
Das 164 cidades do Sul de Minas, apenas 20 não registraram crimes de violência doméstica e contra a mulher em 2022. Na região, apenas São João Batista do Glória aparece na lista. Todos esses municípios, conforme levantamento feito com base em dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), possuem menos de 10 mil habitantes (veja a lista mais abaixo).
Das cidades que registraram crimes deste tipo, 60 tiveram casos como, por exemplo, homicídio, feminicídio ou tentativa de feminicídio no ano passado. O número representa mais de 36% dos municípios sul-mineiros.
Cidades sem casos em 2022:
- Aiuruoca
- Claraval
- Conceição da Barra De Minas
- Dom Viçoso
- Fama
- Gonçalves
- Ibitiura de Minas
- Ijaci
- Inconfidentes
- Itutinga
- Liberdade
- Luminárias
- Minduri
- Passa Vinte
- Ribeirão Vermelho
- Santa Rita de Caldas
- São João Batista do Glória
- São Tomé das Letras
- Seritinga
- Tocos do Moji
A ausência de casos de violência doméstica e, principalmente, contra a mulher nessas cidades pode ser por conta de subnotificações, de acordo com a OAB Mulher de Poços de Caldas.
“Não tem como nesses municípios não ter acontecido nenhum caso de violência doméstica com as estatísticas que a gente tem de como funciona a violência doméstica em nosso país. Em municípios muito pequenos, em comunidades muito pequenas, é mais difícil que as mulheres tenham coragem de chegar ao poder público e falar que sofreu violência”, disse a presidente da OAB Mulher de Poços de Caldas, Pollyanna Pellegrinelli.
“Isso por uma questão de preconceito contra ela mesma, porque você não tem para onde ir, você não sabe o eu fazer. Muitas vezes a sociedade coloca em cima da mulher o peso da decisão das consequências com o pai, com os filhos. E muitos municípios pequenos não possuem a delegacia, então elas não têm para onde ir”, completou.
A presidente destacou os tipos de situações que se enquadram em violência contra a mulher e que podem ser denunciadas.
“Coragem, essa é a palavra, porque violência não diminui, ela escala. Fazer violências emocionais, diminuir, falar que é feia, que é gorda, que não sabe, não dá conta. A violência financeira, que é não permitir que você trabalhe e tenha independência financeira. Tudo isso são tipos de violência que possuem um relacionamento abusivo. E ai vai escalando para agressões verbais, xingos e gritos, escalando ainda mais para um chute no móvel ou murro na parede, até que chega na agressão física propriamente dita”, alertou.