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MP apura conduta do prefeito de Carmo do Rio Claro que usou evento público para pedir anistia a presos por atos golpistas de 8 de janeiro

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MP apura conduta do prefeito de Carmo do Rio Claro que usou evento público para pedir anistia a presos por atos golpistas de 8 de janeiro - Foto: reprodução
MP apura conduta do prefeito de Carmo do Rio Claro que usou evento público para pedir anistia a presos por atos golpistas de 8 de janeiro – Foto: reprodução

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apura se o prefeito de Carmo do Rio Claro (MG), Filipe Carielo (PSD), cometeu uma eventual ilegalidade ao pedir anistia às pessoas condenadas pelo 8 de janeiro de 2023 em um evento que custou cerca de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Reeleito em outubro passado, o prefeito defendeu o perdão no último dia 5, um mês após o pleito, durante o Carmo Rodeio Fest, que teve entrada gratuita para a população.

O MPMG informou que a Promotoria de Justiça de Carmo do Rio Claro já solicitou informações preliminares para apurar duas condutas de Carielo. “Aquelas relacionadas à manifestação favorável às pessoas condenadas pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e aquelas relacionadas às contratações das atrações”, pontuou. A promotoria ainda ponderou que as eventuais imputações serão definidas “após análise das informações solicitadas”.  

Em cima do palco, Carielo defendeu, enquanto estendia uma faixa com os dizeres “Anistia já! Liberdade aos patriotas perseguidos do 8 de janeiro”, que os condenados teriam ido a Brasília “pedir justiça, um país melhor, menos ‘roubalheira’, menos corrupção”. “Aqueles que fizeram alguma coisa errada de depredação, sim, teriam que ser condenados, mas com penas proporcionais ao que fizeram. Eles estão tendo penas superiores a homicidas, a estupradores, a ladrões”, alegou. 

O prefeito, que pediu a anistia no dia em que a atração principal, Fernando & Sorocaba, se apresentaria, ainda afirmou que o perdão seria a única forma de fazer “justiça”. “Por isso, a gente pede ao Congresso, Rodrigo Pacheco, Arthur Lira, deputados e senadores, que aprovem já a anistia aos perseguidos políticos do 8 de janeiro e ao perseguido político, ex-presidente Jair Bolsonaro, para ele se candidatar democraticamente a presidente da República em 2026”, concluiu.

Além do pronunciamento, Carielo reproduziu um vídeo em que aparecia ao lado de Bolsonaro. O trecho foi exibido logo após os presentes assistirem a uma série de casos de pessoas “presas e condenadas injustamente”. “Algumas delas permanecem presas sem sequer (sic) terem recebido alguma acusação. Entre elas, houve inocentes e idosos que foram condenados, com sentenças variando de dez a 17 anos de prisão”, apontou o vídeo.

As cinco duplas contratadas pela Prefeitura de Carmo para o rodeio entre 1º e 5 de novembro custaram juntas ao município R$ 1,08 milhão. O valor corresponde a 0,96% do Orçamento de Carmo projetado para este ano, que é de R$ 111,4 milhões. Enquanto a contratação de Fernando & Sorocaba custou R$ 360 mil, a dupla Clayton & Romário cobrou R$ 220 mil; Pedro Paulo & Alex e Munhoz & Mariano, R$ 200 mil; e Carreiro & Capataz, R$ 100 mil.  

Questionado sobre a manifestação em um evento financiado com recursos públicos, Carielo argumentou que o objetivo principal do Carmo Rodeio Fest era “celebrar a cidade e promover a integração da nossa comunidade”. “Minha manifestação foi uma posição pessoal, sem caráter político-partidário e, mais importante, sem qualquer ruptura institucional. Não fiz pedido de intervenção militar, fechamento de instituições ou qualquer outra ação antidemocrática”, justificou.

O prefeito de Carmo ainda defendeu que o pedido por anistia foi “uma manifestação em defesa da democracia e da justiça, pautada no respeito ao ordenamento jurídico e às instituições democráticas”. “É importante destacar que o pedido de anistia não é para todos os envolvidos indiscriminadamente, mas especialmente para aqueles que se manifestaram de forma legítima no dia 8 de janeiro”, alegou Carielo, que ainda disse reconhecer “atos criminosos” cometidos por quem “depredou o patrimônio”.

Segundo ele, até o momento, o MPMG não lhe notificou sobre a apuração de um eventual crime. “Estou à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reitero meu compromisso com a transparência, a legalidade e a defesa intransigente da democracia e da justiça”, concluiu o prefeito de Carmo do Rio Claro.   

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