Jornal Folha Regional

Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais

Estratégia, apoiada pelo Sebrae Minas, oferece mais segurança para o consumidor e garante a rastreabilidade dos produtos

Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais - Foto: reprodução
Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais – Foto: reprodução

Para resguardar a origem dos Queijos Minas Artesanais (QMA) e valorizar a conquista das chancelas de Indicação Geográfica (IG), produtores de queijo da Canastra, no Centro-Oeste do estado, e do Serro, no Vale do Jequitinhonha, apoiados pelo Sebrae Minas, estão utilizando selos de procedência para evitar falsificações e criar diferenciais competitivos no mercado.

Tanto o Serro como a Canastra conquistaram, respectivamente em 2011 e 2012, a IG na modalidade de Indicação de Procedência (IP), conferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A chancela reconhece a autenticidade dos queijos produzidos em determinada região, valorizando a cultura e a tradição local, impulsionando o desenvolvimento econômico do território e fortalecendo a reputação regional.

“O reconhecimento de regiões produtoras delimita as áreas de produção e permite que os produtores se organizem e direcionem ações para a conquista de novos mercados. Ao mesmo tempo, viabiliza o apoio de instituições e entidades de fomento e extensão rural. Além disso, a notoriedade do queijo e as características de cada região permite que o consumidor passe a valorizar não só o produto em si, mas as histórias e tradições de onde ele é originado”, afirma o analista do Sebrae Minas, Ricardo Boscaro.

Em 2017, após uma missão internacional para a França, lideranças da Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan) conheceram uma nova tecnologia para evitar a falsificação de queijos. A solução trata-se de uma etiqueta a base de uma proteína comestível do próprio leite (caseína) e carbono vegetal, incorporados ao queijo durante o processo de produção. A etiqueta de caseína da Canastra é o próprio Selo da Indicação de Procedência, que contém um código numérico único, que ao ser inserido no site da Aprocan, identifica o produtor,  local de origem e o dia da fabricação.

“O objetivo da etiqueta de caseína é controlar e proteger a produção do legítimo queijo da Canastra, funcionando como uma ferramenta de identificação de cada peça produzida, que é única. Permite aos produtores comprovar a procedência e a legitimidade dos queijos produzidos nos municípios que, reconhecidamente, fazem parte da região da Canastra – São Roque de Minas, Medeiros, Vargem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis, Bambuí e Piumhi -, além de inibir a falsificação e permitir sua rastreabilidade”, explica Boscaro.

Para receber o selo, o produtor tem que cumprir uma série de requisitos do Caderno de Especificações Técnicas da IG, entre elas, apresentar registro sanitário e seguir os padrões sensoriais do produto.  Atualmente, cerca de 45 dos 800 produtores da região utilizam o selo da Indicação de Procedência (IP).

Fortalecimento do território

Em março deste ano, quatro produtores de queijo da região do Serro, receberam os primeiros selos que comprovam a procedência e a legitimidade do modo de fazer queijo artesanal em 10 municípios que formam a área delimitada pela IG. Como na Canastra, o selo permite a rastreabilidade do produto inibindo possíveis falsificações.

O selo de procedência – adesivado na embalagem dos produtos – possui a marca da região, a identidade da Indicação de Procedência (IP), um QR Code e um código numérico, que identificam o produtor e a peça fabricada, e que podem ser consultados no site da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs).

Outros quatro produtores já estão em processo de análise. Aqueles que produzem queijo na região e queiram pleitear o selo devem cumprir as normas estabelecidas no Caderno de Especificações Técnicas, além de passarem por visitas de verificação que comprovem que o produtor segue as especificações exigidas. “Os selos valorizam a origem e fortalecem a representatividade do queijo do Serro no mercado, possibilitando o aumento da renda do produtor e, consequentemente, a melhoria da sua qualidade de vida”, conta Boscaro.

QMA

Atualmente, 15 regiões de Minas Gerais produzem queijos artesanais a partir do leite cru (in natura) e sem nenhum processo mecânico/industrial. Dessas, 10 regiões – Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro – produzem o tipo Queijo Minas Artesanal (QMA), em pequenas propriedades rurais, utilizando receitas tradicionais e familiares, que preservam a identidade cultural do povo mineiro. 

Para preservar essa tradição e garantir a qualidade do produto, o ‘modo de fazer’ do QMA tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008. No final deste ano, esse reconhecimento poderá ser internacional com a conquista do título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A candidatura é apoiada pelo Sebrae Minas.

Festival 

O Sebrae Minas e o Sistema Faemg Senar promovem, entre os dias 13 a 15 de junho, a 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas (FQAM). O evento é realizado no Expominas, em Belo Horizonte. A programação do festival é voltada tanto para produtores de queijo quanto para apreciadores da iguaria. Entre as atividades, palestras e seminários técnicos, oficinas de harmonização, Agenda de Relacionamento votação popular para escolha do melhor queijo do festival, venda de produtos da agroindústria mineira, além da degustação de pratos preparados por chefs renomados, que utilizarão os queijos produzidos no estado como ingredientes principais. Informações: festivalqam.com.br.

SERVIÇO

6º Festival do Queijo Artesanal de Minas (FQAM)

Dias 13 e 14 de junho (quinta e sexta-feira), das 12h às 22h, e dia 15 de junho (sábado), das 10h às 22h.

Expominas – Avenida Amazonas, 6.200 – Gameleira

Belo Horizonte/MG

Inscrições: festivalqam.com.br

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

A cidade de Ipanema, no Vale do Rio Doce, registrou, neste sábado (1/6), o recorde de maior queijo padrão do mundo. A marca de 2.870 quilos foi alcançada durante a realização da 14ª Festa do Queijo, maior e mais importante evento do município.

Ainda durante o evento, os produtores locais também superaram os recordes de maior doce de leite, maior queimadinha e, pela primeira vez, do maior pão de queijo feito no planeta. As novas marcas registradas substituem os resultados obtidos no ano passado e que já pertenciam a cidade.

Todos os produtos foram pesados e auditados por representantes do livro dos recordes.

O vice-governador Professor Mateus esteve na cidade em uma série de compromissos e destacou a importância da Festa do Queijo de Ipanema no calendário de eventos de Minas Gerais. Para ele o evento une dois dos principais potenciais do estado, a agropecuária e a gastronomia.

“Para nós é uma alegria saber que Ipanema vem se destacando em tantos setores. Essa é uma festa muito bacana, que celebra, de uma só vez, duas das marcas mais relevantes de Minas Gerais. Por um lado, a sua produção da agropecuária, tanto o nosso doce de leito, quanto a queimadinha, quanto o pão de queijo, quanto o queijo em si, são fruto da nossa produção agrícola, que representa 25% de toda a riqueza produzida nesse estado. Por outro, temos a nossa cozinha, que é talvez a maior riqueza reconhecida de Minas Gerais”, celebra.

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, participou do momento de pesagem e partilha dos produtos para os turistas e moradores que lotaram a Praça da Paz, no centro de Ipanema. Ele destacou a importância da festa no calendário cultural de Minas.

“Ter a Festa do Queijo no nosso calendário é muito importante, pois ela sintetiza muito Minas Gerais, com o maior queijo, o maior doce, a maior queimadinha, e agora o maior pão de queijo. É a certeza de sucesso, porque mexe os nossos corações”, destaca.

Recordes

Em 2024, a empresa ‘Laticínio Dois Irmãos’ produziu o maior queijo do planeta, usando 28 mil litros de leite, a fim de quebrar o recorde do ano passado, com utilização de 26 mil litros. A expectativa era que o peso do queijo ultrapassasse os 2,7 mil quilos, atingidos em 2023. E a meta foi alcançada, a peça passou dos 2,8 mil quilos.

Para Matheus Nascimento, gerente do laticínio detentor do recorde, todo ano eles tentam se superar para não deixar que o título de maior queijo do mundo saia de Ipanema.

“É muita responsabilidade, e a gente fica muito apreensivo, porque é um recorde que é nosso, mas a gente sempre busca bater ele mesmo. Por mais que a gente planeje tudo, fica ainda naquela ansiedade, ‘será que vai bater, será que não vai, como que vai ser’. Mas, graças a Deus, até hoje a gente conseguiu obter e o sucesso nos recordes”, conta.

O doce de leite é outro produto que também ficou famoso na festa pelo seu tamanho e sabor. A fábrica de doces Nhá Nair é a responsável por confeccionar, desde 2013, o maior doce de leite do mundo. Neste ano, para superar a marca anterior, foi utilizado cerca de 2,5 mil litros de leite e 700 quilos de açúcar.

O responsável pela produção do doce, Marlúcio Venância, destaca que, além do tamanho do doce, eles prezam também pela qualidade. Mesmo sendo uma peça gigante, o sabor continua sendo irresistível.

“Ele não pode ser só o maior, tem que ser o melhor também. A intenção é manter a qualidade, a gente busca manter o sabor dos nossos produtos, mesmo sendo uma quantidade muito alta. É uma oportunidade de adoçar a boca de todo mundo”, explica.

Nesta edição, o maior doce de leite do mundo pesou 1.210 quilos, superando 1.070 quilos do ano passado. Por sua vez, o queimadinho produzido em Ipanema atingindo a marca de 1.550 litros.

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

Novidade

Um outro produto tipicamente mineiro também entrará no livro dos recordes neste ano. O pão de queijo de 4,03 kg, feito pelo salgadeiro Heraldo Borelli e sua esposa, foi considerado o maior já produzido no planeta. Pela primeira vez, a iguaria do nosso estado tem destaque na festa em Ipanema.

“Esse experimento de fazer o pão de queijo gigante está sendo um desafio pra gente, tem dois meses que estamos testando. Está sendo muito grandioso, como experiência pra gente. Eu pedi a Deus que abençoe essa novidade da festa. Que está todo mundo esperando”, conta Borelli.

Festa do Queijo

A ideia inicial, na primeira edição, em 2010, era criar um evento de valorização e desenvolvimento agropecuário, uma vez que Ipanema está situada em uma bacia leiteira importante para o estado. 

A secretária de Comércio, Indústria e Turismo da Prefeitura de Ipanema, Ana Carolina Alencar Queiroz Rodrigues, contou que a Festa do Queijo, além de alcançar o que pretendia no início, “foi ganhando mais notoriedade, incentivou o aumento da produção e melhorou a qualidade do leite. A festa traz empreendedorismo, valoriza o artesanato local e o produtor rural”. 

O evento é gratuito, organizado pela Prefeitura Municipal de Ipanema, e conta com o apoio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Durante os dias de festa, teve shows e partilha dos produtos (queijo, doce de leite, queimadinha e pão de queijo) entre as atrações.

O IMA, autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), registra e inspeciona estabelecimentos que processam produtos de origem animal, e participou ativamente de toda etapa de produção – desta e das edições anteriores. 

PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG

PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG - Foto: Divulgação/PMMA
PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG – Foto: Divulgação/PMMA

Na última sexta-feira (17), a Polícia Militar de Meio Ambiente apreendeu 530 kg de queijos durante uma operação na BR-352, na zona rural de Pitangui (MG). Dois homens que transportavam os produtos em uma caminhonete foram detidos.

A operação aconteceu em parceria com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Segundo a PMMA, durante abordagem, os militares constataram que cerca de 50 queijos possuíam rótulos com selos falsificados do IMA. Os produtos também não tinham nota fiscal e não estavam em condições de consumo humano.

A carga foi inutilizada com creolina, antisséptico e descartada no aterro controlado de Pitangui.

O motorista e passageiro da caminhonete foram encaminhados para a delegacia.

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional - Foto: divulgação
Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O queijo brasileiro Morro Azul, produzido no Laticínios Pomerode, em Santa Catarina, foi eleito o melhor do mundo em uma competição internacional.

O 3° Mundial do Queijo do Brasil foi realizado em São Paulo e avaliou mais de 1.900 produtos com um júri de 300 especialistas do ramo.

Feito com queijo de leite de vaca, o Morro Azul é super cremoso e tem uma casca mofada. Além do produto, outros queijos brasileiros tiveram destaque na competição. Veja o ranking dos 15 melhores abaixo!

Morro Azul

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O Morro Azul é produzido na cidade de Pomerode, pelos irmãos Juliano e Bruno Mendes.

Acumulando prêmios em várias competições, o produto foi eleito como o Melhor Queijo da América Latina, em 2023, no World Cheese Awards, Noruega.

Enrolado em uma cinta de madeira, o Morro Azul é um produto muito suave e cremoso.

Predominam notas manteigas e lácteas, o queijo é livre de lactose, uma vez que a mesma é eliminada naturalmente durante a maturação.

A premiação

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional - Foto: divulgação
Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O concurso foi realizado em duas etapas. Na primeira, o Mundial premiou 598 queijos e produtos lácteos com medalhas.

Ao todo, foram distribuídas 99 medalhas Super Ouro, 149 de Ouro, 150 de Prata e 200 de Bronze.

Após a primeira seleção, os 99 queijos Super Ouro receberam notas de 3 a 7, e o mais bem pontuado foi o Morro Azul.

Mas ele não estava só, os brasileiros marcaram forte presença entre os 15 primeiros.

Top 15 dos melhores queijos do mundo

Abaixo do Morro Azul ficaram os suíços, Le Gruyère AOP Rèserve, Guillot Vincent e Le Gruyère d’alpage AOP7, Stefan Konin.

Veja o top 15 abaixo:

  1. Morro Azul, Pomerode Alimentos, Brasil
  2. Le Gruyère AOP Rèserve, Guillot Vincent, Suíça
  3. Le Gruyère d’alpage AOP7, Stefan Konin, Suíça
  4. Doce de Leite Du’Vale, Rodrigo Do Vale Nogueira, Brasil
  5. Le Gruyère AOP Classic, Loic Pillor, Suíça
  6. Gigante do Bosque Florido, Heloisa Collins, Brasil
  7. Queijo Irmãos Faria, Rildo de Oliveira Faria, Brasil
  8. Vale do Testo, Pomerode Alimentos, Brasil
  9. Quina, Erico Kolya, Suíça
  10. Le Gruyère d’alpage AOP, Famille Cèdric Rochat, Suíça
  11. Manteiga Ghee Delícia da Cabrita, Marcelo Lopes, Brasil
  12. Ancestral das Vertentes, Edson da Costa Cardoso, Brasil
  13. Névoa das Vertentes Premium, Edson da Costa Cardoso, Brasil
  14. Azul Britânnia, Carolina Vilhena, Brasil
  15. Queijo Rouelle, Alisson Hauck Dornellas de Castro, Brasil

Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente

Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente - Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente – Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva presenteou o presidente da França, Emmanuel Macron, com cinco queijos brasileiros premiados, entre eles está o queijo Canastra do Serjão, produzido em Piumhi (MG).

O queijo do Serjão foi bronze no Mondial Du Fromage na França em 2019 e, em 2021, ganhou o Super Ouro na mesma competição.

Produzido por Sérgio de Paula Alves, tem a casca crocante e enrugada devido ao mofo branco que se instala naturalmente no queijo.

Desde 2008, o queijo Canastra é considerado patrimônio cultural imaterial brasileiro, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além do Queijo Canastra do Serjão, Lula também incluiu na seleção outros queijos mineiros, como o Goa Moderado de Aiuruoca, o Maranata Bronze de Virgínia, e o Lua Cheia de Bueno Brandão, bem como o Queijo da Ilha de Marajó (PA) e o Cuesta, de Pardinho (SP).

“Presenteei o presidente Macron com cinco dos melhores e mais premiados queijos brasileiros, inclusive reconhecidos na França, para que ele possa me dizer o que achou deles. Acho que ele vai gostar”, comentou Lula.

O presente foi dado na quinta-feira (28) em um evento em Brasília (DF) que marcou o último dia da passagem de Macron pelo Brasil.

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado - Foto: Divulgação / Acifranca
Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado – Foto: Divulgação / Acifranca

De casca ‘florida’ pelo mofo naturalmente formado pela microbiota da Serra da Canastra e maturação de 30 dias, o queijo “Névoa da Canastra”, produzido pela Queijaria Quintal do Glória, em São João Batista do Glória, conquistou medalha de prata na 6ª edição do Mondial du Fromage, em Tours, na França e tem atraído a atenção de especialistas e dos consumidores.

De acordo com informações do Portal da Associação do Comércio e Indústria de Franca (ACIF), o concurso foi realizado em setembro do ano passado e teve cerca de 1,6 mil queijos inscritos. “Já enviamos o queijo até para os Estados Unidos”, conta a produtora Nilseia dos Santos Rosa Vilela, 47, que começou a produção há seis anos, quando decidiu, junto com o marido, Renato Vilela, ir morar no sítio da família, atuar com produtos orgânicos e comercializá-los nas escolas da cidade.

“Fui atrás da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) para tratar dos orgânicos e eles estavam precisando de pessoas para completar a turma de fabricação de queijos. Fui. Meu tio, que mora próximo ao nosso sítio, comentou com o Renato que não me via há alguns dias e quis saber se eu estava doente, mas, meu marido contou que eu estava envolvida com as atividades do curso e ele se surpreendeu, perguntou se iríamos fabricar queijo. O Renato disse: que jeito, tio Célio? A gente não tem dinheiro nem ‘pra’ comprar as vaquinhas. No outro dia, lá chegou o tio Celio com cinco delas. E não é tradição na minha família, ninguém nunca fabricou queijo, então eu nunca tinha imaginado produzir. Pensei: se as vacas estão aqui, deve ser um recado de Deus, deixa eu começar a fazer”, conta Nilseia.

Curso feito, vaquinhas no pasto, foi o momento de iniciar a fabricação. Em casa, ainda sem muita estrutura, separou uma pia na varanda, fez a higienização do espaço, cercou com tela, organizou o armarinho de maturação e mãos à massa. “Gente… não dava certo”, lembra ela. “Joguei muito queijo fora. Mesmo assim, eu pensava: eu não vou desistir. Eu fazia muito curso no Sebrae e fui orientada a participar de uma palestra que eles trouxeram ‘pro’ Glória com o Ivair (Oliveira), do famoso Queijo do Ivair, de São Roque de Minas”.

A intenção, segundo Nilseia, era conversar com o palestrante ao final do evento para relatar as dificuldades e pedir dicas para que sua produção, enfim, funcionasse. O plano não deu certo e o palestrante se foi sem que a conversa acontecesse. No entanto, por intermédio dos agentes do Sebrae, o telefone da produtora foi enviado ao palestrante, que a surpreendeu com uma ligação.

“De repente, meu telefone toca e quem é? Ivair, me perguntando como ele poderia ajudar e eu disse que meus queijos não estavam dando certo. Ele nos convidou para ir até a fazenda dele, em São Roque de Minas, no sábado seguinte, para acompanhar o processo desde a ordenha até a produção e assim a gente fez”.

Após o ‘intensivão’ em São Roque de Minas, Nilseia e Renato decidiram investir na estrutura. “Não adianta, são muitos os cuidados, precisa ter um local apropriado e, a partir do momento que viemos para a queijaria, tudo mudou e os queijos começaram a dar certo”. De lá para cá, a queijaria Quintal do Glória foi premiada cinco vezes, recebendo medalhas de bronze e prata em concursos nacionais e na França.

“Eu não sei explicar muito bem a minha sensação. É um misto de satisfação, gratidão, muita coisa misturada. É um orgulho levar o nome da minha cidade”, diz Nilseia.

Leite cru, ‘pingo’ (fermento natural colhido do próprio queijo) e coalho. A receita é simples e seguida, sem alterações, por mais de 200 anos, tornando-se um patrimônio cultural e imaterial da região da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Mas, se a receita é a mesma, a região também, o que torna o Névoa da Canastra um queijo a ser premiado?

De acordo com a produtora, o processo é que faz toda a diferença. O extremo cuidado com a higiene durante todo o processo, desde a ordenha, a escolha do gado, a qualidade da água dada aos animais, a força no braço no momento da manipulação da massa, temperatura: tudo influencia no resultado final e cada queijaria tem o seu modo de aplicar os processos a uma receita universal.

“Apesar de estarmos todos na Canastra e termos o mesmo Terroá, leva-se em consideração o gado escolhido, o corte da massa, a força de quem espreme e cada particularidade faz um queijo ser único”, conta Nilseia.

Na Queijaria Quintal do Glória, o gado escolhido foi o 100% Jersey, cujo leite possui bom teor de gordura. Atualmente, o sítio em que se localiza a queijaria conta com 60% de mata nativa, 34 vacas e capacidade para produzir até 25 peças de queijo ao dia.

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado - Foto: Divulgação / Acifranca
Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado – Foto: Divulgação / Acifranca

Via: Clic Folha

Queijo Canastra está entre os três queijos mineiros na lista dos melhores do mundo

Queijo Canastra está entre os três queijos mineiros na lista dos melhores do mundo – Foto: reprodução

Três queijos brasileiros estão na lista dos 100 melhores do mundo do site “Taste Atlas”, espécie de enciclopédia online da culinária global. Na posição mais alta entre as opções do Brasil, está o mineiro Canastra, em 24º. Abaixo dele, estão o queijo coalho (85ª posição) e o queijo Minas (93ª).

O ranking leva em conta 1.378 queijos catalogados e 24.296 avaliações dos usuários do site, que classificam as opções de 0,5 a cinco. O Canastra alcança 4,47; o coalho, 4,3; e o Minas, 4,28. Veja a lista completa, em inglês.

Os três primeiros lugares da lista ficam com queijos italianos. Em primeiro, está o Parmigiano Reggiano, cujo sabor é descrito pelo site como “de acastanhado a robusto e levemente picante, dependendo do quanto maturou”. Em segundo, está a muçarela de búfala Campana e, em terceiro, o cremoso Stracchino di Crescenza.

Minas também foi lembrada pelo “Taste Atlas” na lista de 100 melhores regiões gastronômicas do mundo. O Estado aparece em 30º lugar, com destaque para o pão de queijo, o tutu de feijão, o feijão tropeiro, a vaca atolada e o biscoito de polvilho.

Piumhi terá 1° Concurso Municipal de Queijos dia 8 de julho

Piumhi terá 1° Concurso Municipal de Queijos dia 8 de julho – Foto: reprodução

No dia 8 de julho, na praça Doutor Avelino de Queiroz (Matriz), Piumhi vai realizar o primeiro Concurso Municipal de Queijos da cidade. O evento começa a partir das 14h e os produtores do município poderão se inscrever nas Minas Artesanal Casca Lavada, Minas Artesanal Casca Florida e Queijo Minas Padrão.

Segundo informações da Prefeitura de Piumhi, para concorrer, os produtores devem estar cadastrados no Sistema de Inspeção Municipal (SIM) ou Federal (SIF).

Dentro da programação, será montada uma estrutura com estandes com venda de queijos, doces e outras iguarias típicas da região da Serra da Canastra, além de uma Feira da Agricultura Familiar, praça de alimentação e a atração principal, o “Fogo de Chão”, com churrasco e assados. Já no palco, os artistas que formam a Banda Musical da Casa da Cultura vão apresentar o melhor do MPB, pop rock, clássicos do rock rol, entre outros.

O concurso tem ainda uma premiação para os três primeiros colocados de cada categoria, sendo que os cinco melhores classificados da categoria QMA Casca Lavada serão convidados a participar do Concurso Regional do Queijo, que acontecerá em Delfinópolis, no dia 4 de agosto desse ano.

O cronograma completo está disponível na Emater, na rua Artur Rodrigues da Costa, 32, centro, em Piumhi, onde serão realizados os cadastros com um número de identificação. O evento é uma realização da Prefeitura Municipal de Piumhi, através das secretarias de Turismo, Cultura e Esporte, e Abastecimento, Pecuária e Meio Ambiente, com organização da Emater. (Clic Folha)

Aprocan deve aprovar Glória e Capitólio como associados

Aprocan deve aprovar Glória e Capitólio como associados – Reprodução

Os produtores de queijo artesanal dos municípios de São João Batista do Glória e Capitólio aguardam para integrar à Indicação Geográfica da Canastra. As cartas de intenções e a documentação necessária foram entregues à Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan). Porém, o processo de aprovação ainda não tem prazo para acontecer.

Segundo o gerente-executivo da Aprocan, Higor Freitas, a inclusão do Glória já foi registrada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) há mais de um ano, enquanto que, Capitólio ainda está no prazo de discussão e análise dos interessados.

“Primeiro temos que analisar todo o material que foi entregue pelos seus representantes. Depois vem o estudo, a identificação, o levantamento de dados e a localização geográfica. Feito isso, é necessário a aprovação pelos produtores associados em assembleia extraordinária, com a construção de um dossiê e enviá-lo ao Inpi. Só com o aval do órgão é que os fabricantes de queijo artesanal podem utilizar o selo da Indicação Geográfica”, disse.

De acordo com o gerente-executivo, para o município se integrar aos outros sete do grupo, envolve também o suporte jurídico da Aproca, que obriga o cumprimento de uma série de regras registradas no Caderno de Especificações Técnicas, que vão desde a ordenha até o produto final.

É bastante moroso o processo de registro até cumprir todas as etapas de regularização entre os futuros produtores. Outros órgãos como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Emater-MG e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também são atores fundamentais na história, antes da solicitação chegar até o Inpi. Estamos estudando agora a carta de intenção de Capitólio, mas a solicitação do Glória, como já foi protocolado há algum tempo, deve ser aprovada em breve”, ressaltou Higor.

A Aprocan, com sede na estrada Parnacanastra, zona rural de São Roque de Minas, conta com mais municípios associados – Tapiraí, Bambuí, Medeiros, Vargem Bonita, Piumhi e Delfinópolis.

A associação conta com cerca de 70 produtores de queijo artesanal, sendo que, 40 estão credenciados a utilizar o selo da Indicação Geográfica para comercialização, inclusive em outros países. (Via: Clic Folha)

Centro de Referência do Queijo Artesanal abre para o público em 10 de abril

O primeiro shopping lifestyle da capital mineira, que leva o nome da BR onde está localizado, a 356, ainda nem foi inaugurado, mas abriga sua primeira “experiência”: o Centro de Referência do Queijo Artesanal, um projeto de mãe e filha, Carmen e Sarah Rocha. Nesta terça-feira (14), 30 convidados, entre autoridades, empresários e jornalistas, foram blindados com um jantar preparado pelo chef Leo Paixão. Nesta quarta-feira (15) acontece a inauguração oficial do CRQA. A proposta do espaço é valorizar a cozinha mineira, seus saberes e sabores. Mas o público só poderá conhecer o espaço a partir do dia 10 de abril.

O hall de entrada é belissamente ocupado por um espaço interpretativo do Queijo Minas Artesanal (QMA), com painéis narrando sua história e as principais regiões produtoras. Há, ainda, um pequeno palco para apresentações. Vergalhões de aço curvilíneos se inspiram nas serras mineiras e conferem ao espaço amplo e bem iluminado um tom de modernidade. Outras salas contíguas, como se formassem um corredor até o restaurante, abrem-se para uma mostra de artesanato e uma loja colaborativa de produtos tipicamente mineiros, entre eles, claro, o queijo e a cachaça. Até o vinho servido no coquetel tem Minas no nome.

Projeto

O projeto é assinado pelo arquiteto José Lourenço. A área de 750 m² terá ainda sala de aula com cozinha didática, a única biblioteca especializada na cultura e gastronomia de Minas e um espaço multiuso de 200 lugares para receber eventos culturais e educativos. A exposição permanente sobre o queijo é da museóloga Célia Corsino. Ela fez uma pesquisa sobre a produção queijeira no Estado, os modos de fazer (candidato à Patrimônio da Humanidade) e como se ele reflete na cultura do povo, além de revelar as particularidades das regiões.

“O queijo representa tradição e inovação em Minas Gerais. Tradição, porque tem uma história de mais de 300 anos que se confunde com a do próprio Estado, além de ser símbolo do bem receber, do território e da gastronomia. E inovação que vem com o investimento na produção, que resulta em queijos cada vez mais ricos e acaba abrindo mercado para uma série de outros produtos artesanais de excelência. E o centro vem valorizar isso tudo”, afirma a diretora executiva do CRQA, Sarah Rocha, que carrega a tiracolo a mãe Carmen e seu acalentado sonho.

Presença em feiras

Para embasar e nortear todas as ações e atividades, o Centro de Referência do Queijo Artesanal reuniu um comitê científico e cultural multidisciplinar, com profissionais referência em suas áreas. Participam o jornalista especializado em gastronomia Josimar Melo, a museóloga Célia Corsino, o antropólogo da alimentação italiano Ernesto di Renzo e o jurado em concursos de queijos Elmer Almeida. “Nosso comitê é a garantia de sinergia com as últimas tendências e correntes da gastronomia”, destaca Sarah.

Neste ano, Sarah Rocha e seu CRQA participaram da comitiva na 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em Rabat, no Marrocos, levando o queijo para ações de sensibilização da comunidade internacional para o pleito pelo título de patrimônio da humanidade para “Os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”. O Centro também foi representar Minas na feira Madrid Fusión, na Espanha, no início deste ano, e na feira de turismo Anato, na Colômbia.

Inhac

Junto ao Centro de Referência do Queijo Artesanal, deve nascer o Instituto de Hospitalidade e Artes Culinárias (Inhac), uma escola de gastronomia de padrão internacional que irá formar novos cozinheiros. O projeto é voltado para jovens que estejam em situação de vulnerabilidade social, de 15 a 18 anos, em especial os que residem em abrigos.

Anualmente, serão ofertadas 80 vagas gratuitas para o curso profissionalizante de 960 horas/aula, reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação. O projeto inclui desde prática e técnicas de gastronomia internacional até a história dos queijos, antropologia da alimentação e gestão de negócios. A primeira turma começa no segundo semestre de 2023.

O Inhac contará com duas cozinhas-laboratório didáticas integráveis, equipamentos e utensílios padrão de mercado, biblioteca de gastronomia, salas de aula, mezanino gourmet e área de convivência. A escola leva a assinatura do chef Leo Paixão, do reality global “Mestre do Sabor” e proprietário do premiado Glouton, já eleito um dos 50 melhores restaurantes da América Latina, o mesmo que fez o jantar para os convidados citado no início desta matéria.

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