Entra em vigor lei federal que pagará auxílio-aluguel a mulheres vítimas de violência doméstica por até seis meses – Foto: reprodução
Já está em vigor uma lei federal que garante auxílio-aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica por até seis meses. Muitas mulheres continuam vivendo com os agressores porque não têm para onde ir ou como se manter quando decidem se separar. Hoje, segundo o Ministério das Mulheres, apenas 134 municípios possuem abrigos especializados.
Uma das cidades que paga o auxílio é Belo Horizonte. Um programa da prefeitura proporciona uma ajuda no valor de até R$ 500. Para ter acesso ao auxílio é preciso que a mulher esteja cadastrada no Centro Especializado de Atendimento à Mulher, o Benvinda, que recebe cerca de 80 vítimas por mês. Até dezembro, outras 55 mulheres devem ser beneficiadas com o projeto na capital mineira.
Iniciativas como essa devem se espalhar pelo Brasil com a lei federal sancionada este mês. O pagamento será determinado pela Justiça e financiado por estados, municípios e Distrito Federal. O valor vai depender da situação de cada vítima e da cidade onde ela mora.
Para os especialistas, esse tipo de política pública pode ajudar a mudar o cenário de violência atual. Só em 2022, as agressões dentro de casa passaram de 245 mil. Ainda, mais de 1.400 feminicídios foram cometidos no país – maior marca já registrada em um ano – os dados são do fórum brasileiro de segurança pública.
“A gente está falando de política pública que efetivamente pode possibilitar que essa mulher saia de dessa convivência violenta e, em última instância, prevenir que ela seja vítima de feminicídio”, disse Ludmila Ribeiro, pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública.
O Ministério das Mulheres diz que há iniciativas parecidas em outros lugares, como Mato Grosso: o Ser Família Mulher oferece auxílio moradia de R$ 600 a mulheres vítimas de violência doméstica com renda de até um terço do salário mínimo. A pasta diz ainda que há iniciativas semelhantes ao auxílio-aluguel também em São Paulo, Fortaleza e Teresópolis.
A lei estabelece estados e municípios vão financiar esses aluguéis com recursos originalmente destinados à assistência social para pessoas em situação de vulnerabilidade temporária.
O Ministério informou que está em diálogo com a Casa Civil e o Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome para definir os parâmetros para a implementação da nova lei, analisando prazos, valores e disponibilização de recursos.
Governo aumenta expectativa de crescimento econômico de 2,5% para 3,2% em 2023 – Foto: reprodução
O Ministério da Fazenda aumentou a estimativa de crescimento econômico do país em 2023, de 2,5% para 3,2%. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (18).
A pasta justifica a elevação na expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 por causa de:
“surpresa com o avanço do PIB” no segundo trimestre deste ano;
aumento da safra projetada para o ano;
resultados positivos no terceiro trimestre;
expectativa de recuperação da economia chinesa no quarto trimestre.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
As expectativas do governo para o crescimento da economia em 2023 superam a previsão do mercado financeiro. Os analistas esperam um aumento de 2,89% no PIB, segundo dados do Banco Central do Brasil publicados nesta segunda (18).
O mercado também ampliou suas estimativas, depois do crescimento de 0,9% no segundo trimestre, superando as expectativas dos analistas. A previsão anterior para 2023 era de 2,64%.
Para 2024, a Fazenda manteve a projeção do PIB em 2,3%. Segundo a pasta, indústria e setor de serviços devem se beneficiar dos programas de incentivo ao investimento, renegociação de dívidas e de transferência de renda.
De acordo com o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, as estimativas do mercado financeiro e a precificação dos juros e da taxa de câmbio têm confirmado as projeções do Ministério da Fazenda.
“O conjunto de projeções do mercado […] tem tido um resultado bastante benigno na nossa leitura em relação à dinâmica da economia brasileira e tem tido também um comportamento que tem confirmado de alguma forma as projeções que nós fazemos aqui na SPE [Secretaria de Política Econômica]”, afirmou.
Inflação
O Ministério da Fazenda estima ainda a manutenção da inflação em 4,85% em 2023.
Segundo o ministério, a alta nos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras – que têm impactos sobre a inflação – está sendo compensada pela redução nos preços da alimentação e outros serviços relacionados. Por isso, a expectativa de IPCA em 2023 foi mantida.
A meta de inflação para este ano é de 3,25%, podendo variar de 1,75% a 4,75%. Se o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar nesse intervalo, a meta será considerada cumprida.
Já para 2024, a previsão para o IPCA aumentou de 3,3% para 3,4% em razão da mudança no cenário de câmbio e preços das commodites.
O governo considerou o aumento nos preços do petróleo, o impacto do fenômeno climático El Niño sobre a produção de alimentos e alta na taxa de câmbio.
Zema assina acordo com fabricante de chocolates Kinder para construção de parque educacional em MG – Foto: Aluísio Eduardo / Imprensa MG
O governador Romeu Zema (Novo) e a empresa italiana de chocolates Ferrero assinaram nesta terça-feira (12) um protocolo de intenções para a construção de um parque de atividades esportivas e educacionais, em Poços de Caldas (MG), cidade sul-mineira que abriga uma fábrica da empresa no Brasil.
O termo foi assinado em reunião com executivos na sede da empresa, em Alba, na Itália. O espaço lúdico será inspirado em um parque já instalado na cidade italiana, o Kinder Joy of Moving Park, também criado com os objetivos de desenvolvimento educacional.
A instalação do parque no Sul de Minas acontecerá por meio da iniciativa público-privada. O documento também afirma o desenvolvimento das atividades do programa educacional com o qual o estado já mantém parceria.
Além de sediar o futuro novo parque, Poços de Caldas foi o primeiro município do país a receber o projeto Kinder Joy of Moving em 2018. Desde então, o programa já formou mais de 1,7 mil profissionais da educação das redes municipal e estadual.
Zema assina acordo com fabricante de chocolates Kinder para construção de parque educacional em MG – Foto: Aluísio Eduardo / Imprensa MG
O programa inspira crianças e jovens a se movimentarem por meio de jogos e brincadeiras, além de desenvolver habilidades-chave. Os conteúdos e as atividades do programa estão alinhados à Base Nacional Curricular Comum (BNCC).
Além das atividades presenciais, os educadores contam com uma biblioteca de jogos em vídeo ofertada exclusivamente aos professores inscritos no programa por meio de uma plataforma global.
Lula anuncia R$ 1 bilhão do BNDES para o Rio Grande do Sul – Foto: Silvio Ávila
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na noite da última terça-feira (12), que o governo federal vai conceder R$ 1 bilhão em empréstimos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para ajudar a recuperar a economia do Rio Grande do Sul, que sofre com os efeitos devastadores de um ciclone extratropical que atingiu diversas regiões do estado na última semana. Além disso, Lula informou que mais 354 mil trabalhadores com carteira assinada poderão acessar os recursos depositados nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“Tomamos a decisão de fazer uma concessão de empréstimo do BNDES de R$ 1 bilhão para ajudar a recuperar a economia de todas as cidades e, ao mesmo tempo, a liberação de R$ 600 milhões do Fundo de Garantia [do Tempo de Serviço] para atender 354 mil trabalhadores que têm Fundo de Garantia”, disse o presidente em vídeo postado nas redes sociais após reunião, no Palácio da Alvorada, com ministros que fazem parte de um grupo de trabalho montado para lidar com a situação no estado do Sul do país.
“O que eu posso garantir ao povo do Rio Grande do Sul, ao povo da região que foi prejudicada pela chuva, é que o governo federal não faltará no atendimento das necessidades do povo da região, seja pequeno e médio empresário, morador, pessoas que perderam as casas. Vamos cuidar do povo com muito carinho porque o povo não pode sofrer do jeito que está sofrendo”, completou Lula.
No último domingo (10), o vice-presidente Geraldo Alckmin esteve pessoalmente na região, quando ocupava interinamente a Presidência da República em função da viagem de Lula à Índia. Na ocasião, Alckmin anunciou a disponibilização de R$ 741 milhões em ajuda ao governo gaúcho. Alckmin visitou o município gaúcho de Lajeado, na região do Vale do Taquari, um dos mais atingidos, onde se reuniu com prefeitos locais, ministros e o governador Eduardo Leite.
As chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram na segunda-feira da semana passada (4), já deixaram quase 50 mortos e cerca de 8 mil pessoas desabrigadas.
O governo de Minas Gerais assinou nesta segunda-feira (11) o contrato do Lote 3 – Varginha/Furnas do Programa de Concessões Rodoviárias em Belo Horizonte. O leilão aconteceu em maio e o vencedor foi o “Consórcio Infraestrutura MG”.
De acordo com o Governo de Minas, a empresa irá explorar 432,8 km de estrada entre São Sebastião do Paraíso e Três Corações, contemplando 22 municípios do Sul de Minas. A empresa venceu o leilão com uma proposta de valor de pedágio de R$ 13,17966. Ela vai explorar os trechos de seis rodovias do Sul de Minas pelos próximos 30 anos.
Lote Varginha-Furnas — Foto: Governo de Minas
Durante a assinatura do contrato de concessão, o governo também anunciou que as rodovias que fazem parte dos lotes 1 e 2, que já estão sob administração, terão a cobertura do sinal 4G em uma parceria com a TIM.
Projeto de concessão do lote 3
O projeto de concessão inclui a duplicação de trecho de aproximadamente oito quilômetros da MGC-491, entre Varginha e Três Corações, a implantação de cerca de 30 quilômetros de faixas adicionais e de 236 quilômetros de acostamentos, além da execução de diversos dispositivos nas interseções rodoviárias.
Confira abaixo os trechos de rodovias que fazem parte do edital de concessão:
MG-167 – Entre Santana da Vargem e Varginha
BR-265 – Entre Lavras e Boa Esperança
LMG-863 – Em Boa Esperança
CMG-491 – Entre São Sebastião do Paraíso e Guaxupé e entre Muzambinho e Três Corações
BR-146 – Entre Guaxupé e Muzambinho
CMG-369 – Entre Boa Esperança e Alfenas
A expectativa é que a concessão possa movimentar R$ 2,6 bilhões de reais em receitas durante o prazo de concessão. A empresa vencedora da licitação terá que fazer investimentos obrigatórios de R$ 269 milhões durante o prazo de concessão.
Equipe do BNDES, que participou da estruturação do processo de concessão, durante leilão do Lote 3 Varginha/Furnas — Foto: Reprodução / B3
O edital também prevê a instalação de seis praças de pedágio nas seguintes rodovias:
BR-265 – Nepomuceno
BR-265 – Boa Esperança
BR-146 – Muzambinho
CMG-491 – Monte Santo de Minas
CMG-491 – Alfenas
CMG-491 – Três Corações
Segundo lote leiloado
O Consórcio Infraestrutura MG também já havia vencido em agosto do ano passado o leilão do primeiro lote de rodovias do Sul de Minas, que inclui trechos de sete rodovias. A empresa assumiu a concessão no dia 3 de março deste ano e desde então iniciou as obras de recuperação dessas rodovias.
O lote inclui as rodovias BR-459, LMG-877, CMG-146, MG-455, MG-295, MG-290 e MG-173.
Também foi o Consórcio Infraestrutura MG quem arrematou o leilão de concessão de mais de 600 km de rodovias no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em agosto de 2022.
Brasil Sem Fome: Lula lança programa que pretende tirar país do mapa da fome – Foto: Pedro Jordão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou o programa Brasil sem Fome ao assinar um decreto na última quinta-feira (31), em Teresina, no Piauí. O novo plano do governo prevê a retirada do país do mapa da fome novamente, com meta até 2030.
Além disso, também são metas do programa reduzir as taxas totais de pobreza do Brasil e reduzir a insegurança alimentar e nutricional.
“O problema não é falta de comida, não é falta de plantar. O problema é que o povo não tem dinheiro para ter acesso à comida. A gente só vai acabar com a fome de verdade ao garantir que todo trabalhador tenha emprego e salário, para comprar o que quiser”, declarou Lula.
Ele ainda comentou que o programa, assim como o Bolsa Família, não é uma solução definitiva, mas uma medida “quase de urgência” para atender pessoas mais necessitadas até “arrumar definitivamente a casa”.
O presidente ainda criticou a desigualdade social do Brasil, pontuando que o retorno do país ao mapa da fome é provocado por ela.
“A riqueza produzida neste país não é repartida em igualdade de condições. Alguns podem comer dez vezes por dia, e outros ficam dez dias sem comer. É isso que está errado e precisamos corrigir”, disse.
A fome não deveria acontecer no Brasil porque ele é “um país rico, que tem muita terra, é o terceiro maior produtor de grãos do mundo, o primeiro produtor de proteína animal do mundo. Qual a explicação para ter 33 milhões de pessoas passando fome?”, questionou Lula
Já o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, destacou que o Brasil Sem Fome se soma a outros programas de governo, como o Minha Casa Minha Vida.
“Nós, juntos, vamos, de novo, tirar o Brasil do mapa da fome. Nós vamos, ano a ano, reduzir a pobreza e vamos fazer isso trazendo dignidade. É casa para quem não tem casa, pelo Minha Casa Minha Vida; energia onde não chegou, água onde não chegou; comunicação”.
O Brasil Sem Fome garante, por exemplo, R$ 25 milhões para compra de alimentos de agricultura familiar para abastecer mais de 1.000 cozinhas solidárias em 25 estados do país e no Distrito Federal.
Além de Wellington Dias, estiveram com Lula no evento em Teresina o ministro de Portos e Aeroportos, Marcio França; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves; a primeira-dama, Janja.
Entre outros políticos como o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Lula anuncia Ministério da Pequena e Média Empresa, 38ª pasta do seu governo – Foto: Evaristo Sá/AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça-feira (29) o desejo de criar o Ministério da Pequena e Média Empresa, Cooperativas e Empreendedores Individuais. Caso se confirme, será a 38ª pasta do governo federal, na terceira gestão do petista.
“Eu estou propondo a criação do ministério da Pequena e Média Empresa, das cooperativas e dos empreendedores individuais, para que tenha um ministério específico para essa gente que precisa de crédito e oportunidades”, afirmou Lula durante o programa Conversa com o Presidente, programa semanal transmitido pela EBC.
“Quem nasceu dentro de uma fábrica, como eu, acha que emprego é só dentro de uma fábrica, mas tem gente que prefere trabalhar em casa, na rua. Nós precisamos entender que essa gente tem importância, e precisamos dar condições dessas pessoas terem acesso à crédito para dar o pontapé inicial”, defendeu Lula.
Ele ressaltou que, quando essa pessoa estiver ganhando dinheiro, vai pagar o crédito. “Por isso, quero valorizar muito os microempreendedores individuais, as cooperativas, as pequenas e médias empresas, porque elas geram 60 ou 70% dos empregos deste país”, concluiu o presidente.
O que Lula não disse é que o novo ministério também poderá ajudá-lo a acomodar sua base política, sendo destinado a um parlamentar do Centrão, que já manifestou o desejo por mais cargos no primeiro escalão do governo federal. Está prevista uma reforma ministerial para os próximos dias.
Governo federal ainda estuda se horário de verão será retomado neste ano – Foto: reprodução
O governo federal ainda avalia a possibilidade de retorno do horário de verão, encerrado em 2019. O MME (Ministério de Minas e Energia) afirmou que tem conduzido análises sobre a pertinência ou não da adoção da medida a partir deste ano.
“Com o relevante crescimento da micro e minigeração distribuída, percebeu-se um retorno do período de ponta para a noite, que tenderia a se reduzir com a adoção da política”, afirmou o ministério em nota.
Mas outros efeitos precisam ser considerados, segundo a pasta, como o aumento de consumo em determinados horários do dia e as condições energéticas do Sistema Interligado Nacional.
Após a eleição do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a fazer uma enquete pelas redes sociais sobre a volta do horário de verão, e a maioria das pessoas que participaram era a favor.
Mudança de hábito
A mudança de horário ocorria entre os meses de outubro e fevereiro, quando os relógios eram adiantados em uma hora pelo horário de Brasília, para aproveitar o maior período de luz natural durante a época mais quente do ano e reduzir o consumo de energia elétrica no horário de pico.
No entanto, como nos últimos anos houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período da tarde, o horário de verão deixou de produzir os resultados para os quais essa política pública havia sido formulada e foi suspenso.
“Não foi identificada economia significativa de energia, pois a redução observada no horário de maior consumo, ou seja, das 18h às 21h, é compensada pelo aumento da demanda em outros períodos do dia, especialmente no início da manhã”, afirmou o MME na época.
Segundo o ministério, a redução da economia do horário de verão começou a ser percebida e questionada em 2017, quando foi registrada uma queda de consumo da ordem de 2.185 megawatts, o equivalente a cerca de R$ 145 milhões. Em 2013, a economia havia sido de R$ 405 milhões, caindo para R$ 159,5 milhões em 2016, uma diminuição de 60%.
Governo Lula prevê salário mínimo de R$ 1.421 em 2024 – Foto: Adriano Machado
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê que o valor do salário mínimo deva alcançar R$ 1.421 no ano que vem, segundo interlocutores do governo.
A cifra segue a fórmula de correção da política de valorização proposta pelo Executivo, que inclui reajuste pela inflação do ano anterior mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes (neste caso, a alta de 2,9% observada em 2022).
O dado baliza as contas da proposta de Orçamento 2024, que será enviada pelo governo até 31 de agosto.
Hoje, o piso nacional é de R$ 1.320, após Lula conceder um reajuste adicional a partir de 1º de maio. O petista prometeu, ainda na campanha eleitoral, retomar a política de valorização do mínimo que vigorou em gestões anteriores da sigla no Palácio do Planalto.
A MP (Medida Provisória) com o reajuste foi aprovada nesta terça-feira (8) na comissão mista que avaliou o texto. O relatório, que ainda precisa ser aprovado nos plenários da Câmara e do Senado, incluiu a política de valorização do salário mínimo após acordo com o governo.
O texto também agregou o aumento na isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 2640. Para compensar as perdas com a mudança, o texto propôs a taxação de rendimentos recebidos no exterior por aplicações financeiras, entre outros.
O valor final do salário mínimo pode sofrer variações até 1º de janeiro de 2024, quando entrará em vigor, principalmente se houver aceleração ou perda de ritmo da inflação. Hoje, a estimativa do governo é que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) tenha alta de 4,48% em 2023.
Ao enviar o PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024, em abril, o governo considerava um piso de R$ 1.389 —calculado a partir de uma inflação de 5,2%, mas sem incorporar a política de valorização, cujo projeto foi encaminhado no início de maio.
Ao enviar a proposta, o Executivo estimou um custo adicional de R$ 18,1 bilhões no ano que vem para bancar o reajuste extra. Mais da metade das despesas federais é influenciada pela dinâmica do piso nacional.
Segundo informações do PLDO, cada R$ 1 a mais de reajuste no salário mínimo leva a uma ampliação de R$ 3,9 bilhões nas despesas com benefícios equivalentes ao piso, sem considerar aqueles com valor acima de um salário mínimo.
O projeto de lei enviado pelo governo ainda precisa ser votado pelo Congresso, mas o governo já pode considerá-la na formulação da proposta orçamentária. Além disso, na ausência de uma política específica para esse tema, o chefe do Executivo tem autonomia para propor um reajuste maior do que a inflação, desde que haja recursos disponíveis.
A política de valorização do salário mínimo pode dificultar o cumprimento das metas do arcabouço fiscal desenhado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) nos próximos anos.
É possível que o salário mínimo avance num ritmo mais célere do que a regra geral das despesas, o que tem sido apontado por economistas como uma incongruência entre políticas.
A medida deve custar R$ 82,4 bilhões entre 2024 e 2026, segundo estimativa do governo. O impacto será crescente: R$ 25,2 bilhões em 2025 e R$ 39,1 bilhões em 2026.
A proposta de Lula resgata a fórmula já usada em gestões petistas: reajuste pela inflação mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.
Já a regra fiscal diz que o limite de despesas cresce o equivalente a 70% da alta real das receitas (que está diretamente ligada ao ritmo da atividade econômica), respeitando um teto de alta real de 2,5% ao ano.
No ano que vem, já se sabe que o ganho real do salário mínimo vai superar o limite de crescimento das despesas, uma vez que o percentual é maior do que o teto de 2,5%.
No futuro, em um cenário de aceleração do PIB, como é almejado por Lula, o descompasso entre a correção do piso nacional e a regra fiscal pode ficar ainda mais evidente, dado que o crescimento dos salários e benefícios continuaria ultrapassando a correção do limite.
Quando uma despesa cresce de forma mais acelerada do que a ampliação do teto em si, outros gastos precisam compensar esse movimento —ou seja, eles ficam com um espaço proporcionalmente menor no Orçamento.
O dilema é semelhante ao que foi visto sob o teto de gastos, regra fiscal aprovada no governo Michel Temer (MDB) e duramente criticada pelos petistas. O teto também limitava o crescimento das despesas, mas era mais rígido ao impedir qualquer tipo de correção acima da inflação. Com isso e também com as pressões políticas por alta de gastos, a regra se mostrou insustentável em poucos anos.
A diferença agora é que o arcabouço proposto por Haddad garante uma margem de manobra maior no Orçamento ao se apropriar do espaço adicional criado pela PEC (proposta de emenda à Constituição) aprovada na transição de governo e também permitir algum avanço acima da inflação.
Minas gasta quase R$ 1 bilhão por ano com presos que ainda não foram condenados – Foto: divulgação
Antes de ser absolvido pela Justiça, em abril de 2014, o servente de pedreiro Thiago Paulino Simões, de 36 anos, passou 887 dias preso provisoriamente, num regime que, na visão de especialistas contribui para a superlotação crônica do sistema prisional em Minas. O cenário faz com que o Estado gaste uma fortuna com detentos que ainda não tiveram a chance de passar por um julgamento, seja pela demora nas investigações, seja devido à morosidade da Justiça.
Para se ter uma ideia do impacto financeiro das prisões provisórias — que incluem temporárias e preventivas —, Minas gastou, no fim de 2022, cerca de R$ 77,4 milhões por mês para manter mais de 24 mil presos provisórios nas celas. É o equivalente a quase R$ 1 bilhão por ano – já que, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), cada detento do sistema fechado custa aproximadamente R$ 3.200 por mês para o Estado. Dados do Sistema Nacional de Informações Penais, indicam que, no ano passado, Minas tinha um déficit de 21 mil vagas no sistema prisional.
Pelo Código do Processo Penal, prisões preventivas (sem limite de tempo pré-definido) só devem ser decretadas quando a soltura do suspeito é uma ameaça para a sociedade e para o andamento das investigações, ou quando “houver indícios suficientes da autoria”. Fora isto, a única forma que o sistema de Justiça têm para manter um suspeito atrás das grades são os pedidos de prisões temporárias, que têm duração de cinco dias prorrogados por outros cinco para casos de crimes comuns. O prazo é de 30 dias, expansíveis para outros 30, para crimes hediondos (homicídio, estupro, lesão corporal grave, roubo e sequestro).
Na prática, porém, a modalidade de prisão tem sido usada indiscriminadamente, analisa Amanda Melo, presidente da Comissão do Tribunal do Júri da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas (OAB-MG). “A interpretação da lei é extremamente subjetiva. A gente percebe que o suspeito é réu primário, tem bons antecedentes, trabalha, apresenta comprovante de endereço, ou seja, cumpre todos os requisitos legais para responder o processo em liberdade, mas vem uma prisão preventiva com base na conveniência da instrução criminal. Isso gera superlotação no sistema carcerário”, critica a advogada.
O coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Claudio Beato, explica que não é possível mensurar quantos destes 24 mil presos temporários do Estado poderiam deixar o sistema carcerário. Isso ocorre, na opinião do especialista, devido à falta de transparência nos dados carcerários de todo o país.
“Temos um número global de pessoas presas, mas a gente não sabe detalhar quem e por qual motivo está preso. O correto seria saber esse detalhamento para mensurarmos quem poderia estar solto, entre os presos provisórios e aqueles condenados a menos de quatro anos, a quem poderia ser aplicada a pena restritiva de direitos”, argumenta o especialista.
Procurada pela reportagem, a Sejusp informou que o valor de R$ 3.200 serve para a manutenção do detento no sistema, o que inclui gastos com alimentação, estudo, trabalho, itens de higiene, água, luz e pagamento de servidores. Ainda conforme a pasta, o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) trabalha para “promover a reinserção social dos custodiados através do incentivo ao estudo e ao trabalho”.
“No que diz respeito ao trabalho, por meio de mais de 500 parcerias com empresas privadas e entes públicos, cerca de 16,8 mil presos participam de frentes de trabalho, assalariado ou não, e com direito à remição de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho menos um na sentença. Já no campo do estudo, além de escolas estaduais que têm um segundo endereço dentro das unidades prisionais, são fornecidos diversos cursos profissionalizantes aos presos, que vão da área têxtil à construção civil. Ao todo, cerca de 20 mil presos são beneficiados atualmente”, completou a Sejusp.
Problema motivou mutirão do CNJ
Visando reduzir a superlotação dos presídios do país, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, nesta semana, um mutirão carcerário. A presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, vem à Belo Horizonte nesta quinta-feira (27 de julho) para lançar o chamado “Mutirão Processual Penal”, que pretende revisar 100 mil processos entre julho e agosto deste ano em todo o país.
“Esse (mutirão do CNJ) é apenas um primeiro passo. A verdade é que essa revisão das penas deveria ser uma iniciativa do governo Federal, pois, essa ausência de informações leva os estados a gastarem muito dinheiro com absoluta falta de compreensão do que está acontecendo no interior das prisões. Isso tudo compõe um quadro em que você deveria ter uma análise melhor do problema, uma vez que não dá para sair gastando tempo e dinheiro construindo mais prisões”, argumenta Cláudio Beato.
Nesta primeira etapa, o novo mutirão do CNJ levantou previamente os processos de interesse que serão revisados. Entre eles, estão, por exemplo, as prisões provisórias com duração maior do que um ano e o cumprimento de pena em regime prisional maior do que o fixado pela condenação. Desde 2008, quando os mutirões do órgão foram criados, mais de 400 mil processos foram revisados e pelo menos 45 mil pessoas acabaram colocadas em liberdade por já terem cumprido suas penas.
Encarceramento massivo alimenta violência no país
O custo da morosidade judicial – que, por vezes, mantém inocentes encarcerados – não se limita ao rombo nos cofres públicos. Segundo especialistas, há fatores subjetivos, não menos importantes, que tornam incalculável o custo do tempo perdido atrás das grades. Entre os prejuízos causados, está o aumento da violência que prejudica toda a sociedade, que é alimentada pelo encarceramento em massa, como explica a diretora do Innocence Project Brasil, Dora Cavalcanti.
“Existe um custo altíssimo de manter o número de presos que mantém o Brasil como o terceiro país com a maior população carcerária do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos e China), mas é preciso pensar que isso ultrapassa o civilizatório. O encarceramento massivo da população jovem periférica retroalimenta a violência na sociedade brasileira, criando espaço para a formação de facções. O Estado deixa de dar a segunda chance para as pessoas porque a prisão fica como a solução, mas a verdade é que precisamos investir em medidas alternativas. A prisão deveria ser em caso de violência extrema ou casos de risco à integridade física de alguém para não termos presídios tão lotados”, afirma Dora.
No caso da prisão de inocentes, um dos preços a se pagar é o fato de o verdadeiro criminoso continuar à solta cometendo outros crimes, por exemplo. “O custo financeiro é irrelevante se levarmos em conta o custo moral e emocional envolvendo as vítimas e os acusados indevidamente”, aponta o juiz Ernane Neves, da Vara de Execução Penal da Comarca de São João del-Rey, no Campo das Vertentes. Para a advogada Amanda Melo, “não há valor que cubra o tempo que a pessoa ficou presa indevidamente”.
Indenização de inocentes
Se, após o período de encarceramento, a Justiça entender que o réu é inocente, o Estado ainda pode ser condenado a indenizar a vítima. De 2020 a 2022, por exemplo, foram 705 pedidos de indenização por dano moral por prisão no Tribunal de Justiça de Minas.
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