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Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) apontou o impacto causado na agricultura depois da chegada do Lago de Furnas, na década de 1960.
Além de mudar a paisagem do Sul de Minas, a represa também mudou a economia, tornou a cafeicultura predominante e ainda traz benefícios para o cultivo do grão.
A Represa de Furnas é um lago artificial que foi formado para abastecer a Hidrelétrica de mesmo nome, que fica em São José da Barra (MG). Em 1963, terminou o processo de inundação que formou o lago. Esse processo mudou a vida de muitas famílias.
“O meu pai vivia em Barranco Alto, e lá a agricultura era mais em vagem, plantar arroz, feijão, essas coisas, planta branca. Aí veio o lago aí teve de mudar mais para os lugares altos que a água não pegasse, aí teve que mudar para o café. No começo era pequeno produtor, aí teve que ir para o café porque outras plantas brancas, milho, soja, era para produtores maiores. O café é mais trabalhoso, mas dá uma renda melhor”, disse o cafeicultor João Francisco de Lima.
Ir para terras em locais mais altos foi mais do que uma mudança de lugar, e sim uma alteração na economia da região.
“Eles tiveram que passar a cultivar o café. Foi uma transição muito brusca e também o impacto social, a gente tem que pensar também que essas pessoas deixaram de cultivar, deixaram suas propriedades para buscar outras alternativas com outros cafeicultores que já trabalhavam e os incentivaram eles a continuar para eles permanecerem na propriedade. Já teve uma quebra por conta do lago e se essa família não permanecesse, ela tivesse que mudar, iria desestruturando cada vez mais. Mas muitos realmente foram embora, não permaneceram”, explicou a mestre em geografia da Unifal-MG, Tamyris Maria Moreira Costa.
De acordo com a pesquisa, a estrutura do trabalho rural também mudou.
“A questão de gênero, a sucessão geracional também é muito delicada, porque quem trabalha na propriedade rural desde mais jovem, tendem a permanecer e esses jovens têm buscado outras alternativas, então às vezes eles não permanecem na propriedade ou saem para buscar estudo e não retornam. As mulheres também têm poucas alternativas de permanecer, a gente tem um número muito grande de homens, proprietários, trabalhando na zona rural e não as mulheres”, completou a pesquisadora.
Para o extensionista da Emater, Sebastião Homero Vieira, o ambiente que a empresa criou é uma característica marcante da produção cafeeira na microrregião de Alfenas.
“A represa cria um microambiente, um microclima mais úmido e faz com que evite a geada para o café. Se a represa estiver no nível máximo, evita geada na lavoura de cafeicultura. Com a altitude aqui é baixa, esse café adianta mais do que o normal, então a altitude baixa aumenta a temperatura e a umidade em função da represa”, explicou o extensionista.
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“Então esse café amadurece mais cedo. Então o produtor com isso tem que colher o café mais cedo, é uma desvantagem, mas passa a ser uma vantagem para o produtor, ele colhei mais cedo, desocupa a planta mais cedo e ela está pronta para a próxima safra”
Benefícios que ajudam o produtor a driblar problemas como a seca.
“Toda a regação (sic) que a gente precisa fazer, água aqui nunca faltou, aqui nunca secou”, completou o cafeicultor João Petenuci. (G1)