Jornal Folha Regional

Governo de Minas nega o rateio do Fundeb aos profissionais da educação, embora admita recursos em caixa da ordem de R$2,5 bi

Foto: Studium

Durante reunião realizada na última quarta-feira (14), na Cidade Administrativa em Belo Horizonte, com representantes das Secretarias de Estado do Planejamento e Gestão e de Governo, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) fez o debate sobre a viabilidade, necessidade e legalidade do pagamento do rateio dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). “Se há recursos, é preciso ter o rateio”, reforçou a direção estadual do Sindicato.

Para o Sind-UTE, não há outra justificativa para essa recusa a não ser ´falta de vontade política´. Esse raciocínio sustenta-se ao considerarmos que o governo não negou a existência dos recursos nos diversos debates sobre o tema. Tivemos a pauta discutida em audiência pública da Comissão de Educação, nas atividades do Assembleia Fiscaliza, nas reuniões de negociação com o sindicato, especialmente, na ocorrida nesta manhã. Em nenhum desses momentos os dados apresentados pelo sindicato foram refutados pelo governo. São mais de R$2,5 bilhões em conta, dinheiro da educação, que por lei deve ser aplicado em politicas de valorização da categoria.

Desvalorização e desemprego

Numa cobrança propositiva e fundamentada na falta de valorização da categoria, do não reconhecimento do Piso Salarial por esse governo, do não reajuste referentes ao Piso recomendados pelo MEC, o Sind-UTE fez ainda a denúncia do quanto a categoria tem sido assolada pelo desemprego e a falta de perspectiva nos últimos anos, tendo sido constantemente atingida por atos que refletem opções políticas do governo que, mesmo tendo dinheiro em caixa da educação, prefere não reconhecer os direitos de uma categoria empobrecida.

Negativa do governo ataca o direito de cada trabalhador/a da educação receber quase R$9 mil a título de rateio

Mesmo diante dos dados e argumentos, exaustivamente, comprovados pelo Sindicato, a Secretária de Planejamento e Gestão, Luiza Barreto, reafirmou que não haverá o rateio do Fundeb e que o governo deixará parte dos recursos (que deveriam servir ao pagamento do rateio), para execução no primeiro quadrimestre do ano.

Considerando a dimensão estruturante e crucial do Fundeb para o desenvolvimento das políticas de valorização dos profissionais da educação, nos manteremos firmes nessa luta. Afinal, se o que falta é vontade política, vamos precisar de muita mobilização e coragem para enfrentar esse governo que, definitivamente, elegeu nossa categoria como inimiga e tem demostrado isso em cada ato, em cada decisão, em cada política que promove.

Pais e responsáveis por alunos da rede estadual de ensino reclamam de greve dos servidores da educação; SSE/MG se posiciona

Professores e servidores da rede estadual de educação estão em greve desde o início de março. A principal reivindicação da categoria é o pagamento do piso salarial, o que implicaria reajuste de 33, 24%. Porém, a paralisação não tem agradado diversos pais ou responsáveis pelos alunos.

A mãe de duas alunas da Escola Estadual de Furnas, em São José da Barra (MG) reclama que a greve irá comprometer futuramente as filhas a realizarem vestibulares e concursos. Ela ainda diz que devido às aulas remotas estabelecidas por consequência da pandemia da Covid-19, as filhas não adquiriram nenhum tipo de conhecimento nos últimos dois anos.

A responsável pelas alunas informou que ao procurar por uma servidora da Superintendência Regional de Ensino de Passos, a profissional a tratou mal, pedindo à mãe para se informar no sindicato e não na SRE.

‘’Por que a greve não foi aderida no período de pandemia? Por que não reivindicaram o aumento de salário na pandemia? Teve aula normal, mas daquele jeito, onde não aprendiam nada e passavam de ano normalmente. Minhas filhas fizeram todas as apostilas, e sabemos que tem alunos que não fizeram nada e a diretora escolar ligou para fazerem uma prova de 34 questões afirmando que todos iriam passar para o próximo período escolar”, afirmou a mãe.

Ela também critica o ensino em tempo integral, frisando que o plano prejudica as famílias. A mãe ainda diz que faltam alimentos para os alunos da Escola Estadual de Furnas, visto que a direção da mesma solicitou que sua filha levasse um litro de óleo para a escola.

“O período integral implantado na escola não está oferecendo resultados e sim tirando os filhos que ajudam os pais em casa, pois a maioria das famílias estão enfrentando problemas financeiros devido à pandemia e os pais ‘pobres’ contam com o apoio dos filhos diariamente para amenizar os problemas. E a escola no período vespertino não está tendo lanche, minhas filhas tiveram que levar óleo de casa para ajudar na escola. Como manter um período integral se não tem condições de dar alimentação para os alunos? As cantineiras fazem da tripa ao coração e a diretora deixa tudo para última hora”.

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) disse que durante o período de suspensão das atividades escolares presenciais devido a pandemia, desenvolveu o Regime de Estudo não Presencial, que contou com três principais ferramentas para acesso aos conteúdos escolares: o Plano de Estudo Tutorado (PET), o programa Se Liga na Educação e o Aplicativo Conexão Escola.

‘’Além disso, foram realizadas avaliações diagnósticas, de forma individualizada, para apontar quais habilidades os estudantes conseguiram ou não consolidar durante o ensino remoto. Também foram ofertadas turmas de Reforço Escolar, priorizando estudantes reprovados e em progressão parcial, para os conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática, que também tem turmas previstas para este mês, apoiando os estudantes na consolidação dos conteúdos’’, informou a Secretaria.

Segundo a SEE/MG, a alegação sobre a falta de alimentação dos alunos da Escola Estadual de Furnas ‘’não procede’’.


‘’A alimentação escolar foi ofertada normalmente durante todos os dias letivos. A unidade escolar está recebendo os recursos em dia e dispõe de verba para disponibilizar a alimentação escolar de qualidade aos alunos e servidores. No momento, a unidade de ensino encontra-se paralisada em função da adesão dos profissionais da escola à manifestação. Vale destacar que, desde o ano passado, a SEE/MG dobrou o recurso destinado à merenda escolar, com um incremento de R$ 170 milhões sobre o valor que normalmente é repassado pelo Estado, totalizando R$ 340 milhões de recurso estadual’’.

A Secretaria disse que representantes do Governo de Minas mantêm diálogo com a categoria e têm participado das reuniões de conciliação realizadas pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Além disso, tramita atualmente projeto de lei enviado pelo Executivo que prevê o reajuste salarial de 10,06% para todos servidores públicos estaduais, incluindo os da Educação. ‘’O percentual estabelecido é o que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) permite no momento’’.

‘’Em decisão homologada em audiência de conciliação realizada na quinta-feira (31 de março) no TJMG, o Governo de Minas Gerais informou que vai destinar mais R$ 30 milhões para o pagamento do rateio extraordinário do Fundeb, com o objetivo de ampliar o número de servidores da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) a serem beneficiados. No dia 20 de janeiro de 2022, o Governo de Minas já havia pagado rateio extraordinário dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Foram distribuídos R$ 539 milhões entre os servidores da Educação lotados e em exercício nas escolas estaduais durante o ano de 2021, contemplando cerca de 226 mil cargos, conforme os critérios estabelecidos pela nova lei do Fundeb’’.

A SEE destacou que permanece vigente a decisão do TJMG, do dia 9 de março, que determinou a suspensão da greve dos servidores da educação, sob pena de multa diária no valor de R$ 100.000,00.

A Secretaria visa alinhar e planejar os procedimentos de reposição de aulas, sendo elaborado um cronograma para os dias paralisados, caso haja necessidade.

Apesar de a assembleia estar marcada para às 14h, a votação sobre a continuidade ou não da greve ainda não começou porque uma audiência de conciliação no TJMG está sendo realizada entre o governo de Minas e o Sindicato Único dos Trab em Educação de Minas Gerais (SindUTE).

Professores da UEMG entram em greve e pedem reajuste de 71%

A Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) é mais uma instituição em greve no Estado. Desde essa sexta-feira (18/3), professores da UEMG cruzaram os braços para pedir, entre outras pautas, recomposição salarial de 71%, referente à falta de reajustes entre 2012 e 2021.

Outras pautas da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Aduemg) são a incorporação de todas as gratificações ao salário, a implementação de um novo plano de carreira e a não adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que mudaria a carreira do professor.

Também solicita a abertura de editais para ampliar o regime de trabalho de 20 para 40 horas, de acordo com a demanda das unidades. Outro pedido é a contratação de professores substitutos em regime de 40 horas, com isonomia salarial em relação aos efetivos.

A imediata nomeação de professores aprovados em concurso público e a abertura de novos editais convocatórios também são demandas da Aduemg.

“A greve foi votada e aprovada na nossa última assembleia-geral da categoria, que bateu recorde de participação. Teremos uma nova assembleia-geral na próxima terça (22/3), às 14h. Nós também teremos atos gerais e locais na próxima semana. É importante que a categoria permaneça em defesa da universidade pública de Minas Gerais”, disse o vice-presidente da Aduemg, Cássio Diniz, em vídeo gravado no Instagram.

De acordo com Cássio Diniz, a categoria conta com apoio das associações estudantis e de profissionais da educação da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), também ligada ao Executivo Estadual.

Outro lado


Em nota, o Governo de Minas informou que “tramita na Assembleia Legislativa de Minas projeto de lei que prevê o reajuste salarial de 10,06% para todos servidores públicos estaduais. O percentual estabelecido é o que a Lei de Reponsabilidade Fiscal (LRF) permite no momento”.

O governo ainda informa que “retirou o regime de urgência do projeto de lei do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para que o texto sobre a recomposição de perdas inflacionárias a todos os servidores de Minas Gerais possa ter a máxima celeridade na avaliação e aprovação”.

Ainda de acordo com a administração pública, “em junho de 2021, foram nomeados 180 professores de educação superior aprovados como excedentes em concurso público para 17 unidades da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). Outros 256 professores foram nomeados em 2020. Além disso, há um concurso em andamento para preencher 56 vagas docentes dos cursos de saúde da unidade de Passos, no Sul de Minas”.

Prefeito de Capitólio autoriza reajuste para piso salarial dos professores da rede pública de educação

O prefeito de Capitólio (MG), Cristiano Geraldo da Silva (PP), autorizou o reajuste para o piso salarial dos professores da educação básica da rede pública. O valor do salário base dos professores passará para R$ 2.921,78 para a carga horária de 24 horas semanais.

Em Capitólio o reajuste será pago já na folha de pagamento do magistério no mês de março. Nesta mesma folha também será contemplada a diferença referente aos meses de janeiro e fevereiro, pois o projeto enviado pelo executivo à câmara prevê que o reajuste seja retroativo.

De acordo com a secretária municipal de educação de Capitólio, Silvana Gazott, o reajuste atingirá 143 profissionais. Com o aumento, o salário das auxiliares de creche passa para R$ 1.738,05; professores R$ 2.921,78 para a carga horária de 24 horas; supervisores R$ 3.653,55 com a carga horária de 30 horas semanais; diretores R$ 6.180,37; vice-diretores R$ 3.082,00; técnico desportivo I R$ 2.430,94; técnico desportivo II R$ 2.855,29.

A secretária explica que o reajuste de 33% foi calculado a partir do último aumento do piso nacional realizado em 2020. Ela afirma ainda que o reajuste é um avanço significativo para a valorização dos professores almejada pela atual administração. Lembrou ainda que em dezembro de 2021 foi apresentada à categoria a minuta do estatuto e plano de cargos e salários dos profissionais do magistério e que logo que sejam concluídos os estudos de impacto financeiro, o projeto será enviado a votação na câmara.

A frente da pasta da Educação desde janeiro de 2021, Silvana ressalta que a administração está investindo em qualidade na educação, com melhorias na estrutura das unidades escolares, compra de materiais permanentes, aquisição de materiais didáticos e formação continuada para os profissionais. Para a secretária, a educação de qualidade promove a transformação na vida das pessoas. ‘’Compromisso feito, compromisso cumprido’’.

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