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Governo libera 5 parques nacionais para privatização; 3 estão em Minas Gerais

O governo federal formalizou a inclusão cinco parques nacionais na lista de privatizações, sendo três deles em Minas Gerais. Estão no estado mineiro os Parques Nacionais da Serra da Canastra, da Serra do Cipó e de Caparaó – este última fica na divisa com o Espírito Santo.

O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, localizado no Rio de Janeiro, e a Floresta Nacional de Ipanema, que fica em São Paulo, também serão privatizados.

A intenção é que a iniciativa privada assuma os locais e preste serviços públicos de apoio à visitação, com previsão do custeio de ações de apoio à conservação, à proteção e à gestão. Entre eles, manutenção, portaria e proteção ambiental, como corpo de brigadistas.

A decisão foi assinada pelo presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (8). Assim, os parques entram para o Programa Nacional de Desestatização e para o Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República.

As datas dos leilões ainda não foram divulgadas, mas em 2019 foi iniciada uma negociação para que a Vale assuma os três parques no território mineiro. O acordo estava sendo costurado pela empresa com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio do governador Romeu Zema.

A privatização das unidades de conservação foi autorizada em agosto de 2021, mas ainda aguardava a decisão oficial. Em outra resolução do governo assinada por Guedes e pela secretária do Programa de Parcerias de Investimentos, Martha Seillier, há a justificativa que a privatização é importante para que a União concentre esforços em atividades nacionais em que a presença do Estado seja fundamental.

Além disso, eles alegam “a necessidade de ampliar as oportunidades de investimento e emprego no país e de estimular o desenvolvimento econômico nacional, em especial por meio de ações centradas na ampliação e na melhoria da infraestrutura e dos serviços voltados ao cidadão”.

A medida faz parte de uma agenda que pretende privatizar 20 áreas de floresta. Já foram realizados os leilões dos parques nacionais de Aparados da Serra e de Serra Geral, que fica entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e as florestas nacionais de Canela e de São Francisco de Paula, no estado gaúcho.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os cinco espaços somam mais de 280 mil hectares de áreas protegidas e fazem parte de três biomas distintos: Cerrado, Mata Atlântica e no bioma marinho costeiro.

Cerrado

O Parque Nacional da Serra do Cipó, tem uma área total de 33.800 hectares, com vegetação característica do Cerrado e no município Santana do Riacho, na Região Central de MG.

Montanhismo

O Parque Nacional do Caparaó fica na Serra do Caparaó é um dos locais mais procurados para montanhismo no Brasil. A reserva tem trilhas em vegetação da Mata Atlântica, cachoeiras, piscinas naturais, e abriga o terceiro ponto mais alto do País, o Pico da Bandeira, que tem 2.892 metros de altitude. O território do parque é de aproximadamente 31,8 mil hectares.

Canastra

O Parque Nacional da Serra da Canastra tem área de 71,5 hectares e está nas cidades de São Roque de Minas, Sacramento e Delfinópolis, no sudoeste do estado. Na unidade há vegetação características do cerrado, além de campos rupestres e matas ciliares.

Governo quer privatizar Eletrobras e mais oito estatais em 2021

Apesar do ministro da Economia, Paulo Guedes, já ter admitido frustração com o ritmo das privatizações, o governo federal aprovou a inclusão de mais 58 ativos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) na última quarta-feira (2). Por isso, agora, espera leiloar nove estatais e 115 ativos de infraestrutura, com o potencial de atrair R$ 367 bilhões em investimentos privados, só no próximo ano.

O cronograma do PPI prevê a desestatização dos Correios, da Eletrobras, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), da Trensurb, da Emgea, da Ceasaminas, da Codesa e do Nuclep em 2021, além de avanços na liquidação da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores de Garantias (ABGF).

Ainda no próximo ano, estão previstos os leilões do 5G e de 24 aeroportos, como os de Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP). O governo ainda pretende entregar à iniciativa privada 16 terminais portuários, seis rodovias, três ferrovias, oito terminais pesqueiros, seis parques e florestas, três blocos de óleo de gás, três áreas de mineração e 24 projetos subnacionais de saneamento, iluminação pública e resíduos sólidos.

A carteira foi aprovada nesta quarta-feira na última reunião do ano do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), que se reuniu no Ministério da Economia com a participação do ministro Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro. O planejamento, contudo, supera e muito a agenda de leilões efetivamente realizada neste ano. O governo realizou 18 leilões neste ano e espera realizar mais 11 neste mês de dezembro, para fechar o ano com R$ 39,1 bilhões de investimentos e R$ 4,7 bilhões de outorgas e bônus.

Secretária Especial do PPI, Martha Seillier admitiu que a carteira é “gigantesca”, mas frisou que esse cronograma considera tudo o que é viável de ser leiloado em 2021. “Todos os projetos apresentados com leilões possíveis em 2021 já estão em curso em termos de estruturação, todos os portos, aeroportos, ferrovias, projetos de energia, já estão com estudos de viabilidade em curso, muitos deles inclusive já com estudos no TCU, outros com estudos já aprovados pelo TCU e outros com editais inclusive já publicados. Então, acreditamos na viabilidade dessa carteira”, afirmou.

Martha ainda lembrou que muitos dos leilões que estavam previstos para 2020 precisaram ser adiados para 2021 por conta da crise causada pela pandemia de covid-19, como o dos aeroportos. E disse, por conta desses adiamentos, o PPI “pisou no acelerador” em 2020, a pedido de Guedes e do Ministério da Infraestrutura, para poder garantir esses leilões no próximo ano. “Após a crise de saúde, acreditamos que os investimentos decorrentes dos leilões previstos para 2021, que ultrapassam R$ 361 bilhões, vão ser a chave para a retomada”, afirmou.

“Escorregar para 2022”
A secretária admitiu, contudo, que alguns desses projetos podem “escorregar para 2022” por conta do rito legal que o governo precisa cumprir antes de leiloar um ativo. “A agenda de desestatização passa por etapas que dificultam que o executivo crave data de leilão, primeiro a complexidade dos estudos de viabilidade, depois o período de consulta pública, depois a etapa de avaliação pelo Tribunal de Contas da União
(TCU)”, lembrou.

“Mesmo que você tenha um deslocamento de meses e alguns projetos entrem em 2022, o importante é nosso compromisso de entregar todos os ativos e atrair parceiros privados para todos eles”, acrescentou. Já estão no cronograma de 2022 a desestatização da Serpro, da Dataprev e da Telebrás.

Além desse rito, o governo ainda precisa da aprovação do Congresso Nacional para tirar do papel alguns dos projetos, como a desestatização dos Correios e da Eletrobras. A secretária do PPI, no entanto, mostrou-se confiante na aprovação desses projetos. Ela disse que o projeto de lei que abre espaço para a privatização dos Correios já está pronto e aguarda apenas o despacho do presidente Bolsonaro para ser enviado ao Congresso, o que deve ocorrer “nos próximos dias”.

E argumentou que a desestatização da Eletrobras prevê a ampliação dos investimentos no sistema elétrico nacional, sobretudo em regiões mais carentes, como o Norte, que recentemente sofreu com o apagão do Amapá.

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