Jornal Folha Regional

Lago de Furnas é portador da matéria-prima mais importante para a cura de queimaduras

Compartilhe:

Em 2011, o médico pernambucano Marcelo Borges, viu uma matéria no Jornal do Commércio de Pernambuco, onde foi revelado que a pele da tilápia é subproduto de descarte e apenas 1% é empregado no artesanato, assim surgiu a ideia de utilizar esta pele no tratamento de queimaduras. No ano de 2014, Marcelo Borges compartilhou a ideia com o cirurgião plástico cearense Edmar Maciel, que o convidou para viabilizar e realizar este estudo no Ceará.

Hoje, a linha de pesquisa com a pele de tilápia tem a participação de 189 colaboradores distribuídos em sete estados e outros seis países, os quais são: Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Colômbia, Guatemala e México, todos coordenados por um grupo brasileiro. O material biológico é objeto de 43 projetos de pesquisa conduzidos dentro e fora do Brasil.

O método pioneiro ajudou a recuperar centenas de vítimas da explosão que ocorreu em Beirute, no Líbano, no dia 4 de agosto deste ano. Foi enviado mais de 40 mil cm² de pele do estoque brasileiro para tratar os libaneses.

Em setembro deste ano, o procedimento foi vencedor do Prémio Euro Inovação na Saúde, com mais de 1.600 projetos inscritos no Brasil e mais de 15 mil médicos participando por meio da votação.

Segundo Edmar Maciel, presidente do Instituto de Apoio ao Queimado, o método é bem mais eficiente do que um curativo feito com pomadas e cremes, que precisam ser trocados constantemente. Além de causar dor, as bandagens podem requerer o uso de anestésicos, elevando ainda mais o preço do tratamento.

“Já a pele de tilápia tem efeito de cicatrização mais rápido e não necessita de tantas trocas, já que o colágeno interage com a ferida da queimadura facilitando o processo de cicatrização. E, como a pele da tilápia adere completamente à área queimada, isso evita a contaminação externa e a e a perda de líquido e proteína, que desidrata o paciente”, afirmou Edmar.

Tilápia no Lago de Furnas

A criação de tilápias, no lago de Furnas, se tornou uma boa alternativa de renda para pescadores da região. Além do lucro, as peles dos peixes serviriam muito bem para ajudar no método para queimaduras.

Hoje na região existem inúmeros tanques para a criação dos animais, cada um com aproximadamente dois mil peixes. Mesmo em época de piracema, a produção não para. 

Do cativeiro, os peixes vão direto para o abate. Apenas o filé, que corresponde a um terço do peso total, é aproveitado, descantando a pele que poderia ser utilizada no tratamento.

A tilápia foi a espécie que melhor se adaptou às águas da represa.

Em 2016, 200 toneladas da espécie, aproximadamente 600 mil peixes, foram encontrados mortos no lago, um prejuízo para os piscicultores estimado em cerca de R$ 900 mil. A água estava com uma cor avermelhada e com pouco oxigênio, mas não se soube a causa concreta das mortes.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.