Jornal Folha Regional

Estudo aponta risco para turistas em 18 atrativos na Serra da Canastra

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Reprodução internet

Dezoito das 21 atrações turísticas do Parque Nacional da Serra da Canastra (Parque Canastra) apresentam alto grau de perigo de queda, tombamento, rolamento de bloco rochoso, deslizamento de solo ou enxurrada. Os riscos para os turistas foram avaliados em um estudo realizado pelo Serviço Geológico do Brasil-CPRM (SGB), órgão ligado ao Ministério das Minas e Energia, que aponta alto grau de perigo em um dos principais cartões-postais do parque, a cachoeira Casca D’Anta, tanto na parte alta (Poço Fundo) como na parte baixa.

A avaliação geotécnica nos atrativos turísticos localizados nos municípios de Delfinópolis e São Roque de Minas foi feita a pedido do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) após a queda de um bloco rochoso nos cânions de Capitólio, ocorrida em 8 de janeiro deste ano e que causou a morte de dez pessoas que estavam em uma lancha. Segundo o relatório, o pedido do ICMBio foi encaminhado por ofício no dia 14 de janeiro e a avaliação técnica dos pontos turísticos do parque ocorreu entre 27 de abril e 5 de maio.

“As ações de avaliação de perigo geológico na área do Parna Canastra foram executadas por meio de vistoria visual dos atrativos turísticos pela análise de características estruturais geológico-geomorfológicas, tectônicas e ambientais para identificar feições indicativas de instabilidade no terreno e subsequentes movimentos gravitacionais de massas que venham a oferecer risco aos usuários”, aponta o estudo.

De acordo com o ICMBio, após o relatório, foram instaladas placas informando sobre os perigos de queda de blocos rochosos e, no caso específico do Poço Fundo, os visitantes são orientados para que não continuem a trilha que leva até ao atrativo, conforme sugestão apontada no estudo.

“Estão sendo articuladas junto aos técnicos do Serviço Geológico do Brasil ações educativas para que todos estejam cientes dos perigos”, informa o instituto.

Segundo o relatório do SGB, é necessário chamar a atenção para o perigo de blocos soltos no topo das vertentes em caso de atividades como rapel, trilhas ou outras práticas.

“De modo geral, dentre os atrativos turísticos vistoriados, a presença de blocos rochosos em situação de instabilidade é bastante significativa”, avalia o órgão.

De acordo com o estudo, na parte alta da Casca D’Anta, onde há um poço para banho mais raso e de fácil acesso, não há perigo de queda e rolamento de blocos, mas, no Poço Fundo, há um paredão com aproximadamente 10 metros de largura por 15 de altura que apresenta significativa compartimentação rochosa que pode gerar “acidente geológico com muito alto potencial de causar danos graves, constituindo ameaça à vida dos visitantes”, como o que ocorreu em Capitólio.

Além da Casca D’Anta, o estudo também avaliou outras treze cachoeiras, três trilhas, a nascente histórica do rio São Francisco e o poço da trilha Sanit-Hilaire.

No estudo, o SGB não aponta necessidade de interdição dos atrativos turísticos e saliente que os riscos são inerentes em atividades turísticas em áreas de perigo como cachoeiras e trilhas que percorrem encostas rochosas de alta declividade.“O ambiente geológico natural tem processos de movimentos gravitacionais de massa complexos, intensos, dinâmicos e com evolução quase que diária”, informa.

O órgão aponta que as recomendações sobre cuidados no desenvolvimento de atividades tem como propósito orientar, prevenir e minimizar os riscos aos turistas e colaboradores, mas que o parque deve se manter aberto à visitação.

“Trata-se de um patrimônio natural da geodiversidade, representante da dinâmica natural de nosso planeta, que deve ser conhecido e conservado. Estas áreas devem ser abertas à visitação do público para que possam conhecer e compreender sua importância, e se tornarem conscientes dos riscos associados, não somente as áreas de cachoeiras, mas em qualquer atividade que seja desenvolvida em ambiente natural”, diz o relatório.

Na avaliação, o SGB sugere que sejam adotadas medidas como restrição ou interdição de acesso durante períodos de alta pluviosidade, a instalação de placas informativas sobre os perigos geológicos com orientações de procedimento e rotas de futa em caso de acidentes, a instalação de pluviômetros nas cabeceiras de drenagens, com transmissão automática e sistema de alerta antecipado para enxurradas, a elaboração de atividades educativas para o fomento de uma cultura mais resiliente a desastres e a aproximação junto aos órgãos de Defesa Civil dos municípios.

ICMBIO ADOTA MEDIDAS PARA ALERTAR TURISTAS E REFORÇAR SEGURANÇA NO PARQUE

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informa que adotou medidas para alertar os turistas sobre os riscos apontados na avaliação do Serviço Geológico do Brasil-CPRM (SGB), como sinalização e interdição em alguns pontos em caso de chuvas intensas, e que articula junto ao órgão ações educativas sobre o tema.

“Foram instaladas placas informando sobre os perigos de quedas de blocos rochosos e, no caso específico do poço fundo, é orientado aos visitantes para que não continuem a trilha que leva até ao atrativo, conforme sugestão do próprio documento. Está sendo articulada junto aos técnicos do Serviço Geológico do Brasil ações educativas para que todos estejam cientes dos perigos”, informa o ICMBio.

Segundo o instituto, a maior parte dos atratativos já está sinalizada e o ICMBio também está sendo estudada a adoção de “barreiras” de segurança em alguns locais.

O instituto também orienta os funcionários para alertar os turistas. “Os funcionários das portarias e demais prestadores de serviços foram orientados a repassar as informações aos visitantes. Além disso, em todas as portarias há uma cópia impressa do documento, que também está disponível para consulta no site do Parque Nacional da Serra da Canastra (www.icmbio.gov.br/parnacanastra)”. (Clic Folha)

Reprodução Clic Folha
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10 respostas para “Estudo aponta risco para turistas em 18 atrativos na Serra da Canastra”

  1. Grande ajuda! Um relatório desse só apavora o turista. Estou aqui a 17 anos e nunca houve um acidente sequer. Nem com répteis, nem.com pedras e nem com enxurrada.
    Já existe uma educação ambiental e os mais de 300 condutores ambientais sabem o dobro do que esses pesquisadores fizeram.
    A pesquisa é importante mas o conteúdo mais assusta e espanta o turista da nossa região do que ajuda com segurança.

    Obrigada por não ajudarem em nada.
    Em tempo o dinheiro gasto com esses pesquisadores, que não deve ter sido pouco, ajudaria mais em colocar as barreiras de proteção que tanto pedimos a anos e as placas de sinalização. Seria melhor investido.

    1. Realmente! De fez ajuda a cidade atrapalha! Por não fez um documentário falando do descaso do estado com a balsa em Definópolis? Pra saber o que empede de colocar uma ponte para benefício da cidade?

    2. Acredito que pra quem vive do turismo isso pode preocupar, porem a falta de informação deixa o turista preocupado. Falo isso por ser turista, e após a queda em Capitolio já me preocupo mais em fazer esse passeio. Quero muito conhecer a Serra da Canastra e as cachoeiras, mas com mais informações me sentirei mais segura. Precisamos se mais pesquisas e se for necessário algumas barreiras e proteção. Não acredito que seja a informação que afasta o turismo, mas sim a falta dela.

  2. Mais uma forma de tacar terror ao invés de instruír
    Isso e apenas um processo gradual de desocupação de toda Serra. Usam todo tipo de pressão. Ainda mais agora .
    Difícil realidade . Órgãos que deveriam prezar pelo desenvolvimento consciente do local. Reprime, oprime e enxota quem faz a história local.

  3. O PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA- PNSC- É UMA MARAVILHA BRASILEIRA ; UM PATRIMONIO MUNDIAL DE GRANDIOSA BELEZA . FREQUENTO ELE HA 15 ANOS 4 VEZES POR ANO . HA milhões de anos esta lá; com chuvas de verão e os riscos arrolados destes relatórios NAO ESTA ACIMA DA MEDIA de qualquer zona rural de parques nacionais . JA conheco varios Parques : Veadeiros ; Diamantina ; Monte Pascoal ; E varios estaduais : Pedregulho ; Bocaina ; Campos Jordao , Monte Verde . UMA pesquisa para dizer dos riscos ambientais o que todo mundo Do MEIO RURAL já sabe . O PNSC sendo uma das maravilhas do MUNDO DEVERIA TER MAIS APORTE FINANCEIRO para melhorar a infraestrutura ( estradas ; centro de atendimento ao turista ; sinalização, etc ..)

  4. EM TEMPO , O Título da reportagem SO apavora ; confunde as pessoas que não conhecem a grande CANASTRA . AOS diretores da Folha regional de SJ da Barra : sugiro mudança do título

  5. Acho que toda prevenção é essencial, mas só falar não resolve é preciso investimento! mas fomos em novembro 2022 e correu tudo bem em todos os passeios, e os times dos passeios sempre estão alerta pra qualquer problema em caso de chuvas.

  6. Sou frequentadora da Canastra, porém sei dos perigos do mesmo, pois a qq hora pode acontecer um acidente fatal como o que aconteceu em Capitólio. Não estamos livres dos perigos. As pessoas devem ser alertadas sim
    .

  7. Orientações, educação ambiental e investimentos em infraestrutura são necessário em todo e qualquer empreendimento voltado para o turismo rural. Sem isso, obviamente as coisas não funcionam como o esperado.

  8. Denegrir a constituição pode né……a ideia é desviar o foco ……..Quem ama a natureza e o país sabe seus riscos!

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