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Gasolina chega a quase R$ 6,80 em Minas e passa de R$ 7 em alguns estados

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O aumento nos preços da gasolina nos postos revendedores da Grande Belo Horizonte alcançou 3,07% em apenas 17 dias deste mês, levando o consumidor a pagar até R$ 6,499 pelo litro do combustível, segundo levantamento divulgado ontem pelo site de pesquisas de preços Mercado Mineiro. Para o etanol, a alta foi ainda maior no período, ao atingir 5,95% entre o dia 5 e domingo, com custo máximo de R$ 4,899. Foram consultados 145 estabelecimentos de BH e entorno.

Os gastos impostos aos motoristas que o Mercado Mineiro constatou são coerentes com relatório publicado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que acompanha os preços dos combustíveis em todo o país. Na semana passada, o menor preço do litro da gasolina encontrado em Minas Gerais era de R$ 5,899 em Uberlândia, no Triângulo; e o maior custo nas bombas chegou a R$ 6,759 em Paracatu, no Noroeste do estado. O preço médio foi de R$ 6,185 por litro entre os dias 15 e 21 deste mês.

De acordo com a ANP, a gasolina teve reajuste de 1,5% em média no Brasil, bem abaixo do medido na Grande BH, vendida a R$ 5,956. Mas, o consumidor já paga mais de R$ 7 no litro do combustível em postos do Rio Grande do Sul (R$ 7,18), Rio de Janeiro (R$ 7,05),e Acre (R$ 7,13). Na comparação entre os estados, o preço mais alto, em média, é o dos postos do Rio de Janeiro (R$ 6,485) e o mais baixo foi verificado no Amapá (R$ 5,143).

Quanto ao etanol, o preço médio subiu 2,2%, também abaixo do reajuste da Grande BH, alcançando R$ 4,497. O recorde de Minas é de Bom Despacho, no Centro-Oeste: o litro a espantosos R$ 6,19, mais caro que a média da gasolina na Grande BH. O menor valor é de R$ 4,149 em Montes Claros, no Norte do estado, e novamente Uberlândia.

Diante da corrida dos preços, a pergunta essencial é se o consumidor pode evitar o prejuízo crescente. Feliciano Abreu, diretor do site Mercado Mineiro, indica o caminho. “Não compensa abastecer com etanol hoje, porque ele representa (em média) 75% do preço da gasolina (historicamente, diferenças abaixo de 70% indicam que esse combustível vale mais a pena). Está sendo uma surpresa desagradável, porque subiu até mais que a gasolina. Não é uma desculpa do dólar (alto), mas do mercado, que está demandando muito. A gente nem viu safra este ano”, avalia.

Por outro lado, Feliciano afirma que o índice de 70% não pode ser interpretado como lei para optar pelo etanol ou pela gasolina. Isso ocorre porque há variações de desempenho dos veículos, além do comportamento do próprio motorista. “Sempre indico perguntar para o taxista ou para o motorista de aplicativo. Eles sabem responder melhor que qualquer um”, diz.

O crescimento dos preços apresentado na última pesquisa do Mercado Mineiro surpreendeu o diretor do site. O preço médio da gasolina na Grande BH evoluiu de R$ 5,918, no último dia 5, para R$ 6,10 no domingo, representando R$ 0,18 por litro. No caso do etanol, o custo do litro nas bombas subiu de R$ 4,319, na média, para R$ 4,576. Quanto ao diesel, que abastece a maioria dos veículos de carga, o crescimento de preços foi de de 0,34%. Na prática, o motorista passou a pagar dois centavos a mais no litro desse combustível: de R$ 4,691 para R$ 4,707.

“A gente fez a pesquisa semana passada e se assustou muito porque repassaram praticamente a integralidade da alta (do preço da Petrobras). Geralmente, cai um pouco por recomposição e transporte”, afirma. Para quem usa muito o carro e consome cerca de um tanque de combustível por semana, a alta do valor do litro da gasolina, neste ano, onera o bolso de forma considerável, como explica Feliciano Abreu.

Considerando-se os reajustes aplicados desde o início do ano, em oito meses a variação alcança 31%. “Se você colocar isso em 50 litros por semana (um tanque), você está pagando R$ 70 a mais por semana. É muito dinheiro”, avalia.

Extremos

A título de exemplo do comportamento dos preços, o posto Wilson Piazza, de bandeira Shell, na Região Centro-Sul de BH, vendia o combustível mais barato no domingo na Grande BH, entre os 145 estabelecimentos pesquisados pelo Mercado Mineiro. O litro era oferecido a R$ 5,899 e o do etanol a R$ 4,299.

Na mesma região, é vendida a gasolina mais cara entre os preços levantados, no valor de R$ 6,499, no Bairro Luxemburgo. A bandeira é da Petrobras. O preço varia em 10,17% na comparação com o estabelecimento do Serra. O motorista que optou pelo etanol encontrou o litro mais caro, a R$ 4,899, em posto sem bandeira instalado no Anel Rodoviário, na altura do Bairro Nazaré, Nordeste da capital mineira.

(*Amanda Quintiliano/Especial para o EM)

Promoção em Divinópolis e pesquisa em Uberlândia

Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, até domingo era possível encontrar o litro da gasolina a R$ 6,09. O menor valor praticado na cidade, que fica a cerca de 120 quilômetros da capital, é reflexo de promoção realizada sempre aos domingos por redes de postos de combustíveis. Em poucos estabelecimentos, que não aderem à prática, o combustível era comercializado a R$ 6,19. Ainda sem saber quanto as revendas poderão cobrar durante esta semana, alguns frentistas imaginam ao menos R$ 6,29 por litro.

O combustível teve alta acumulada de 27,5% neste ano até julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quem sentiu no bolso o aumento foi o motorista de aplicativo Gustavo Miguel. Atuando nesta área desde o início do ano, ele acompanhou reajuste a reajuste e, aos poucos, viu a renda encolher.

Aproveitando a promoção, ainda na manhã de domingo, ele completou o tanque e gastou R$ 250. “Vai dar para eu rodar até terça ou quarta no máximo”, contou. Somam-se a isso outras despesas com a manutenção do veículo. “Se colocar pneus, óleo, que são gastos a longo prazo, não está compensando porque precisamos ainda pagar o percentual do aplicativo”, disse.

Para tentar equilibrar o orçamento, o motorista está cortando despesas no dia a dia. “Um lanchinho que eu fazia na rua, o almoço, agora é só em casa”, exemplificou. Alternativa para complementar a renda é fazer viagens particulares. Entretanto, nesse caso, o peso do aumento é compartilhado com o cliente.

A alta no preço da gasolina tem dado o que falar no Sul de Minas. Em Varginha, o preço ultrapassou os R$ 6 e já subiu cerca de 50% no acumulado do ano. Os motoristas que dependem do combustível para trabalhar ficam no prejuízo. O preço da gasolina já foi reajustado nove vezes só este ano.

Os motoristas, que precisam do combustível em Varginha, pagam entre R$ 6,17 e R$ 6,19. Em janeiro, o preço não chegava a R$ 5. “Está um absurdo. Eu trabalho fazendo entregas na região e o meu lucro está sendo usado para abastecer o veículo”, diz um trabalhador autônomo, que prefere não ser identificado.

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