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Câmara aprova poupança do ensino médio para 2,5 milhões de estudantes

Câmara aprova poupança do ensino médio para 2,5 milhões de estudantes - Foto: reprodução
Câmara aprova poupança do ensino médio para 2,5 milhões de estudantes – Foto: reprodução

A Câmara dos Deputados aprovou na noite dessa terça-feira (12/12) o projeto que cria um incentivo financeiro para o aluno do ensino médio. Caso o texto seja aprovado no Senado, e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cada aluno receberá R$ 200,00 por dez meses em cada um desses três anos.

No final de cada ano letivo, se o estudante assegurar uma frequência mínima e for aprovado, receberá um adicional de R$ 1.000,00, que só poderá ser sacado na conclusão dessa fase. Um dos pré-requisitos para ser beneficiado é que o aluno esteja cadastrado no Bolsa Família. Uczai estima que cerca de 2,5 milhões de alunos do ensino médio e também do Educação de Jovens e Adultos (EJA), sejam beneficiados. Desse total, 2,4 milhões estão no ensino regular, idade entre 14 A 18 anos, e 170 mil no EJA, de 19 a 24 anos.

O projeto é de autoria da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que relatou as dificuldades que passou para estudar.

“Vivi essa pauta dentro da minha, o problema da evasão escolar. Meu pai começou a trabalhar cedo. Minha mãe engravidou cedo, não concluiu o ensino médio. Era diarista e meu pai, cobrador de ônibus. O perdi cedo para as drogas. Minha história só é diferente da de milhões de estudantes graças a muitas intervenções. Recebi uma bolsa de R$ 100,00. Com esse dinheiro construimos o quarto da nossa casa. Com esse projeto, nenhum aluno vai ter que escolher entre levar um prato de comida para casa ou terminar seus estudos”, disse Tabata Amaral.

O aluno poderá sacar os R$ 200 já após a matrícula. O estudante poderá ser desligado do programa se for reprovado ou se não mantiver uma frequência escolar de pelo menos 75%. No final dos três anos, o programa terá investido cerca de R$ 21 bilhões, valores repassados aos alunos. Cada estudante do ensino médio que cumprir os três anos terá recebido no final cerca de R$ 9 mil.

Uczai afirmou que esse tipo de incentivo financeiro reduz a evasão escolar, já que o acesso ao recurso manterá o aluno na escola. “Os desafios do abandono e da evasão escolar, bem como das sucessivas reprovações e da distorção idade-série, permanecem instalados nos sistemas educacionais e exigem políticas públicas específicas para sua superação”, afirmou o parlamentar.

Governo encaminha projeto para mudar o ensino médio

Governo encaminha projeto para mudar o ensino médio – Foto: reprodução

O governo encaminhou esta semana ao Congresso o projeto que trata do novo ensino médio. O texto já está na Câmara, aguardando encaminhamento para as comissões e chega com pedido de urgência. Ou seja, terá uma tramitação acelerada.

Basicamente, a proposta estabelece as diretrizes para o novo ensino médio, isso depois do cronograma de implantação dele ter sido suspenso lá em maio. Entre as principais mudanças: a Formação Geral Básica, aquela para todos os estudantes, volta a ter no mínimo 2400 horas, o Espanhol volta a ser obrigatório e disciplinas como filosofia e sociologia voltam aos componentes curriculares.

Já os itinerários formativos, aqueles voltados para diversas áreas e que eram de escolha do aluno, deverão ter os parâmetros definidos. Na prática, a proposta acaba, por exemplo, com a oferta de disciplinas diversas e, muitas vezes, sem relação com o currículo escolar. É o que avalia o pesquisador e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Daniel Cara.

Para contextualizar: o Novo Ensino Médio é de 2017, ainda do governo Temer. Em maio agora, o governo suspendeu o cronograma de implantação da proposta justamente por conta de críticas e dificuldades na aplicação das regras. Agora, segundo Daniel Cara é tratar da discussão no Congresso. E, enquanto isso, aguardar a sanção da proposta aprovada pelo Senado também nesta semana sobre as cotas. Foram, basicamente, duas mudanças importantes: a inclusão dos quilombolas na política de cotas e a redução da renda para acesso a essa política. Hoje é de um salário mínimo e meio. A proposta aprovada prevê renda familiar igual ou menor a um salário mínimo.

Se por um lado, a entrada de quilombolas nas cotas é vista como positiva, por outro, a mudança na renda de acesso é alvo de críticas. O entendimento é o de que essa regra vai restringir e dificultar ainda mais a entrada por meio de cotas no ensino superior. É o que explica Daniel Cara.

A preocupação dele se justifica: dados do Censo da Educação Superior feito pelo Inep, mostram que o total de estudantes que entraram em universidades federais por meio de cotas caiu. Ano passado foram pouco mais de 108 mil. Número 13% menor do que há uma década. Na avaliação de Daniel Cara, não basta reduzir a renda, mas garantir a permanência do aluno na universidade com bolsas e outros programas, por exemplo.

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