Jornal Folha Regional

Tribunal Penal Internacional emite ordem de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin

O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou, nesta sexta-feira (17), que emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, pela deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia. Também emitiu um mandado de prisão pelo mesmo motivo, considerado um crime de guerra, contra a comissária presidencial para os Direitos da Infância na Rússia, Maria Alekseyevna Lvova-Belova, informou o tribunal de Haia, em um comunicado.

Putin “é, supostamente, responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal da população [de crianças] e pela transferência ilegal da população (de crianças) das zonas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa”, manifestou o tribunal. “Os crimes teriam sido cometidos em território ucraniano ocupado pelo menos desde 24 de fevereiro de 2022”, continuou a corte. Há “motivos razoáveis para acreditar que Putin é pessoalmente responsável pelos crimes mencionados”, acrescentou.

A Rússia denunciou como “sem sentido” a decisão do TPI. “As decisões do Tribunal Penal Internacional não têm sentido para o nosso país, inclusive do ponto de vista jurídico”, escreveu a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, no Telegram, sem mencionar Putin claramente em sua mensagem. Já a Presidência ucraniana reagiu, celebrando a decisão. “É apenas o começo”, comemorou o chefe de gabinete da Presidência, Andrii Yermak, no Telegram, enquanto o Ministério Público ucraniano elogiou uma “decisão histórica”.

O promotor do TPI, Karim Khan, declarou este mês, após uma visita à Ucrânia, que os supostos sequestros de crianças eram alvo de uma “investigação prioritária”. Criado em 2002 para julgar os piores crimes cometidos no mundo, o tribunal investiga há mais de um ano possíveis crimes de guerra, ou crimes contra a humanidade, cometidos na Ucrânia durante a ofensiva russa.

Nem a Rússia nem a Ucrânia são membros do TPI, mas Kiev aceitou a jurisdição do tribunal sobre seu território e trabalha com o promotor. Especialistas admitiram que é improvável que Moscou entregue os suspeitos ao tribunal. A Rússia rejeita as acusações de crimes de guerra.

A invasão russa na Ucrânia completou um ano no último dia 24 de fevereiro. De lá para cá, milhares depessoas já perderam a vida, entre civis e militares. 

Ucraniano de 6 anos é morto a tiros em fuga: “Mamãe, eu não quero morrer. Sou novo demais”

“Mamãe, eu não quero morrer. Eu sou novo demais”, foi uma das últimas frases do ucraniano Maxym Franko, de seis anos. Momentos depois, a criança estava morta, quando a família tentava fugir do bairro de Vynohradar, perto de Irpin, uma cidade satélite que se tornou uma linha de frente na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A morte do menino ocorreu em 26 de fevereiro e a mãe dele, Anna Chechelnytska, fez um relato comovente dos momentos de terror que seus familiares passaram após serem atingidos sem nenhuma razão pelo fogo russo.

Maxym Franko partiu de sua curta vida inocente em total pânico, como qualquer outra criança na Ucrânia, que viu a vida confortável se transformar em um inferno.

Anna Chechelnytska contou ao Daily Mail que ela e os dois filhos – Maxym e Alina, de 13 anos, frutos de dois casamentos que terminaram em divórcios – haviam sido convidados pelo primo dela, Oleksandr, para ficar no apartamento da família no bairro de Vynohradar, perto de Irpin. “Mas o bombardeio lá rapidamente se tornou intenso”, contou.

Como as crianças estavam muito assustadas, as duas famílias decidiram deixar a cidade juntas e ir para a casa de parentes em Revne, no oeste da Ucrânia.

Seis pessoas estavam no carro de Olexandr, entre eles a família de Anna. Maxym levou inclusive o hamster Bodia e o gato branco Sniezhka. Todas as crianças estavam no banco de trás do carro, Maxym no colo de Anna.

“Passamos com sucesso por dois postos de controle militares ucranianos. Mas quando estávamos em uma estrada de acesso bem em frente ao Ministério da Infraestrutura, o carro ficou sob fogo pesado.” A fuzilaria era pesada e à queima-roupa.

Momentos de pânico e dor

Oleksandr, dirigindo, foi morto instantaneamente. Anna levou um tiro na cabeça, perto da orelha. Alina foi atingida por balas na mão direita e no joelho esquerdo. Mas Maxym já estava morto quando foi tirado do carro.

“Saí do carro carregando meu filho e fiquei andando com ele gritando até que em algum momento perdi a consciência. Quando acordei, pude ouvir outras pessoas gritando e elas estavam andando ao meu redor enquanto eu estava deitada ali”. Alguém chamou a ambulância e ela chegou em 25 minutos, segundo Alina, que permaneceu calma o tempo todo, mesmo estando ferida.

“Não entendo por que fomos baleados. As janelas do carro eram transparentes. Quem quer que fosse com certeza podia ver que carregava mulheres e crianças. Oleksandr nem estava indo rápido”, lamentou a mulher.

Todos os feridos foram levados para o Hospital Infantil Ohmatdyt, nas proximidades. O gato e o hamster de Maxym fugiram quando as portas do carro foram abertas e ainda estão desaparecidos. A família conta que o corpo de Oleksandr permaneceu no carro por vários dias antes de ser resgatado.

Criança é enterrada

Anna não teve permissão para ver Maxym por vários dias, até que foi levada ao necrotério para identificar o corpo. A criança foi baleada na lateral do corpo ou nas costas por sete balas.

A mulher foi transferida para um hospital na distante Lviv, onde, dez dias após o ataque, foi submetida a uma cirurgia para remover a bala na cabeça. Agora ela está em Revne com Alina, no apartamento de seu irmão.

Maxym foi enterrado enquanto Anna ainda estava sendo tratada. “Meu filho foi enterrado ao lado do meu pai pelo meu ex-marido. Ele nem era pai de Maxym, mas ele fez isso por mim.”

O pai biológico de Maxym não respondeu às mensagens de coração partido de Anna.

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