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‘Vivo ou morto’: Filho quer encontrar romeiro que desapareceu entre SP e MG; polícia investiga caso

‘Vivo ou morto’: Filho quer encontrar romeiro que desapareceu entre SP e MG; polícia investiga caso – Foto: Polícia Civil

“De qualquer jeito, vivo ou morto a gente tem que se encontrar”.

A declaração é de Pedro Augusto Francisco, filho do romeiro de Varginha (MG) que desapareceu há mais de uma semana entre SP e MG, na Serra do Piquete. Após o fim das buscas por parte do Corpo de Bombeiros e da família, a Polícia Civil começou a investigar o caso e faz a reconstituição dos últimos passos do idoso Pedro Donizeti Francisco.

A família do romeiro também realizava buscas por conta própria, mas parou com as tentativas depois de diversos “alarmes falsos”.

Informações de que o idoso teria sido visto em Lorena (SP), Aparecida e em outras cidades do Vale do Paraíba chegaram aos familiares, que foram aos municípios para verificar. Chegando aos locais, no entanto, as informações não eram verdadeiras.

“Chegamos lá [nos locais] e não tinha nada. É muito desgastante isso”, falou o filho do romeiro.

“A gente teve um alarme falso de ir lá em Aparecida. Pegamos o carro, tocamos pra lá, chegamos lá, mas ninguém viu, ninguém sabe. Agora a gente também encerrou as buscas, porque não tem onde procurar mais. É uma coisa muito triste, mas não tem outra saída”, afirmou.

O Corpo de Bombeiros informou que as buscas foram suspensas no sábado, dia 30 de março. Segundo os militares, a partir de agora, os trabalhos ficam a cargo da Polícia Civil.

Quem tiver informações sobre o paradeiro do romeiro desaparecido, pode informar as autoridades na base mais próxima da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros. O contato pode ser feito também por telefone, com a PM pelo 190 ou com os bombeiros pelo 193.

Polícia reconstitui passos

A Polícia Civil fez nesta terça-feira (2) a reconstituição dos últimos momentos antes do romeiro Pedro Donizeti Francisco desaparecer entre MG e SP, na Serra do Piquete.

Os trabalhos da Polícia Civil de SP tiveram início com a oitiva do filho de Pedro Donizeti Francisco, Pedro Augusto Francisco, que estava junto com o pai momentos antes do desaparecimento do romeiro.

“Fizemos a oitiva para que ele nos explicasse detalhadamente a dinâmica de como os fatos aconteceram. A ideia, nós fizemos uma filmagem dele, para a gente conseguir concretizar exatamente como a dinâmica desse desaparecimento aconteceu”, explicou o delegado de Piquete, Marcelo Vieira.

De acordo com o delegado, não existe nenhuma suspeita criminal até o momento e foi instaurado o chamado procedimento de investigação de desaparecidos.

“A ideia também é concretizar bem rapidamente como os fatos aconteceram, o Pedro [filho do romeiro] está nos ajudando. A gente vai fazer uma reconstituição com o Instituto de Criminalística Paulista para entender exatamente como foi a dinâmica da descida deles pela trilha, a separação dos dois, o não encontro. [Vamos fazer a] fixação de pontos, a gente vai subir um drone para fixar esse ponto, a gente vai tentar concretizar o local e a dinâmica de como os fatos aconteceram”, disse o delegado.

Desaparecimento

Pedro Donizeti Francisco é morador da região da Ilha do Salto, zona rural de Varginha. Esta era a segunda vez que ele participava da caminhada até Aparecida.

A princípio, os bombeiros informaram que a vítima teria 77 anos. No entanto, a família relatou a idade de 69 anos.

Romeiros que estavam na Serra do Piquete tentaram encontrar o integrante da romaria, que saiu na no dia 20 de março de Varginha com destino ao Santuário de Aparecida. O idoso teria desaparecido por volta de 13h do dia 25 de março.

Segundo integrantes da romaria, o idoso saiu com o grupo da “Romaria do Zuca” na companhia de dois filhos e um neto. Os filhos e integrantes da organização ajudaram nas buscas.

A família registrou um boletim de ocorrência do desaparecimento do romeiro na delegacia da Polícia Civil em Guaratinguetá (SP).

As buscas

As buscas começaram no dia 26 de março, quando houve o acionamento. Os trabalhos aconteceram entre 9h30 e 20h, e contaram com o apoio de helicópteros da Polícia Militar e cães farejadores, além de 13 bombeiros.

Os bombeiros passaram por uma trilha, enfrentando áreas esburacadas, de mata fechada e com lama. Os cães farejadores, que têm alta sensibilidade olfativa, acompanharam os bombeiros nos trajetos, procurando odores relacionados ao romeiro, que pudessem indicar qual caminho ele seguiu.

No entanto, as buscas foram suspensas no dia seguinte. Segundo a corporação, o trecho da trilha onde o idoso se perdeu é considerado curto, e pode ser percorrido entre 50 minutos e uma hora.

Cães farejadores foram usados nas buscas pelo romeiro que desapareceu indo para Aparecida — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Cães farejadores foram usados nas buscas pelo romeiro que desapareceu indo para Aparecida — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Dois cães farejadores usados nas ações indicaram que o romeiro saiu da trilha, no sentido da rodovia BR-459, que liga Lorena (SP) e Itajubá (MG). Segundo os bombeiros, isso indica que ele possa ter pegado uma carona e voltado para Varginha ou seguido para Aparecida.

Mesmo com a suspensão das buscas pelos bombeiros, o filho do romeiro, Pedro Augusto Francisco, ainda continuou procurando pelo pai.

No sábado (30), o Corpo de Bombeiros retomou as buscas pelo romeiro. Os militares contaram com o apoio de romarias de Varginha com cerca de 40 voluntários. As buscas aconteceram na Trilha da Gruta de São Miguel Arcanjo, em Piquete, e na rodovia BR-459.

Segundo os bombeiros, participaram das buscas 11 bombeiros, três viaturas e, aproximadamente, 40 civis voluntários. Foram percorridos mais de 60 km entre trilhas, estradas e rodovias. Depois de todo trabalho realizado nos últimos dias, os bombeiros descartaram a área procurada.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, todas as informações foram repassadas às autoridades competentes que irão dar prosseguimento ao processo de investigação. As buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros foram encerradas no final da tarde do mesmo dia. O familiar do romeiro e os voluntários foram orientados quanto aos procedimentos técnicos realizados.

Corpo de adolescente que estava desaparecida há uma semana é encontrado em MG; cunhado da mãe é preso

Corpo de adolescente que estava desaparecida há uma semana é encontrado na zona rural em MG, diz Polícia Militar — Foto: Reprodução EPTV
Corpo de adolescente que estava desaparecida há uma semana é encontrado na zona rural em MG, diz Polícia Militar — Foto: Reprodução

O Corpo da jovem Natally Oliveira, de 14 anos, que estava desaparecida há uma semana em Três Pontas (MG), foi encontrado na tarde da última sexta-feira (18) em um local na zona rural entre o município e a cidade de Nepomuceno (MG). A informação foi confirmada pela Polícia Militar. Um suspeito do crime foi preso. Conforme a polícia, ele tinha intenção de queimar o corpo da menina para ocultar o crime.

Conforme a Polícia Militar, o suspeito preso seria um homem de 25 anos que é cunhado da mãe da menina. Ele confessou o crime e apontado aos policiais o local em que o corpo foi enterrado.

Segundo a Polícia Civil, o suspeito do crime, que trabalha como caseiro, teria levado a menina de carro até o sítio onde trabalha. Lá ele teria tentado abusar sexualmente da menina e a teria matado. Em seguida, enterrou o corpo em um local a cerca de 1 quilômetro da propriedade rural.

Conforme a funerária que fez a retirada do corpo, ele foi localizado próximo a uma fazenda por volta de 15h30 desta sexta-feira.

Natally Oliveira sumiu no bairro Jardim das Esmeraldas em Três Pontas na última sexta-feira (11). As buscas começaram no fim de semana com a ajuda de cães farejadores e drones.

A Polícia Civil investigava o desaparecimento desde o início da semana, mas nenhuma hipótese tinha sido descartada.

Menina sumiu após mãe ir ao mercado

De acordo com relato da família, a mãe teria deixado a adolescente e duas sobrinhas em casa enquanto ia ao mercado. Quando retornou, não encontrou mais a filha. O caso aconteceu por volta de 20h.

Segundo a mãe da menina, na última vez que foi vista, a jovem informou que iria na casa da avó.

“Eu fui ao mercado e ela ficou aqui em casa, aí ela avisou a minha sobrinha que estava indo na casa da minha mãe. Aí quando eu cheguei do mercado, ela não estava”.

Buscas começaram no sábado

As buscas pela menina começaram na tarde de sábado (12) após a família fazer contato com o Corpo de Bombeiros. Dados de torres de telefonia mostraram uma área onde possivelmente o aparelho da jovem foi usado pela última vez.

Os militares procuraram por Natally em matas e nos cafezais com o auxílio de drones e cães farejadores.

“No sábado, a família fez contato com a polícia. A polícia procurou em alguns locais e às 17h fizeram contato com o Corpo de Bombeiros. Nós estivemos aqui no local e entendemos as circunstâncias que levaram ao desaparecimento, mas como era noite nós retomamos de manhã com cães farejadores, com drone. Vasculhamos uma grande área de cafezal e a mata que tem perto desse ponto inicial”, explicou o tenente Ilenildo Prata de Paula.

Adolescente teria sido vista entrando em carro

No domingo, um dia após o início das buscas, as equipes do Corpo de Bombeiros retornaram para Varginha após receberem a informação de que a menina foi vista entrando em um carro preto. A testemunha contou aos bombeiros que a adolescente a teria cumprimentado e, em seguida, o carro saiu do local.

Padre que trabalhou no Sul de MG está desaparecido desde dia 4

Padre que trabalhou no Sul de MG está desaparecido desde dia 4 – Foto: redes sociais

Está desaparecido de sua residência em Itaguara desde a última sexta-feira (4), o padre José de Souza Carvalho. Ele é do bispado de Oliveira e esteve à frente da paróquia em Ribeirão Vermelho e depois da paróquia de Santana do Jacaré.

O padre desapareceu misteriosamente na sexta-feira, quando saiu de casa, na cidade de Itaguara, por volta de 19h, dirigindo um automóvel Fiat Uno Way placas HIM-8798, de Itaguara.

A Diocese de Oliveira emitiu uma nota sobre o desaparecimento do religioso. Segundo a nota, padre José de Souza Carvalho se encontra sem uso de Ordem desde 6 de dezembro de 2020. Ainda de acordo com a nota da Diocese, ele estava residido em Itaguara, onde mora com seu pai.

A nota ainda fala do desaparecimento do religioso e pede a quem souber de seu paradeiro, que entre em contato com a polícia.

A nota afirma que a Diocese de Oliveira se solidariza com família do religioso, com os amigos e intercede a Deus para que logo se esclareçam os fatos e ele possa voltar em boa saúde para o convívio dos seus.

A nota foi emitida na tarde da última segunda-feira e não tem assinatura do bispo Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro.

Família procura por jovem desaparecido à 6 dias em Passos

O jovem Mateus Pereira de Paula, de 27 anos, está desaparecido desde a última sexta-feira (03). Há 6 dias, familiares buscam informações sobre o paradeiro do jovem Mateus que reside no bairro Jardim Califórnia, em Passos (MG)

O jovem desaparecido é casado com Vitória Ângela, tem uma filha, e é funcionário de uma fábrica de móveis rústicos na cidade.

De acordo com a esposa do rapaz, ele foi visto por meio de câmeras de segurança, entrando e saindo de imediato da residência de sua mãe na Liquinha Silveira em Passos. Posteriormente ele foi para uma chácara entre São João Batista do Glória é Delfinópolis com um colega que conheceu em um bar no bairro Jardim Primavera 

“O rapaz disse que ele surtou e bateu o carro em uma árvore e posteriormente desapareceu”, informou a Vitória. 

Ainda segundo a mulher de Mateus, o caso está sendo investigado pela Polícia Civil, e o ‘colega’ está forarigo.

Qualquer informação podem acionar a Polícia Militar no 190 ou falar com a esposa de Mateus pelo whats (35) 99917-3947.

Família procura mulher desaparecida em Passos

A família de Camila Cristina dos Reis Silva, de 34 anos, pede ajuda para encontrá-la. Ela reside em São José da Barra (MG), porém no dia 18 de fevereiro foi para Passos (MG) e não retornou mais.

A irmã de Camila informou que ela saiu de casa com um homem não conhecido da família.

Ainda conforme a família, Camila tem o costume de ficar próxima a ‘rodoviária velha’ em Passos e provavelmente está usando ‘cropped’ e short.

A família está desesperada e pede que qualquer informações entre em contato pelos telefones (35) 9 9130-7974 (Milene/irmã) ou (35) 9 9719-1316 (Elza/mãe).

Mulher procura filho desaparecido há mais de um ano em Passos

A vida de Sílvia dos Santos Mendes, de 46 anos, tem sido mais sofrida desde o desaparecimento do filho, Breno Lázaro Neves, de 26, no dia 11 de março de 2021.

Moradora do Bairro Cohab VI, em Passos, dona Sílvia, mãe de 4 filhos, viúva, já chorou a perda de uma filha por acidente, no dia 12 de março de 2017. Sua angústia agora é encontrar o filho Breno, marmorista.

Breno esteve detido dos 18 anos aos 21 anos na Apac por tráfico de drogas. Depois, foi preso novamente, também por tráfico, e estava em regime de prisão domiciliar.

Desde que o filho desapareceu, ela tem feito campanha nas mídias sociais na esperança de encontrá-lo. Foi feito um boletim de ocorrência na Polícia Civil, na tentativa de ajudá-la a encontrar Breno, mas, até hoje, nenhuma informação.

O delegado que cuida do caso,  Ismael Jerônimo Soares, disse que abriu inquérito civil e ouviu todas as pessoas ligadas à vítima, porém, sem sucesso até agora.


 “Meu filho estava em prisão domiciliar e ia ter o fim de sua pena, de três anos, no próximo dia 5 de abril. Ele saiu do presídio por causa da pandemia. No dia do desaparecimento, ele saiu com a esposa para deixá-la na casa de uma amiga, eram 10h da manhã, e não foi visto mais”, conta a mãe. “A esposa voltou para casa para aguardá-lo e até hoj,e nada”, narra Dona Sílvia.

Dona Sílvia disse que no dia do desparecimento ele usava camiseta branca, bermuda branca e roxa e estava em uma bicicleta preta. Perguntada se Breno tinha algum inimigo, ela disse desconhecer.


 Ela ainda sonha em ver o filho vivo. Perguntada se tem esperança, ela disse: “Tenho sim. Peço a Deus todos os dias pra me trazer uma resposta. Justiça da terra não tenho, mas a de Deus não falha”.

Quem tiver alguma notícia do paradeiro de Breno é só entrar em contato com a Polícia Civil de Passos pelo telefone (35) 3521-8300.

Família procura por adolescente de 14 anos desaparecida em Formiga

A família da adolescente Lorrayne Castro Chaicher, de 14 anos, está à procura da garota, que saiu de casa por volta das 17:00 horas do sábado (06) e não retornou.

A mãe de Lorrayne, Marlene Pamela Bernardes de Castro, moradora do bairro Água Vermelha, relatou que a garota fugiu porque não teve autorização para sair de casa.

Segundo relatos, a garota foi vista na noite de ontem nas proximidades da Rodoviária de Formiga.

Marlene disse à redação do TRIBUNA que Lorrayne fugiu de casa com uma camisa preta masculina e uma calça jeans, estilo skatista.

Aqueles que tiverem informações podem entrar em contato com a mãe da garota no seguinte telefone: (37) 99949-3512.

Fonte: Jornal Tribuna

Funcionário é achado preso em elevador de supermercado após ficar dois dias desaparecido

Um funcionário de um supermercado da rede Carrefour foi encontrado preso em um elevador de cargas em uma unidade na cidade de Santos (SP), depois de ficar dois dias preso no local sem se alimentar ou ter o que beber. Ele havia sido considerado desaparecido desde o último sábado (25) antes de ser encontrado na segunda-feira (27).

O estabelecimento chegou a funcionar normalmente no domingo (26), sem que ninguém notasse que o colaborador estivesse preso no local.

O funcionário estava sendo procurado pela família, que havia divulgado imagens dele em busca de informações. 

A rede de supermercados informou que o elevador fica em uma área restrita a funcionários, sendo pouco visitada no dia a dia, e  que não sabe o motivo para que o equipamento tenha parado de funcionar. Uma equipe de manutenção foi acionada para identificar o problema. 

O estabelecimento também abriu uma investigação para apurar por que o “funcionário supostamente não pediu ajuda”. 

Em nota, o Carrefour afirmou que o funcionário passa bem e está com a família. Segundo a rede, foi disponibilizado uma assistente social para oferecer apoio psicológico ao homem e a seus familiares próximos. 

Rapaz que estava desaparecido é encontrado morto dentro de ribeirão

O corpo de um rapaz de 22 anos foi encontrado em um ribeirão, em Nova Serrana (MG), na noite da última terça-feira (14). Segundo a Polícia Militar (PM), ele estava desaparecido desde a última quinta-feira (9). As causas da morte não foram identificadas.

Os militares foram ao Ribeirão Pavão, próximo à Prefeitura, na Rua João Martins do Espírito Santo, Bairro Park Dona Gumercinda Martins. No local, de acordo com a PM, uma mulher afirmou que tinha encontrado o corpo do irmão dela, que estava desaparecido.

A PM foi ao local e se deparou com o corpo do rapaz dentro do ribeirão em estado avançado de decomposição. A perícia foi chamada ao local assim como a equipe de investigadores da Polícia Civil.

Segundo a Polícia Militar, não foi possível identificar as causas da morte e mais exames detalhados serão realizados.

Família aluga casa em SP e encontra proprietária enterrada no jardim

Em agosto de 2018, Fátima*, Roberto* e os dois filhos se mudaram para uma casa em Ubatuba (SP). Antes de se mudarem, eles souberam que a dona da casa, que já tinha morado ali, estava sumida desde agosto de 2013.

Carmem Morales, nome verdadeiro da proprietária, desapareceu aos 62 anos. A polícia investigou, mas não tinha conseguido esclarecer o caso até então.

Nos primeiros meses, os filhos do casal faziam piadas dizendo que a dona do imóvel estava enterrada ali. “Era brincadeira de molecada, sabe?”, diz Roberto.

Em janeiro deste ano, a família descobriu que era verdade. Roberto e o filho mais velho mexiam no jardim quando viram um tecido enterrado. Cavaram ali e encontraram a ossada de Carmem. A descoberta apavorou a família e levou à reabertura da investigação do desaparecimento da proprietária.

O responsável pela casa é um irmão da mulher desaparecida. Ele assumiu o imóvel, que ficou abandonado após o sumiço de Carmem Morales.

O aluguel da propriedade estava a cargo de uma imobiliária, e, antes de Fátima e Roberto, outra família já tinha vivido ali.

Nas primeiras semanas na nova casa, a Fátima e sua família souberam um pouco mais sobre a antiga proprietária.

“Muitos conhecidos perguntaram se tínhamos notícias dela. Quando a gente explicava que não a conhecia, eles começavam a contar coisas sobre a Carmem”, diz Fátima.

“Falaram que ela gostava muito de animais e tinha gatos, que era solitária, tinha depressão e tomava remédios”, relembra Fátima. Com o passar dos meses, os comentários dos vizinhos diminuíram.

Os novos moradores foram se convencendo de que tinham feito uma boa escolha. “Não é uma construção nova, mas é muito espaçosa, e a localização é boa”, diz Fátima.

Mas duas coisas incomodavam: a sombra em alguns cômodos e o excesso de umidade no corredor. Roberto explica que o motivo disso eram as plantas do jardim, que estavam ali muito antes da chegada da família. “Eram altas, subiam até o telhado”, diz ele.

O jardim tem cerca de 45 centímetros de largura e fica em uma área estreita, ao lado do muro, no corredor lateral da casa.

O trecho final do jardim, no fundo do terreno, tinha uma particularidade: em pouco mais de um metro de comprimento, havia alguns lírios da paz e tijolos para separar a área das plantas da parte cimentada do corredor.

Após mais de dois anos na casa, Roberto e o filho mais velho retiraram todas as plantas. Em seguida, limparam o local e encomendaram grama para colocar em toda a extensão.

“A princípio, a gente não queria mexer no jardim porque a casa não é nossa, e as plantas até eram bonitas. Mas decidimos fazer isso porque nosso cachorrinho ficava rolando na terra do jardim e entrava em casa cheirando muito mal. Além disso, a gente ficava incomodado porque ali reunia bastante caramujo”, diz Fátima.

Na tarde de 13 de janeiro deste ano, Roberto e o primogênito preparavam o solo para a grama quando viram um pedaço de tecido saindo da terra, na parte final do jardim, onde haviam acabado de retirar os lírios da paz.

A princípio, pai e filho pensaram que pudesse ser um pedaço de pano deixado no local anos atrás. “Mas puxei e vi que era algo pesado”, relembra Roberto.

Os dois começaram a retirar a terra com uma enxada. Logo notaram que era maior do que o esperado. “Sabe quando dá aquele frio na espinha? Olhei pro meu filho e falei: ‘será que enterraram algum animal aqui?'”, diz Roberto.

Quando terminaram de cavar, viram um edredom enterrado. “Peguei uma ponta, e meu filho, outra. Estava bem pesado. A gente tirou do buraco, e quando abri, saiu toda a ossada”, conta Roberto.

“Na hora, falei: achamos a dona da casa. Fiquei sem reação. Foi horrível, você não quer acreditar que aquilo tá acontecendo contigo. Parece que o tempo congela. Passa um milhão de coisas na cabeça. Perde o chão”, diz Roberto.

“Parecia um filme. Fiquei em choque”, diz o filho mais velho do casal.

Fátima, que chegava do trabalho no momento, lembra: “Fiquei pensando: o que será que aconteceu aqui? Será que cortaram ela dentro de casa? Não sei o que aconteceu aqui dentro, e vivemos em um lugar desses”.

A polícia foi chamada. Uma representante da imobiliária foi ao local e comunicou parentes de Carmem do fato. 

Um item junto à ossada apontava se tratar de Carmem: uma prótese metálica para a coluna — que a idosa usava desde que passou por uma cirurgia, segundo uma amiga dela.

Depois, uma análise da arcada dentária confirmou que era realmente a antiga dona da casa.

Segundo a polícia, até então não havia qualquer suspeita de que Carmem pudesse estar enterrada no quintal da própria casa.

Os lírios da paz e tijolos deixados especificamente onde ela estava enterrada deixam a impressão em quem acompanha o caso de que foram uma tentativa de dificultar a localização dos restos mortais da idosa.

Fátima e Roberto acreditam que se não fizessem a mudança no jardim, a ossada de Carmem ficaria enterrada ali por muito mais tempo ou talvez nunca fosse achada.

A Polícia Civil de Ubatuba instaurou um inquérito sobre o material encontrado no jardim. Após a confirmação de que se tratava de Carmem, a investigação sobre o desaparecimento dela, aberta em 2013, foi desarquivada, e os dois procedimentos passaram a ser conduzidos em conjunto.

A apuração sobre o desaparecimento de Carmem começou em agosto de 2013. Os vizinhos haviam estranhado o sumiço da mulher, não conseguiram contato com ela e acionaram a polícia, que começou as buscas e abriu um inquérito para investigar o caso.

Uma das pistas encontradas na época foi o carro de Carmem, localizado em um outro bairro. No veículo, que tinha sido abandonado após uma batida, estavam objetos pessoais de Carmem.

Na época, policiais foram à casa em busca de pistas, sem sucesso. Os familiares, que moram em outras partes do país, acompanharam a investigação a distância.

Vizinhos e conhecidos prestaram depoimento. Eles disseram que Carmem era simpática e querida por muitas pessoas.

Em sua conta no Facebook, ela compartilhava várias fotos dos animais e demonstrava ser apaixonada por dança e pelo mar. O perfil também mostra como seu desaparecimento causou preocupação.

“Cadê você?”, escreveu uma mulher, em 2013. As mensagens continuariam a chegar nos anos seguintes. “Onde quer que você esteja, muita paz. Olhe por nós”, escreveu outra amiga da aposentada em 2014.

“Muitas saudades. Uma amiga inesquecível. Alguém teria alguma notícia dela?”, perguntou outra mulher em 2015.

“Esta é Carmem*, está desaparecida, seu carro foi roubado e encontrado batido. Se alguém souber algo, por favor comunique à polícia”, compartilhou uma outra mulher em 2016.

Os amigos e familiares conviviam com a falta de respostas sobre o desaparecimento. A investigação não conseguiu concluir se ela tinha sido assassinada ou deixado sua casa por vontade própria.

A polícia apurou desavenças que a idosa tinha. Algumas pessoas chegaram a ser investigadas porque “poderiam ter algum motivo para prejudicá-la”, segundo o Ministério Público de São Paulo, mas sem nenhuma prova conclusiva.

Foi apurada a possibilidade de a idosa ter sido vítima de um latrocínio — quando uma pessoa é morta em razão de um roubo —, mas a suspeita não foi comprovada.

Em janeiro de 2020, o Ministério Público pediu o arquivamento do inquérito porque não havia, até então, “vestígios materiais que permitissem inferir com segurança que ela teria sido alvo de um ataque”.

Ninguém foi preso, e o desaparecimento seguiu como um mistério até janeiro passado. Após a localização da ossada, o Ministério Público pediu o desarquivamento da investigação, e novas testemunhas foram ouvidas.

“Depois que o corpo foi encontrado, foi possível esclarecer mais coisas”, diz o delegado Bruno de Azevedo Aragão, atual responsável.

A perícia na ossada não apontou indícios de que Carmem tenha sido assassinada a tiros ou facadas. A suspeita é de que tenha sido estrangulada e, depois, enterrada no jardim.

“Havia a esperança de identificar que ela foi vítima de estrangulamento, porque normalmente há fratura no pescoço. Mas a perícia não conseguiu chegar a essa conclusão, por causa da esqueletização (fase avançada da decomposição dos restos mortais)”, diz o delegado.

“Como não foi detectada marca de bala ou faca, eu ainda acredito em estrangulamento. Porém, não é um diagnóstico fechado, até porque não conseguimos isso com a perícia por conta do tempo (que ela permaneceu enterrada)”, acrescenta Aragão.

A ossada foi encaminhada para os familiares de Carmem, que foi cremada. A reportagem entrou em contato com parentes dela, que não quiseram conceder entrevista.

Por meio de um advogado, disseram que têm acompanhado a investigação e acreditam que logo haverá punição a quem cometeu o crime.

Até o momento, a polícia não sabe se o crime foi praticado por uma única pessoa ou se envolveu mais gente.

A previsão é de que a investigação seja concluída em, aproximadamente, um mês. O delegado diz que pretende então esclarecer os detalhes do crime e indiciar os envolvidos.

‘Se colocou luz em uma situação que estava nas trevas’

Para a família de Fátima e Roberto, a descoberta foi perturbadora. “Depois, a gente ficou imaginando ela sendo morta e arrastada para o quintal”, diz a mulher.

Ela conta que passou a evitar o local em que a ossada foi encontrada. “Às vezes, ainda olho para o lugar e fico imaginando como tudo ocorreu. Não gosto de ficar pensando nisso, não”, diz Fátima.

“Ficamos bem assustados, mas vamos seguindo, trabalhando e na correria da vida vamos levando”, diz Roberto.

Hoje, os pais acham que as piadas que os filhos faziam sobre a possibilidade de Carmem estar enterrada no local foi uma espécie de “intuição de criança”.

A forma como os filhos do casal enxergam a residência mudou. “A mais nova é a que tem mais medo. Por ela, teríamos saído dessa casa em janeiro”, comenta Fátima.

A família cogitou se mudar, mas desistiu da ideia. “Mas a gente não ficou em paz aqui, não”, desabafa Fátima.

Fátima e Roberto torcem para que a morte de Carmem seja esclarecida. Para os dois, a história da mulher sempre fará parte das lembranças deles e dos filhos. “É algo trágico e marcante, que irá nos acompanhar”, diz Roberto.

No entanto, o casal, que é católico, conversou com um padre e diz que passou a enxergar a situação como um “propósito de Deus”.

“O corpo dessa mulher estava escondido e indigno. Não teve nem sepultamento, e a família não tinha certeza se ela estava viva ou morta. Essa descoberta colocou luz em uma situação que estava nas trevas”, afirma Roberto.

Roberto conta que plantou duas orquídeas onde Carmem havia sido enterrada. Menos de uma semana depois, uma delas floriu. Para a família, foi uma espécie de agradecimento.

*Nomes alterados para proteger as identidades dos membros da família e da proprietária da casa.

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