Um áudio que circula nas redes sociais relata o drama de um homem que parece ser voluntário no resgate às vítimas da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Em uma gravação de áudio, ele conta, bastante emocionado, que havia três crianças com ele em um barco, e uma delas lhe pediu para que pegasse uma boneca que boiava. Mas ao tentar alcançar o brinquedo, ele percebeu que era o corpo de um bebê levado pelas enchentes.
“Eu parei, nao tenho mais coracao para isso hoje”, disse o homem não identificado. “Estou indo embora; chega”, comunicou, enquanto chorava.
O vídeo não diz em qual cidade se passou o episódio, mas narra a gravidade da situação no Estado. O homem afirma que “eles” foram todos para Canoas, município localizado na Grande Porto Alegre. “Acabou o resgate; que quem saiu, saiu; quem não saiu, não sai mais”, lamentou.
Ele disse ainda que não iria para Mathias, referindo-se ao bairro Mathias Velho, onde a população era resgatada por meio de pequenas embarcações. “Tem muita gente boiando morta, os guris falaram de ir para lá, mas eu não vou”.
Minas envia ao Rio Grande do Sul a maior equipe de bombeiros para atuação em missões fora do estado – Foto: divulgação/Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) enviou para o Rio Grande do Sul a maior equipe de apoio em missões especiais fora do estado. Ao todo, 28 militares participam da operação na região, que foi castigada pelos fortes temporais, com cidades totalmente alagadas, rios transbordando e dezenas de mortes já registradas, além do grande número de pessoas desabrigadas e desalojadas.
A maior missão do CBMMG enviada anteriormente para fora do estado foi em 2019, com a atuação de 25 militares da corporação em Moçambique. Naquela época, o ciclone Idai deixou centenas de mortos no país da costa oriental da África e também no Zimbábue e Malawi.
Na manhã desta sexta-feira (3/5), oito militares do CBMMG já iniciaram os trabalhos de sobrevoo e reconhecimento da área em Porto Alegre, para avaliar as dimensões dos temporais na região. Eles chegaram ao Rio Grande do Sul na noite de quinta-feira (2/5) no avião Arcanjo 11, da frota da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Outros cinco militares dos Bombeiros de Minas se juntaram à equipe nesta sexta-feira. Eles decolaram no helicóptero Arcanjo 06, de Uberaba, no Triângulo Mineiro, na manhã desta sexta-feira (3/5).
A terceira equipe deve chegar ao Rio Grande do Sul na madrugada deste sábado (4/5). Os 15 militares seguem para o local em três viaturas de salvamento, um caminhão que transporta diversos materiais e equipamentos logísticos, além de um veículo apropriado para a condução de dois cães de busca.
Base autônoma
Com a experiência adquirida em outras missões, o CBMMG vai utilizar na região a base de operações autônoma para resposta a desastres, estrutura que conta com os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU).
A base de operações, com várias tendas, possui estrutura logística autossuficiente, como posto de comando, refeitório, almoxarifado, alojamentos, áreas de descontaminação, bem como instalações para banho e higiene pessoal. Ela credencia ainda mais a corporação a participar de operações de desastres fora do estado ou do país.
O comandante especializado dos Bombeiros, coronel Moisés Magalhães de Souza, destaca que a equipe mineira irá atuar sem onerar os recursos locais. “A estruturação do serviço especializado é indispensável para atuação em ocorrências complexas como esta que estamos prestando auxílio ao povo gaúcho. Para isso, a equipe contará com a estrutura de uma Base de Operações, que atende a critérios internacionais de operações humanitárias, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU)”.
Um caminhão dos Bombeiros conta com equipamentos modernos, utilizados por equipes internacionais, como escoras e almofadas pneumáticas, equipamentos para mergulho, botes para locomoção em locais inundados, entre outros itens indispensáveis para missões desta natureza.
O comandante da equipe mineira que atua no Rio Grande do Sul, major Heitor Aguiar Mendonça, destacou o trabalho em equipe, mas enfatizou o grande desafio que os militares terão que enfrentar devido à extensão da área afetada e à dificuldade de acesso a locais com potencial resgate de vítimas.
Trabalho integrado
A cooperação entre a Secretaria de Estado de Saúde e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais tem sido fundamental para viabilizar com sucesso a operação e o deslocamento de material humano e logístico.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, as aeronaves cedidas pela SES-MG, além de levar a equipe do Corpo de Bombeiros Militar para o estado do Rio Grande do Sul, serão utilizadas também para salvar mais vidas.
“O governo de Minas empenhou, de imediato, um avião e um helicóptero para ajudar nas buscas e resgates no Rio Grande do Sul, nesse desastre das chuvas que está acontecendo. Isso só foi possível diante de um investimento histórico que foi feito na nossa frota aérea, vinculada ao Samu do nosso Estado e é uma forma colaborativa entre SES e Bombeiros, para ajudar neste momento importante, durante o tempo que for necessário”, destacou.
Experiência em grandes desastres
Com experiências em missões semelhantes e especializações técnicas, dentro e fora do Brasil, os militares mineiros são motivados pelo mesmo sentimento de solidariedade que receberam quando ocorreu o rompimento de barragem em Brumadinho, ocasião em que tiveram o apoio de quase todos os Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
O CBMMG também já atuou no auxílio técnico em eventos como os incêndios no Amazonas, na Operação Verde Brasil, e em catástrofes ocorridas nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e no Vale do Taquari/RS, em outubro do ano passado.
Já no cenário internacional, a corporação participou das ações humanitárias, coordenadas pela Agência Brasileira de Cooperação em Moçambique, Haiti, Turquia, Canadá e, mais recentemente, na Guiana.
Certificação
O Corpo de Bombeiros de Minas também tem atuado na busca pela obtenção da certificação internacional. De acordo com o coronel Moisés, a obtenção do título garante uma atuação em conformidade com padrões internacionais, validado pela ONU.
“Isso demonstra, portanto, que dispomos de capacidade de treinamento, recursos logísticos que conferem à equipe uma autonomia operacional. Ou seja, essas equipes que estão nos locais de desastres possuem toda a estrutura necessária para não demandar apoio ao local que já está exaurido pelo próprio desastre”, explica.
Doações da região serão enviadas para o Rio Grande do Sul – Imagem: Reprodução
Na próxima quarta-feira (8), uma carreta sairá de Passos (MG) com doações para o Rio Grande do Sul, a sra. Samara está organizando. E diversas cidades da região está mobilizando em prol desta ação humanitária.
Em São José da Barra (MG), a Taís Campos, estará recebendo doações nesta segunda-feira e terça-feira (6 e 7 de maio), até as 16h.
Quem puder doar: ✔️Roupas de adulto, ✔️Roupas de crianças, ✔️Água potável, ✔️Alimentos não perecíveis, ✔️Cobertores, ✔️Rações, ✔️Lanternas com pilhas e ✔️Itens de higiene pessoal.
Maiores informações (35) 99943-6846 – falar com Taís Campos.
Doações da região serão enviadas para o Rio Grande do Sul – Imagem: Reprodução
39 pessoas morreram e 68 estão desaparecidas após temporal no Rio Grande do Sul – Foto: CARLOS FABAL/AFP
Os temporais no Rio Grande do Sul causaram estragos em cerca de um a cada três municípios gaúchos, fizeram um rio atingir a maior cheia de sua história, romperam parcialmente uma barragem e deixaram pelo menos 39 mortos — além de 68 desaparecidos, centenas de ilhados e milhares de desabrigados.
O que aconteceu
A morte mais recente foi confirmada no município de Pinhal Grande. Mais cedo, em São Vendelino, corpos de pai e filho, desaparecidos em um deslizamento de terra na terça-feira (30) foram encontrados, segundo o Corpo de Bombeiros Voluntário do município.
Ao todo, 235 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas fortes chuvas que se estenderam desde o início da semana. Há 23 mil pessoas desalojadas, 7.949 em abrigos e 74 feridos, de acordo com o último balanço da Defesa Civil. No ano passado, mais de 80 pessoas morreram no estado, vítimas de três enchentes e eventos menores.
Estado de calamidade pública. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública na noite de quarta (1º), com prazo de 180 dias. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3, “caracterizados por danos e prejuízos elevados”. Todo o estado foi colocado sob alerta de inundação ou inundação severa.
Com a queda de barreiras e destruição de estradas, há comunidades isoladas e incomunicáveis. Familiares de moradores das cidades de Relvado, Encantado e Caxias do Sul, por exemplo, relatam que estão há dias sem conseguir contato com eles. Há municípios inteiros sem água ou luz.
O governador afirmou que o total de mortes ainda deve subir. “Infelizmente, sabemos que esses números vão aumentar”, afirmou.
Aulas de escolas estaduais e da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) estão suspensas. As atividades acadêmicas da UFSM não funcionarão do dia 6 a 10 de maio. ”A decisão foi tomada em função das fortes chuvas no nosso Estado, que ocasionaram estragos diversos. Inclusive, houve o rompimento da fibra ótica externa que garante o funcionamento do sistema de internet e portais da UFSM”, informou a gestão da Universidade.
Lula anuncia R$ 1 bilhão do BNDES para o Rio Grande do Sul – Foto: Silvio Ávila
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na noite da última terça-feira (12), que o governo federal vai conceder R$ 1 bilhão em empréstimos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para ajudar a recuperar a economia do Rio Grande do Sul, que sofre com os efeitos devastadores de um ciclone extratropical que atingiu diversas regiões do estado na última semana. Além disso, Lula informou que mais 354 mil trabalhadores com carteira assinada poderão acessar os recursos depositados nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“Tomamos a decisão de fazer uma concessão de empréstimo do BNDES de R$ 1 bilhão para ajudar a recuperar a economia de todas as cidades e, ao mesmo tempo, a liberação de R$ 600 milhões do Fundo de Garantia [do Tempo de Serviço] para atender 354 mil trabalhadores que têm Fundo de Garantia”, disse o presidente em vídeo postado nas redes sociais após reunião, no Palácio da Alvorada, com ministros que fazem parte de um grupo de trabalho montado para lidar com a situação no estado do Sul do país.
“O que eu posso garantir ao povo do Rio Grande do Sul, ao povo da região que foi prejudicada pela chuva, é que o governo federal não faltará no atendimento das necessidades do povo da região, seja pequeno e médio empresário, morador, pessoas que perderam as casas. Vamos cuidar do povo com muito carinho porque o povo não pode sofrer do jeito que está sofrendo”, completou Lula.
No último domingo (10), o vice-presidente Geraldo Alckmin esteve pessoalmente na região, quando ocupava interinamente a Presidência da República em função da viagem de Lula à Índia. Na ocasião, Alckmin anunciou a disponibilização de R$ 741 milhões em ajuda ao governo gaúcho. Alckmin visitou o município gaúcho de Lajeado, na região do Vale do Taquari, um dos mais atingidos, onde se reuniu com prefeitos locais, ministros e o governador Eduardo Leite.
As chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram na segunda-feira da semana passada (4), já deixaram quase 50 mortos e cerca de 8 mil pessoas desabrigadas.
Sobe para 47 número de mortes no Rio Grande do Sul – Foto: Silvio Ávila / AFP / Getty Images
Subiu para 47 o número de mortes em decorrência das tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul. De acordo com balanço divulgado na manhã desta terça-feira (12) pela Defesa Civil do estado, há ainda 46 pessoas desaparecidas.
O último óbito foi registrado no município de Colinas, que registra duas mortes até o momento. A cidade com o maior número de mortes é Muçum, com 16 já confirmadas. Roca Sales contabiliza 11 mortos.
Na sequência vem Cruzeiro do Sul (5), seguido de Lajeado (3); Colinas, Estrela e Ibiraiaras (com 2 óbitos, cada). Bom Retiro do Sul, Encantado, Imigrante, Mato Castelhano, Passo Fundo e Santa Tereza registraram até o momento um óbito cada.
Segundo a Defesa Civil, há 46 pessoas desaparecidas, sendo 30 em Muçum; 8 em Lajeado e 8 em Arroio do Meio. Até o momento, 3.130 pessoas foram resgatadas. Há 4.794 desabrigados e 20.517 desalojados em decorrência das chuvas que afetaram 97 municípios e 340.928 pessoas, além de deixar 925 feridos.
Sobe para 47 número de mortes no Rio Grande do Sul – Foto: REUTERS/Diego Vara
Meteorologia
Boletim meteorológico divulgado pela Sala de Situação do governo do Rio Grande do Sul alerta sobre “alto volume de chuva e temporais esperados para os próximos dias, sobretudo na metade sul” do estado.
Até sexta-feira (15) há, segundo boletim divulgado na segunda (11), “risco de tempo severo em grande parte das regiões. Os volumes de chuva podem variar entre 100 milímetros e 200 milímetros nas regiões sul, campanha, oeste, centro, sudeste, leste e noroeste e ultrapassar 250 milímetros em alguns pontos. Além disso, o risco é alto para queda de granizo, descargas elétricas e vento forte”.
O risco de “tempo severo” esperado na metade sul do estado deverá se espalhar pela maioria das regiões nesta quarta-feira (13), em especial na região dos vales e no leste, além de se manter na metade sul.
Na quinta-feira (14), a expectativa é de “chuva moderada a forte com vento, sobretudo na metade sul e nas regiões dos vales, noroeste, norte, leste e nordeste”, informa o boletim meteorológico divulgado pela Sala de Situação. “Não são descartados transtornos associados a temporais isolados e elevados acumulados”, acrescenta o boletim.
Um bandido encapuzado invadiu o local e disparou repetidas vezes no político
Prefeito da cidade de Lajeado do Bugre, no Rio Grande do Sul, Roberto Maciel Santos (PP) foi assassinado dentro da prefeitura na última quinta-feira (24).
Entenda o crime
Roberto estava em seu gabinete quando um criminoso encapuzado invadiu o local e disparou repetidas vezes. O prefeito morreu no local.
A Brigada Militar explicou que, após a execução, o atirador entrou em um carro no qual estava um comparsa e fugiu.
Outro ferido
Um outro homem estava no gabinete do prefeito no momento do crime. Ele foi atingido e encaminhado em estado grave para o Hospital de Caridade de Palmeira das Missões.
O vice-prefeito, Ronaldo Machado da Silva (PL), também estava no local e conseguiu escapar ileso ao fugir para um banheiro após a invasão dos bandidos.
“A gente não conseguiu identificar ninguém, porque chegaram chutando a porta e atirando. Consegui escapar por um banheiro. Foi um sufoco”, disse.
A Brigada Militar relatou que um homem foi preso em flagrante por receptação e porte de arma. Não foi esclarecido, porém, qual a participação dele no crime.
A investigação
A polícia informou que o caso está sendo investigado e que nenhuma hipótese foi descartada até o momento. “Não dá pra seguir por uma linha única, então, a gente está em aberto, checando tudo para ver de que forma essa investigação vai ser conduzida” disse a delegada Aline Dequi Palma.
Quem era a vítima
Roberto tinha 45 anos, era casado e tinha dois filhos. Ele havia sido eleito em 2016 e reeleito para um segundo mandato em 2020.
Vereador de Santa Bárbara do Sul, a 107 km de Lajeado do Bugre, Antônio Carlos Brizola Maciel Santos, irmão da vítima, disse que Roberto era um “homem bom”.
“Não tem palavras para explicar a dor que a gente sente numa hora dessas. Covardemente, pessoas que fizeram isso, tirar um cidadão de bem, deixando a família neste desespero que nós estamos agora”, afirmou.
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