gustavo Cunha Melo, especialista em gerenciamento de risco, disse que a rocha aparentava estar com muita erosão. “A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural”, disse.
O tenente explicou que o desmoronamento de rochas é comum em Capitólio, mas o que agravou a situação foi o tamanho e modo como as pedras caíram. “Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas”, disse.
Geralmente, esse tipo de desmoronamento acontece com as rochas caindo até mesmo ‘de pé’, e não perpendicular, como foi neste acidente.
A diretoria executiva da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) emitiu uma nota considerando que a tragédia expõe um problema provocado pela falta de laudos geológicos e geotécnicos para identificar os riscos geológicos de locais a serem visitados por turistas. A SBG “rechaça qualquer tentativa de negar a gravidade dos fatos e de impedir a apuração das responsabilidades por essa tragédia que poderia ter sido evitada”.
A SBG considerou ainda que as autoridades devem ter mais atenção no período chuvoso. “Fenômenos como inundações, deslizamentos, fluxo de detritos, entre outros, representam um desafio às capacidades dos governos, nas esferas federal, estadual e municipal, para responder antecipadamente, com rapidez e eficácia, aos problemas decorrentes dos seus efeitos a uma determinada região do país”.
Para a SBG, há uma ausência de profissionais qualificados da área de Geociências nas prefeituras para conduzir estudos de avaliação dos lugares turísticos e monitoramento de áreas de riscos. São profissionais que poderiam avaliar restrições de uso e determinar procedimentos de segurança.
“A indicação de obras de contramedidas e o monitoramento geotécnico aliados com a percepção de risco pela população são ações eficazes para mitigar o risco e prevenir desastres”, diz a nota.
Os turistas podiam estar no local?
Após o incidente, a área foi isolada e não pode mais receber turistas por tempo indeterminado. Os bombeiros disseram que cabe à Marinha informar se os turistas poderiam estar no local.
O prefeito de Capitólio disse que nenhuma norma impedia as lanchas de estar naquele local, próximas do paredão.
Investigações
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da tragédia. A informação foi divulgada pelo delegado Marcos Pimenta, da regional da Delegacia em Passos nesta segunda-feira (10).
“Em relação a uma obra do parque de lazer no cânion ter influenciado deslocamento da rocha, é muito prematuro afirmar qualquer tipo dessas ideias que estão circulando. Entretanto, a Polícia Civil não irá descartar nenhuma hipótese. Mas, com cautela, e a serenidade que o caso impõe, estamos ouvindo na data de hoje [segunda-feira], em três grupos distintos, no núcleo em Piumhi e no núcleo em Alpinópolis. Ambos estão colhendo informações do proprietário da lancha Jesus, que não estava na embarcação quando houve o choque”, pontuou Pimenta.
Testemunhas e pessoas que sofreram ferimentos leves também serão ouvidas pela instituição. O delegado detalhou, ainda, que um geólogo especialista auxilia no inquérito. No primeiro momento, frisou, a Polícia Civil “almeja dar conforto aos familiares” e “celeridade na identificação” da última vítima.
“Está previsto durante esta semana que uma equipe de delegados, investigadores e peritos criminais irem às imediações dos cânions com aeronaves, drones e embarcações. Nossa ideia, nosso objetivo, será estudar o local e averiguar se, nas imediações, também há outras pedras com essas características visando, juntamente com Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Marinha, e outros órgãos de fiscalização, a criação de uma saída para que outras pedras não consigam atingir aquela região, que é uma região rica do turismo e é um presente de Minas”, concluiu.
A Marinha do Brasil também abriu inquérito para investigar o acidente.
A rocha
Em 2012, um internauta publicou em seu perfil no Facebook, uma imagem de uma rocha ‘solta’ em um dos paredões, similar a que desmoronou, com a seguinte legenda: ‘’essa pedra vai cair’’.
O ‘print’ circulou nas redes sociais e causou revolta, porém não são as mesmas mesmas rochas. As duas estavam de lados opostos.
Registros
Antes de embarcarem, as vítimas registraram o momento de felicidade entre família e amigos. Confira:
Assista o momento do acidente por outros ângulos:
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